Brasília - No depoimento que vai prestar nesta quarta-feira à CPI do Futebol, a partir das 9h30, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, será favorecido pela dificuldade da comissão em reunir documentos capazes de contestar suas afirmações. O relator da comissão, Geraldo Althoff (PFL-SC), informou que não houve tempo suficiente para analisar os dados proporcionados pela quebra do sigilo bancário e fiscal da CBF.
Ele previu que o depoimento será "curto e estratégico". Como Teixeira será reconvocado a depor, suas declarações vão ajudar a orientar as investigações. Ricardo Teixeira chegou a Brasília segunda-feira à noite. De acordo com sua assessoria, ele passou a terça-feira na residência oficial da confederação, no setor nobre do Lago Sul, analisando com assessores os contratos assinados pela entidade.
Ele não quis dar declarações, alegando que vai se manifestar apenas no depoimento. A precaução, de acordo com assessores, é para evitar mal entendidos sobre a sua posição com relação ao trabalho da comissão. É esperado do presidente da CBF esclarecimentos sobre os contratos firmados com a empresa de marketing esportivo Traffic. Ele também será questionado pelos senadores sobre a intermediação do presidente da Traffic, J. Hawilla, na compra de ingressos, na copa de 1998, por agências de viagem não credenciadas pela confederação.
O empresário receberia em troca "pacotes" de viagem que seriam utilizados por seus convidados. J. Hawilla disse à comissão que "inúmeras vezes" pediu a Teixeira que atendesse esses agentes. Outra pergunta é sobre os motivos que levariam Ricardo Teixeira e J. Hawilla a conversarem todos os dias por telefone, conforme o empresário declarou à CPI no depoimento que prestou na semana passada.
O pedido de quebra de sigilo telefônico dos aparelhos utilizados por ambos, Hawilla e Teixeira, será votado nesta terça-feira. Os senadores também vão decidir sobre 40 outros requerimentos destinados a abrir as contas bancárias e fiscais de pessoas ligadas ao futebol, de federações e de times. Geraldo Althoff informou que espera receber esses documentos a tempo deles serem analisados no período de recesso parlamentar, que começa na semana que vem.