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Investir em ações é
sempre uma aplicação de risco, independente
das perspectivas de valorização dos papéis
e da tendência para o mercado acionário. Fatores
econômicos e políticos podem reverter o cenário
a qualquer momento.
Diante disso, não existe nenhuma
certeza de que o investidor vai receber a rentabilidade desejada,
em qualquer período especificado. No extremo de um
cenário negativo, uma baixa no preço dos papéis
pode reduzir, de forma significativa, o valor inicial aplicado,
podendo, inclusive, comprometer todo o investimento.
Ao optar por aplicar dinheiro do FGTS
em ações da Petrobras, o investidor pode ter
uma rentabilidade melhor que o rendimento de 3% ao ano mais
Taxa Referencial (TR). Porém, não existe nenhuma
garantia em relação a isso. O investidor deve
estar ciente de que pode perder dinheiro nesse investimento.
Analistas têm boa expectativa
Neste
momento, a expectativa dos analistas é de que o investimento
em Petrobras vai garantir bom retorno. O preço-alvo
projetado por dez instituições consultadas pela
Agência Estado, em 10 de julho, variava entre R$ 60,00
e R$ 66,50. A principal vantagem apontada pelos especialistas
é o desconto de 20% sobre o preço dos papéis.
Este desconto dá uma vantagem para o investidor, mas
não elimina o risco. Considerando este desconto, o
preço de compra de R$ 46,40 projeta um potencial de
ganho de 29,3% a 43,3%, na base da comparação
com o preço-alvo do mercado. Mas não há
período definido para este ganho.
Além disso, os analistas indicam
a expectativa de aumento no consumo de combustível
como um dos fatores positivos para a empresa. A Petrobras
também é favorecida por um programa detalhado
de investimentos e produção, o que deve deixar
a companhia mais competitiva no mercado internacional. Alguns
analistas chegam a projetar um lucro de R$ 7 bilhões
para a Petrobras em 2000. No ano passado, ela atingiu R$ 1,7
bilhão de lucro.
Porém, ainda timidamente, alguns
analistas já temem que o preço de Petrobras
até caia depois do leilão. No curto prazo, a
expectativa do leilão está favorecendo a alta
das cotações. É preciso, portanto, pensar
com muita cautela, lembrando que não é consenso
de mercado que a Petrobras seja um excelente negócio
neste momento.
Cuidado com o risco
Um
ponto que sinaliza alto risco é a elevada valorização
das ações da Petrobras nos últimos 12
meses. As perspectivas de crescimento da empresa, e do próprio
leilão de ações ordinárias, fizeram
com que as ações da Petrobras acumulassem ganho
de 168% em um ano. No mesmo período, o Ibovespa - Índice
que mede a valorização das ações
de empresas mais negociadas na Bolsa de Valores de São
Paulo (Bovespa) - registrou alta de 53%. O investidor deve
ter cautela. Os riscos são elevados, pois o preço
do papel pode ter atingido seu valor máximo. Vale sempre
destacar que rentabilidade acumulada não é garantia
de ganhos futuros.
Apesar da boa perspectiva dos analistas
para a aplicação do FGTS em compra de ações
da Petrobras, o trabalhador deve analisar, além do
risco da aplicação, o prazo disponível
para que esse dinheiro fique investido. Se existe a possibilidade
próxima de uso desse dinheiro para a compra da casa
própria, ou se a aposentadoria está chegando,
o investimento não é indicado. Além disso,
há a situação do desemprego, quando o
trabalhador pode precisar do FGTS, caso não tenha outras
fontes de renda ou não conte com uma reserva de dinheiro
para as emergências.
De qualquer forma, com ou sem desconto,
o investidor deve comparar a perspectiva de rentabilidade
dessa aplicação e os riscos apresentados com
a expectativa em relação a outras formas de
aplicação, que podem apresentar o mesmo patamar
de rendimento, porém com riscos bem menores. No caso
de uso de recursos próprios, a comparação
deve ser em relação aos fundos de renda fixa
prefixados e pós-fixados, e não com o rendimento
do FGTS.
Falta de diversificação
Outro ponto importante a lembrar
é que os fundos de ações da Petrobras
vão estar concentrados neste papel apenas. Ou seja:
problemas que a empresa enfrentar vão afetar profundamente
os resultados do investimento. Entre os fatores de risco,
a empresa é vulnerável ao recuo dos preços
do petróleo, ao risco de interferência política
em suas decisões corporativas, às ameaças
potenciais da desregulamentação do mercado brasileiro
de petróleo e outros fatores.
Importante lembrar que Petrobras é
hoje a empresa de maior peso no Ibovespa - Índice da
Bolsa de Valores de São Paulo. Por isso, qualquer turbulência
maior no mercado financeiro, que prejudique a Bolsa, tende
a prejudicar fortemente as ações da Petrobras,
mesmo que os números da empresa sejam consistentes,
porque os investidores tendem a vender os papéis mais
líquidos em momento de crise. Em fundos de ações
tradicionais, regra geral os investimentos são diversificados
em vários papéis, de forma a reduzir os riscos.
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