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Medicina do Esporte

Uso aleatório de anti-inflamatório aumenta risco de lesão

18 out 2012 - 07h47
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Hábito comum entre alguns corredores, o uso indiscriminado de anti-inflamatório oral para evitar ou aliviar as dores durante ou depois das provas pode ser muito prejudicial. Especialista em medicina do esporte pela Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (SBME) e em ortopedia e traumatologia pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), o médico José Marques Neto explica que fazer uso desse tipo de medicação para não sentir dor é contrassenso. "A dor muscular que o atleta sente durante ou após a corrida não pode ser tratada como a dor de uma lesão, para a qual é indicado o uso do anti-inflamatório oral", adverte, dizendo que, ainda que o atleta esteja realmente lesionado, a prática não é aconselhável. "O uso só seria justificado no caso de um atleta profissional, que vive do esporte e necessite correr mesmo lesionado. Para um amador, não faz sentido. O ideal mesmo seria tratar a lesão antes de correr", salienta.

Os anti-inflamatórios orais inibem a produção pelo organismo de substâncias que atuam no processo regenerativo muscular (processo inflamatório natural), responsável por reparar as fibras para que o músculo esteja preparado para um novo exercício
Os anti-inflamatórios orais inibem a produção pelo organismo de substâncias que atuam no processo regenerativo muscular (processo inflamatório natural), responsável por reparar as fibras para que o músculo esteja preparado para um novo exercício
Foto: shutterstock / Terra

O médico esclarece que o efeito analgésico buscado pelos atletas que cultivam esse hábito é quase imperceptível. Isso porque a absorção da substância anti-inflamatória pelo organismo durante exercícios físicos é muito pequena. Segundo ele, não existem evidências científicas que comprovem uma absorção adequada nessas circunstâncias.

Com isso, o atleta não só não teria benefício algum como também poderia ter complicações relacionadas aos efeitos colaterais, que vão desde problemas renais (insuficiência) e gastrointestinais (gastrite, diarreia, náuseas, vômitos) até cardiovasculares, no caso do uso prolongado de determinados tipos de anti-inflamatório. "Por conta desses efeitos indesejáveis, o medicamento deve ser utilizado sob prescrição, em situações específicas e por um período limitado. Dessa forma, ele é eficiente contra a dor associada à inflamação causada por alguma lesão do tecido, porém não para controlar dores musculares durante ou após a prova", adverte.

Neto acrescenta ainda que, a longo prazo, o uso indiscriminado de anti-inflamatório oral pode deixar o corredor mais vulnerável a lesões por repetição. "Isso porque esses medicamentos inibem a produção pelo organismo de substâncias que atuam no processo regenerativo muscular (processo inflamatório natural), responsável por reparar as fibras para que o músculo esteja preparado para um novo exercício. Com isso, há uma maior demora na recuperação, o que pode gerar um maior risco de lesão por repetição", conclui.

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Fonte: Terra
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