Paris - Dos complementos alimentícios que são vendidos sob o nome de creatina, 70% contêm vestígios de hormônios ou esteróides, o que poderia explicar alguns casos recentes de doping, segundo um especialista francês citado nesta quarta-feira pelo jornal "Le Parisen".
A presença desses componentes, legal em alguns países como os EUA, não é permitida em outros, e pode originar as dopagens por nandrolona de alguns desportistas, como o espanhol José Guardiola ou o francês Christophe Cheval, segundo o jornal.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) encarregou um laboratório alemão de Colônia de analisar os complementos alimentícios da maioria dos desportistas e que, alguns deles, disseram ser causadores do resultado positivo.
Em estudo, o COI garantiu que entre 10% e 15% dos produtos analisados continham substâncias proibidas. Antes do final do ano, quando forem feitos testes na metade dos complementos alimentícios será realizado outro balanço.
A presença de substâncias proibidas pode ser, segundo "Le Parisien", acidental -um erro ou contaminação fortuita durante a fabricação- ou intencional, já que a inclusão de nandrolona nos produtos aumentaria o rendimento dos desportistas e, portanto, a fama dos laboratórios.
Os desportistas nem sempre são inocentes. Segundo o diretor de uma empresa de venda de produtos por correspondência, os atletas "buscam a creatina fabricada em certos países, porque é a que contém nandrolona".
Especialistas franceses em nutrição esportiva, citados por "Le Parisien", afirmam que o aporte de complementos alimentícios oferecido por esses complementos não pode ser conseguido com uma nutrição equilibrada, por isso os desportistas recorrem a esses produtos, comprados pela internet.
A Agência Francesa de Segurança Sanitária dos Alimentos (AFSSA) advertiu, no começo do ano, o "risco cancerígeno potencial" do consumo de creatina, uma substância proibida na França.