Como convencer em 90 segundos
Convencer em 90 segundos não é sobre falar mais depressa, nem despejar toda a sua inteligência de uma vez. É sobre priorizar. Em um minuto e meio, você precisa selecionar o essencial: quem é você, o que está em jogo, por que a sua ideia importa agora, e o que a pessoa precisa fazer a seguir. Neste guia, vamos percorrer um passo a passo prático para transformar 90 segundos em um discurso enxuto, memorável e orientado à ação. Você vai aprender a construir sua mensagem, escolher argumentos, ativar emoções, desenhar um roteiro de alto impacto e executar com presença, voz e linguagem corporal. Ao final, terá roteiros prontos, checklists, exercícios e variações para reuniões, vendas, liderança, networking e vídeos.
A lógica dos 90 segundos
Noventa segundos é curto demais para explicações extensas, mas longo o suficiente para criar contexto, gerar valor e pedir uma ação. Pense nos 90 segundos como um corredor com quatro portas: abrir atenção, ganhar confiança, mostrar benefício e conduzir para o próximo passo. Essa lógica evita a armadilha da “aula compactada”.
Considere a curva de atenção. Nos primeiros segundos, o público decide se vai acompanhar você. Depois, avalia a sua relevância e autoridade. Por fim, busca a conclusão: vale a pena investir mais tempo? Se você organiza seu discurso de forma que cada fase seja cumprida, a probabilidade de engajamento aumenta muito. Você não “termina” o assunto em 90 segundos; você abre uma porta e convida a pessoa a atravessá-la.
O mapa mental do convencimento rápido
Três forças sustentam um pitch convincente: clareza, credibilidade e conexão. Clareza faz a ideia ser entendida; credibilidade faz a ideia ser confiada; conexão faz a ideia ser desejada. Em 90 segundos, não há espaço para ruído. Sua estrutura precisa combinar as três.
Clareza nasce de foco e vocabulário simples. Credibilidade nasce de prova rápida: resultados, experiência, evidências. Conexão nasce de empatia e linguagem orientada ao outro. Quando você amarra esses elementos com um pedido específico, transforma atenção em ação. O mapa mental: atenção, relevância, prova, pedido.
O método 4A para 90 segundos que persuadem
Use um esqueleto que caiba no cronômetro e que funcione em cenários distintos. O método 4A é um guia simples e eficiente.
Atenção
Relevância
Argumento
Ação
Atenção é o gancho que prende em até dez segundos. Relevância traduz o problema ou desejo do ouvinte e posiciona o seu valor. Argumento apresenta uma razão forte e memorável para acreditar. Ação é o convite concreto para o próximo passo. Em 90 segundos, você pode dedicar cerca de quinze a vinte segundos para cada A, com folga para pausas, ênfases e respirações.
Abrindo com força: cinco tipos de gancho
Você tem poucos segundos para ser escolhido. Selecione um gancho que combine com o público e com o objetivo.
Pergunta que importa
“Você já perdeu clientes por não responder em tempo real?”
Dado que surpreende
“Sete em cada dez propostas morrem na caixa de entrada porque o cliente não entende o valor em trinta segundos.”
Micro-história
“Ontem, um varejista pequeno testou nossa vitrine digital e dobrou as conversões em quatro horas.”
Contraste
“Empresas investem milhões em tráfego e centavos em conversão; nós invertimos a lógica.”
Imagem mental
“Imagine se cada lead recebesse a melhor resposta da sua equipe, como se fosse o único cliente do dia.”
A função do gancho é abrir a porta. Evite humor interno, jargão técnico e referências que exigem explicação. Em contextos formais, prefira o contraste ou o dado. Em contextos comerciais, a pergunta e a micro-história funcionam muito bem.
Transformando o problema do público em ponto de partida
Você não convence ninguém falando apenas de si. Convence quando nomeia a dor, o risco ou a oportunidade do outro de maneira concisa. Traduza o contexto do ouvinte em uma frase que ele assinaria. É o momento “você está me entendendo”. Uma maneira prática é usar a fórmula situação–impacto: “Hoje seus vendedores respondem tarde e de modo desigual; você perde oportunidades e previsibilidade”. Ao espelhar a realidade do outro, você conquista permissão para apresentar a sua proposta.
Relevância em 20 segundos: SCQA relâmpago
Para condensar contexto em poucos segundos, use SCQA em versão relâmpago.
Situação
Complicação
Questão
Resposta
Situação: uma frase objetiva sobre o cenário. Complicação: o desvio que gera perda. Questão: a pergunta que emerge. Resposta: a sua rota. Exemplo: “Seu e-commerce cresceu, mas o atendimento ficou lento. Como padronizar sem perder personalização? Nós automatizamos o primeiro minuto da conversa, com respostas que parecem humanas, treinadas pelo seu histórico.”
Argumentos que cabem no bolso e pesam na decisão
Em 90 segundos, foque em um argumento principal e um apoio rápido. Três formatos funcionam bem.
Prova de resultado
“Em treze lojas, a taxa de conversão subiu de quatro para sete por cento em duas semanas.”
Prova de processo
“Conectamos aos seus dados, aprendemos em quarenta e oito horas e começamos com uma área piloto.”
Prova de autoridade
“Somos o time por trás do projeto que reduziu o tempo de resposta em cinquenta por cento em uma grande varejista.”
Selecione o formato que dialoga com a dor do ouvinte. Se ele teme risco, destaque processo e controle. Se ele foca em meta, destaque resultado. Se ele busca segurança, destaque autoridade e referências.
Pedidos que geram movimento
Discurso sem pedido não é discurso; é comentário. Defina uma próxima ação específica, mensurável e fácil de aceitar. Exemplo: “Se fizer sentido, agendamos uma conversa de quinze minutos amanhã para olhar seu funil e ver onde o piloto encaixa.” Opções claras ajudam: “posso te mandar um diagnóstico em vinte e quatro horas ou já fazemos juntos agora à tarde”. O objetivo não é fechar tudo em 90 segundos; é conquistar o próximo pedaço de tempo.
O roteiro dos 90 segundos, linha por linha
Uma sugestão simples e adaptável.
Abertura
Gancho de até dez segundos.
Contexto
SCQA relâmpago em duas frases.
Valor
Frase única que define a proposta.
Prova
Resultado ou processo em uma frase de impacto.
Fechamento
Pedido claro e educado, com próxima ação.
Exemplo formato: “Pergunta que importa” como gancho, “situação–complicação–questão–resposta” no contexto, uma frase–valor, uma prova direta e um convite objetivo. Cronometre. Se passou, corte adjetivos; se sobrou, adicione uma pausa estratégica.
Seis erros que matam a persuasão relâmpago
Falar de si cedo demais
Abra com o problema do outro, não com seu currículo.
Superlativos vazios
“Líder, inovador, disruptivo”… sem prova, soa propaganda.
Jargão desnecessário
Se a pessoa precisa de glossário, você perdeu foco.
Pedido genérico
“Vamos falando” equivale a não pedir nada.
Monólogo sem respiração
Sem pausas, a mensagem não bate. O silêncio pontual é parte do argumento.
Descuido com voz e corpo
Tom monótono e postura fechada cancelam metade do que você diz.
Voz que conduz: ritmo, ênfase e pausas
Em 90 segundos, a entonação faz a engenharia do significado. Três recursos simples elevam sua entrega.
Ritmo elástico
Acelere para contexto, desacelere para valor e pedido. Ritmo constante cansa.
Ênfase seletiva
Realce uma palavra por frase. Sem ênfase, tudo parece plano; com ênfase demais, tudo parece propaganda.
Pausa inteligente
Pausa após o gancho cria suspense; pausa antes do pedido abre espaço para decisão.
Treine com gravação de voz e observe a curva: deve haver uma subida de energia na abertura, estabilidade no meio e propósito no final. Se sua fala parece corrida o tempo todo, o ouvinte perde marcos.
Corpo que fala: presença em pé, sentado e no vídeo
Postura ereta, ombros abertos, pés firmes. Em pé, quadril paralelo ao público, gestos na altura do peito, mãos visíveis. Sentado, coluna ativa e quadris no fundo da cadeira. Em vídeo, enquadre dos ombros para cima, olhos na lente, luz frontal e fundo discreto. Gesto-chave: contagem nos dedos ao listar dois ou três pontos, ajuda memória e atenção. Evite olhar para baixo na hora do pedido. O corpo assina a sua intenção.
A arte de cortar sem perder sentido
Roteiro bom é roteiro podado. Troque frases longas por curtas. Substitua termos abstratos por concretos. Transforme adjetivo em número. Em vez de “temos grande experiência em expansão”, diga “crescemos receita do cliente em trinta por cento em seis meses”. Antes de gravar, sublinhe palavras que não carregam valor; corte sem dó. O objetivo do corte não é perder conteúdo, é concentrar potência.
Ética em alta velocidade: persuadir sem manipular
Convencer não é forçar. É oferecer uma visão e um próximo passo que fazem sentido para a outra pessoa. Transparência sobre limites, riscos e etapas reduz resistência. Se a conversa revelar que sua proposta não serve, diga. Sua reputação é o ativo que fará as próximas conversas começarem com meio caminho andado.
Moldando a mensagem com gatilhos de decisão
Use gatilhos de forma responsável e explícita. Quatro você pode aplicar em poucas palavras.
Urgência real
“Se rodarmos o piloto até sexta, pegamos a janela de campanha do mês que vem.”
Prova social pertinente
“Três empresas do seu segmento já estão usando e reportaram redução de custos.”
Autoridade contextual
“O time que liderou a integração da sua parceira X está aqui.”
Reciprocidade
“Envio um diagnóstico gratuito do seu funil em vinte e quatro horas.”
Gatilho não substitui valor. Ele apenas reforça o caminho quando a mensagem já está clara.
A moldura do ganho e da perda
Alguns públicos reagem melhor ao ganho; outros, à perda evitada. Ajuste uma frase para cada moldura.
Ganho
“Você transforma atendimento em crescimento com a mesma equipe.”
Perda
“Sem padronizar o primeiro minuto, você continuará queimando leads caros.”
Faça um teste rápido: apresente as duas versões e observe qual gera mais aceno de cabeça.
Roteiro base para networking e apresentações pessoais
Situação típica: você encontra um decisor no elevador ou em um evento. Seu objetivo é abrir um próximo encontro, não vender tudo ali.
Abertura com contexto compartilhado
“Acabei de ver sua palestra sobre expansão omnicanal; sua dor com conversão é a mesma que atendemos.”
Valor em uma frase
“Eu ajudo varejistas a dobrar a conversão do atendimento digital em trinta dias.”
Prova rápida
“Num piloto com uma rede de moda, subimos de quatro para sete por cento.”
Pedido
“Se fizer sentido, posso te mandar um diagnóstico do seu fluxo amanhã e marcamos quinze minutos para comparar?”
Curto, alinhado ao interesse do outro e com pedido claro. Se ele disser “mande”, você venceu os 90 segundos.
Roteiro base para vendas consultivas
Abertura provocativa
“Você está confortável com a taxa de conversão atual ou quer dobrá-la sem aumentar mídia?”
SCQA relâmpago
“Vocês cresceram tráfego, mas o atendimento escalou mais devagar. Como padronizar sem virar robô? Treinamos respostas com base no seu histórico.”
Prova orientada a resultado
“Treze lojas, duas semanas, três pontos percentuais a mais.”
Pedido
“Posso olhar seu funil e desenhar um piloto em quinze minutos amanhã às dez ou às quatro?”
A venda consultiva depende do “próximo tempo junto”. Seu pedido deve ser fácil de aceitar e de agendar.
Roteiro base para liderança e alinhamento interno
Quando você quer convencer seu time a adotar uma mudança, a emoção dominante é segurança.
Gancho por propósito
“Se entregarmos duas semanas antes, liberamos caixa para o trimestre.”
Clareza do trade-off
“Para isso, trocamos três customizações por um lançamento sólido.”
Prova de viabilidade
“Oito clientes pediram as mesmas três funções; cortando variações, ganhamos estabilidade.”
Pedido específico
“Topam rodar o plano de corte hoje e revisar escopo amanhã às nove?”
A firmeza no pedido sinaliza direção; a clareza nos motivos reduz resistência.
Roteiro base para pitch a investidores e executivos
Aqui, tempo é crítico e a régua de prova é mais alta.
Abertura por tese ou mercado
“Em atendimento, o primeiro minuto define a conversão. A maioria falha.”
Proposta única de valor
“Automatizamos o primeiro minuto com respostas personalizadas treinadas no seu histórico.”
Prova e tração
“Quatro setores, churn zero no piloto, LTV crescendo vinte por cento.”
Pedido de avanço
“Posso mostrar nossa curva de unit economics em quinze minutos esta semana?”
Evite mergulhar em detalhes técnicos. Se pedirem, você abre. Em 90 segundos, seu objetivo é merecer os próximos quinze.
Roteiro base para atendimento ao cliente e gestão de conflitos
Em conflitos, a prioridade é validar emoção e apresentar um caminho de solução que pareça justo e rápido.
Validação
“Entendo sua frustração com a entrega fora do prazo.”
Reconhecimento da responsabilidade
“Fomos lentos na resposta.”
Plano breve
“Hoje às dezesseis ajustamos a configuração e lhe envio confirmação por e-mail.”
Pedido de concordância
“Funciona para você?”
Simplicidade e tom calmo vencem. Em 90 segundos, você muda o clima e estabelece um plano.
Roteiro base para vídeos curtos e conteúdo
Vídeos curtos exigem ritmo e visual. Use a regra do “um problema, uma promessa, um passo”.
Problema
“Você perde leads porque responde tarde.”
Promessa
“Vou te mostrar como padronizar o primeiro minuto sem parecer robô.”
Passo
“Comenta ‘piloto’ e eu te mando o checklist.”
O objetivo é conversão para conversa ou para a próxima peça de conteúdo.
A técnica do 1–2–1: como organizar a fala sem travar
Estruture sua ideia em blocos curtos para lembrar com facilidade.
Uma frase de abertura
Duas frases de desenvolvimento
Uma frase de pedido
Isso cria ritmo, ajuda a memorizar e evita excesso de detalhes. Se esquecer algo, siga para a última frase e conclua com o pedido. O que você não pode perder é a claridade do convite.
Como escolher o argumento dominante
Se você tem pouco tempo, escolha um argumento dominante e alinhe os demais como reforço.
Econômico
“Reduz custo de aquisição.”
Tempo
“Libera horas do time.”
Risco
“Evita multas ou retrabalho.”
Crescimento
“Expande receita com a mesma base.”
Observe o que o seu público valoriza. Executivos financeiros têm ouvido calibrado para custo e risco; marketing tende a ouvir crescimento e tempo; operação costuma valorizar estabilidade. Selecione um e faça brilhar.
Treinando no cronômetro: exercícios de 5 minutos
Separe cinco minutos de treino, três vezes por semana.
Roteiro rápido
Escreva seu 4A para um cenário real em quinze linhas.
Gravação dupla
Grave duas versões: uma com dado e outra com micro-história. Assista e compare: qual abre mais portas?
Cortes
Corte vinte por cento do texto mantendo sentido. O que sobra é o essencial.
Voz e pausa
Leitura com ênfases marcadas e pausas de meio segundo nos pontos de virada.
Você vai sentir o ganho de clareza e confiança em uma semana.
Checklist de qualidade antes de falar
Gancho claro
O primeiro verso prende atenção?
Público no centro
Você nomeou uma dor ou oportunidade real?
Prova suficiente
Há um número, processo ou referência que sustenta?
Pedido específico
O que exato você quer que aconteça depois?
Tempo
Cabe em 90 segundos com pausas?
Se alguma resposta for “não”, ajuste antes de apresentar. Checklist simples evita desperdício.
Como adaptar para diferentes perfis de público
Executivo sênior
Prefira dados, pedidos diretos, linguagem enxuta.
Time técnico
Traga um processo claro e latência de risco. Reserve detalhes para depois.
Comercial
Histórias curtas e ganhos concretos.
Jurídico e compliance
Risco mitigado, precedentes, etapas de controle.
RH e cultura
Propósito, impacto em comportamento, experiência do colaborador.
Ajuste o vocabulário, mas mantenha a estrutura. O 4A funciona para todos.
Presença em reuniões online
Olho na lente, microfone testado, luz frontal. Tire notificações da tela. Fale um tom acima do seu natural para ganhar energia na câmera. Use o nome das pessoas: “Carla, para o seu time isso significa…”. Compartilhe uma tela apenas se ela trabalhar para você, não contra. Em 90 segundos, slides são raramente necessários; sua presença é o veículo principal.
Encerrando com um pedido que não dá para ignorar
O melhor pedido é o que reduz atrito e oferece claridade de próximos passos. Ele deve ser binário, fácil de aceitar naquele momento.
“Fez sentido olharmos seu funil amanhã às dez ou às quatro?”
“Quer que eu envie um diagnóstico em vinte e quatro horas ou preferimos ver juntos quinze minutos?”
“Posso agendar um piloto de sete dias ou mandamos proposta direta?”
Dê escolhas que mantêm a conversa viva. Evite “vamos falando”. A inércia é o maior inimigo do convencimento.
Sete micro-hábitos que elevam seus 90 segundos em qualquer contexto
Respire antes de falar
Um ciclo completo baixa a ansiedade e alinha a voz.
Sorriso discreto
Ele abre o campo de confiança, especialmente no início e no fim.
Postura aberta
Cotovelos soltos e queixo paralelo ao chão.
Verbo ativo
Troque “seria interessante” por “vamos testar”.
Números redondos
Trinta por cento bate mais que vinte e oito vírgula sete no primeiro contato.
Lista curta
Use dois ou três pontos, nunca cinco ou seis.
Fez, pediu
Treine o reflexo de sempre fechar com convite específico.
Exemplos de roteiros completos para praticar
Networking em evento
“Você comentou sobre carrinhos abandonados. Sete em cada dez propostas morrem porque o primeiro minuto do atendimento é lento. Nós treinamos respostas com seu histórico e padronizamos esse minuto. Em treze lojas, subimos de quatro para sete por cento em duas semanas. Se fizer sentido, amanhã eu te envio um diagnóstico do seu funil e marcamos quinze minutos para ver o piloto?”
Vendas consultivas
“Está confortável com sua conversão ou toparia dobrá-la sem aumentar mídia? Vocês cresceram tráfego, mas a resposta inicial varia demais entre atendentes. Treinamos o primeiro minuto com dados seus, sem parecer robô. Um piloto em duas semanas elevou três pontos percentuais numa rede de moda. Podemos olhar seu fluxo amanhã às dez e desenhar um piloto?”
Liderança
“Se lançarmos duas semanas antes, liberamos caixa para o trimestre. Para isso, cortamos três customizações de baixa adoção e focamos no core. Oito clientes pediram as mesmas funções; alinhamos expectativas e reduzimos retrabalho. Topam rodar o plano de corte hoje e revisar amanhã às nove?”
Investidores
“O primeiro minuto do atendimento decide a venda. Hoje, a maioria falha. Nós personalizamos esse minuto com o histórico do cliente. Em quatro setores, pilotos com churn zero e LTV subindo vinte por cento. Posso mostrar unit economics em quinze minutos esta semana?”
Atendimento ao cliente
“Entendo sua frustração com o atraso, e assumo nossa parte. Hoje às dezesseis ajustamos a configuração e confirmo por e-mail até as dezoito. Funciona assim para você?”
Vídeo curto
“Você perde leads porque responde tarde. Em trinta segundos, mostro como padronizar o primeiro minuto sem virar robô. Comenta ‘piloto’ e eu te mando o checklist.”
Como criar seu roteiro autoral
Escolha um único problema que você resolve. Converta em frase de dor que o seu público reconhece. Defina sua resposta em uma frase–valor que até uma criança entenderia. Selecione uma prova que cabe em um tweet. Escreva o pedido como se estivesse marcando um café rápido. Fale em voz alta. Corte vinte por cento. Grave. Corte mais dez. O que sobra é o seu pitch autoral.
Ajustando à cultura brasileira de tomada de decisão
Contexto e relação importam. Evite soar brusco no pedido; seja direto com elegância. Reconheça o esforço do outro lado: “entendo seu calendário cheio; por isso proponho quinze minutos”. Demonstre compromisso com o pós: “envio o diagnóstico mesmo que não avancemos, porque vai te ajudar”. Isso constrói ponte e baixa resistência.
Superando o “me manda por e-mail”
“Perfeito. Te envio agora e já proponho duas janelas de quinze minutos para alinharmos se vale um piloto. Se não fizer sentido, você já sai com um diagnóstico claro.” Transforme o “me manda por e-mail” em marco com hora. E entregue algo útil de verdade.
Medindo a eficácia dos seus 90 segundos
A métrica não é aplauso; é avanço. Pergunte-se: o quanto minhas conversas geram próximos passos concretos? Meus convites têm aceite rápido? A taxa de respostas ao e-mail de follow-up está subindo? Capture os próprios números e use-os como prova social no futuro. Persuasão melhora quando você mede.
Prática deliberada: do rascunho ao reflexo
Leve o roteiro no bolso por uma semana. Use-o em situações de baixo risco: um colega, uma reunião interna, um amigo. Adapte, reescreva, teste novas aberturas. Aos poucos, o pitch deixa de ser algo que você “recita” e vira uma forma de pensar. É o ponto em que a sua fala passa a soar natural e contundente, ao mesmo tempo.
Conclusão
Convencer em 90 segundos não é performar; é organizar o essencial para que a outra pessoa entenda, confie e deseje seguir com você. O segredo está em reduzir a ambição do conteúdo e aumentar a ambição do resultado. Em um minuto e meio, você não precisa explicar tudo; precisa abrir a próxima porta. Para isso, escolha um gancho que chame, traduza a realidade do outro com respeito, entregue um argumento decisivo e termine pedindo uma ação concreta. Ajuste voz, ritmo e corpo para sustentar a mensagem. Meça o avanço. Refine.
Quando você domina essa engenharia simples, os 90 segundos deixam de ser um limite e se tornam um formato de liderança. É assim que ideias ganham tração, projetos nascem e carreiras avançam: uma conversa curta, foco total, convite certo. A hora de praticar é agora.