Rio - Por reivindicar melhores salários e a consideração que deve ser dispensada a um craque revelado nas divisões de base, campeão brasileiro de 97, da Libertadores e Estadual de 98 e do Rio-São Paulo de 99, o lateral-esquerdo Felipe recebeu o castigo como se fosse um vírus: como doença infecciosa, não pode ter contato com nenhum companheiro de grupo dentro do clube.
”Aleguei que não queria me concentrar para o jogo contra o Friburguense porque estava desanimado e achava melhor me condicionar fisicamente. Mas acabei afastado. Sei dançar conforme a música e só vou entrar no vestiário quando o último jogador sair”, disse Felipe.
Vítima do descaso da diretoria vascaína, Felipe faz questão de acabar com a fama de milionário e polêmico que marca a sua carreira. Ele diz que no futebol brasileiro sobra espaço para a falsidade e traz à tona sua desvalorização.
”Dizem que eu ganho 80 mil reais. Eu recebo menos do que Maurinho, do Flamengo (R$ 35 mil). Eu só quero consideração por parte do Vasco, que valoriza apenas os jogadores que chegam de fora. Falam que sou polêmico, mas esse é o preço da sinceridade”, afirmou.
Felipe critica a diferença de tratamento entre os pratas-da-casa e os contratados, mas garante lutar apenas por seus direitos.
”Se Romário tem as regalias dele, é porque fez por merecê-las. O presidente do Vasco sabe de seu estilo e cabe a ele aceitar ou não. Acho que todos devem ganhar bem, mas eu não posso ficar com o mesmo salário por dois anos”, comentou o lateral, que ainda espera a indenização da Roma, da Itália, imposta pela Fifa após o descumprimento do contrato assinado em junho de 99.
Após passar o ano 2000 no ostracismo devido a uma lesão por estresse no tornozelo direito, Felipe quer dar um basta na indefinição.
”Seria preferível quebrar o pé a sofrer lesão por estresse. Se não fosse isso, seria titular, independentemente de posição. Ou o Vasco entra em acordo ou me negocia”, disse.