Rio - A CPI da Câmara, que investiga supostas irregularidades no futebol brasileiro, já tem quase todos os seus sub-relatórios prontos e já foram entregues por seus relatores ao presidente da Comissão, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP). As informações foram divulgadas pela Agência Câmara. Com estes sub-relatórios é que os parlamentares vão montar o relatório final da CPI.

Dentre as irregularidades encontradas nestes sub-relatórios estão as cometidas em federações. Os deputados que investigaram as federações constataram o uso do dinheiro do futebol para campanhas políticas e vão propor mais transparência na contabilidade, além do fim dessa prática. Segundo o sub-relator para o assunto, deputado Doutro Rosinha (PT-PR), os parlamentares ficaram escandalizados com a desorganização contábil e administrativa das federações. “O que eu constato é um descaso total com a organização administrativa e financeira. Não se prestam informações coerentes ao Fisco. Existe total relaxamento ou relapso da maioria dos presidentes das federações”, afirmou Doutor Rosinha.

Já o deputado Jurandil Juarez (PMDB-AP) acredita que é necessário uma legislação que estabeleça responsabilidade fiscal semelhantes à exigida para prefeitos. O relator da Comissão, deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), lembrou que hoje não há qualquer controle externo sobre as entidades de futebol. “Os conselhos fiscais são escolhidos pelos próprios diretores. Na nossa opinião, o controle externo tem de existir, até que isso acabe de uma vez por todas”, afirmou Silvio.

Um dos que mais sugeriram mudanças, o deputado José Rocha (PFL-BA) quer ver dirigentes respondendo de forma civil e criminal se deixarem dívidas ou cometerem irregularidades em seus clubes ou federações. Ele também quer que o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) passe a funcionar em Brasília e com menos auditores. Rocha também quer ver a CBF e o COB na capital federal. “A Justiça desportiva é composta hoje por nove membros, e os estamos reduzindo para sete. Além disso, eles precisarão ser formados em Direito. Também sugerimos a mudança da sede do Tribunal para Brasília”, afirmou Rocha.

Tráfico de menores é outro alvo

Outro ponto a ser atacado pelos deputados é o tráfico de menores de idade para atuar em clubes do futebol europeu. Os parlamentares vão propor maior controle na transferência de atletas para jogarem em outros países. Durante os sete meses de investigação, A CPI descobriu vários casos de tráfico de atletas menores de idade para o exterior - meninos que foram abandonados em outros países por falsos empresários.

Sub-relator do tema, o deputado Eduardo Campos (PSB-PE) vai propor que os atletas carentes recebam uma bolsa para jogar futebol. Ele também vai solicitar o fim das procurações que pais dão a empresários para cuidar do futuro de jogadores menores de idade. O deputado defende um maior controle dos atletas que estão fora do país. “O relatório traz recomendações à Fifa para que ela exija, do jogador estrangeiro, registro no país de origem, de maneira a garantir o controle no Brasil de quem está atuando fora”, afirmou Campos.

L!Sportpress