Rio - O abandono da diretoria do Botafogo está tirando a alegria de Dé. Depois do treino de quinta-feira, no Estádio Caio Martins, o treinador se disse cansado de conviver na situação em que o clube se encontra. Ele reclama principalmente da falta de apoio da diretoria e acredita que a enorme responsabilidade de motivar um grupo desestimulado e limitado qualitativa e quantitativamente está recaindo apenas sobre seus ombros.

"Eu estou cansado! Prefiro não acreditar no que estou vendo. Não estou recebendo apoio de ninguém, além de Deus. Tento fazer o meu trabalho com alegria, mas está difícil. Cadê os diretores para dar suporte aos jogadores?", reclamou o técnico, com a sua peculiar sinceridade.

Como um militante político, Dé sugeriu que os alvinegros abandonem a inércia e se mobilizem para tirar o Alvinegro do marasmo. "Temos de arranjar um jeito de trazer de volta a torcida para o nosso lado. Não entendo por que os torcedores não podem assistir aos nossos treinamentos. Os portões do Caio Martins têm de ser abertos aos alvinegros", afirmou Dé.

O treinador também reclamou de uma certa disposição, principalmente da imprensa, segundo ele, de estigmatizá-lo como um treinador fadado a ser goleado. Além disso, afirmou que as goleadas não foram coincidência, uma vez que aconteceram em momentos semelhantes. "Parreira, Joel, Antônio Lopes, Telê... Todos já foram goleados, mas só falam de mim. Não tenho medo disso. Tomara que eu seja goleado mais vezes, pois nesses momentos aprendemos muito", disse Dé.

Porém, o treinador alvinegro não crê que isso possa atrapalhar sua carreira. Confiante, o técnico já pensa no seu futuro profissional. "Treinador não pode traçar planos para longo prazo. A minha meta é fazer um bom trabalho pelos profissionais do Botafogo. Mas não sei até quando vão me manter no cargo. Mas uma coisa tenho decidida: não volto mais para os juniores".

Dé lembrou também que não consegue nem sequer comandar um coletivo, por falta de jogadores, tendo em vista a recente dispensa de oito profissionais do grupo. "Quem acompanha os treinos do Botafogo sabe que não consigo comandar um coletivo por falta de jogadores. Não discuto as decisões da diretoria, mas estou tendo de recorrer aos juniores. Isso não é bom. A gente acaba antecipando a subida desses garotos para o elenco principal", ressaltou Dé, que não sabe que time escalará contra o Americano, em jogo confirmado pela Federação para sábado, às 18h, no Maracanã.

L! Sportpress