Santiago - Peter Dragicevic, presidente do Colo Colo (Chile), renunciou nesta quarta-feira já que na prática não tinha mais nenhum papel no clube, que teve a falência decretada há duas semanas e atualmente está a cargo do administrador da massa falida.
"Renuncio para favorecer o clima necessário para que o clube se recupere e possa continuar funcionando com sua estrutura tradicional", disse Dragicevic em uma declaração que leu pessoalmente aos jornalistas.
Ele afirmou que continuará como sócio do clube e no comitê de ex-presidentes, e além disso manterá o cargo na "Imobiliária Colo Colo", entidade à qual legalmente pertence o Estádio Monumental do time.
Para o agora ex-dirigente, sob cuja administração o Colo Colo caiu na mais profunda crise de sua história, não há mérito para que a justiça tenha declarado a falência do clube.
Segundo Dragicevic, o clube é uma corporação sem fins lucrativos, por isso não pode ser declarado em quebra como se fosse uma empresa.
A falência do Colo Colo foi decretada no dia 23 de janeiro por uma juíza por causa de dívidas não pagas de 59 milhões de pesos (cerca de US$ 90 mil) à empresa Aliança Chilena de Leasing, com a qual tem uma dívida total de pouco mais de US$ 400 mil dólares.
Nas últimas semanas, vários outros credores se uniram nesta ação, incluindo ex-jogadores e técnicos.
Para administrar a falência, a justiça designou Juan Carlos Saffie, cujo trabalho, segundo a lei, se limita a vender os ativos e pagar os credores, de acordo com uma ordem de preferência que a lei estabelece.
Saffie se propôs a diminuir as despesas da entidade de 300 para 90 milhões de pesos ao mês (US$ 440 mil a US$ 130 mil), o que inclui uma diminuição dos salários dos jogadores em 70 por cento.
Ele também demitiu mais de 240 funcionários do clube, dos quais posteriormente substituiu cerca de 40.
O atacante Héctor Tapia, artilheiro do Colo Colo e do futebol chileno na temporada 2001, rejeitou o corte de salários e anunciou sua saída do time nesta quarta, depois de acusar o administrador de não ter respeitado sua trajetória.
Saffie propôs a Tapia um salário mensal de 1.250 mil pesos (US$ 1.850).
O jogador, que teve uma passagem insignificante pelo Perugia italiano, anunciou que acolherá uma disposição da Fifa que lhe permite recuperar seu passe por descumprimento de contrato por parte do clube, já que faz quatro meses que não pagam seu salário.
Outros jogadores também anteciparam uma rejeição ao corte de salários e poderiam acompanhar Tapia, mas um deles, o argentino Marcelo Espina, desmentiu rumores que o davam por desvinculado.
"Continuo sendo jogador do Colo Colo", disse Espina ao fim do treino.
Enquanto Peter Dragicevic confirmava sua renúncia, o sindicato de funcionários do clube o acusou de "apropriação indevida" de 50 milhões de pesos (US$ 74 mil) pertencentes aos trabalhadores.
"Todo mês os dirigentes descontavam dos trabalhadores as quotas correspondentes a empréstimos solicitados à Caixa de Compensação e agora soubemos que o dinheiro nunca chegou a seu destino", disse em uma entrevista coletiva o advogado José Luis Jofré, assessor legal do sindicato.
Os trabalhadores também denunciaram uma dívida de 180 milhões de pesos (US$ 265 mil) a funcionários despedidos desde 1999 e salários não pagos desde dezembro do ano passado, por isso anunciaram uma ação contra o clube.