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Ela faturou R$ 250 mil na pandemia, mas viu negócio derreter com concorrência chinesa

Com dificuldade para competir com marketplaces asiáticos, Leticia Korndorfer encerrou a Tress Cabelos, e-commerce de perucas importadas

19 set 2024 - 05h01
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Para iniciar a Tress Cabelos, em 2013, Letícia Korndorfer investiu R$ 200 mil. Até 2020, o faturamento médio anual foi de R$ 150 mil.
Para iniciar a Tress Cabelos, em 2013, Letícia Korndorfer investiu R$ 200 mil. Até 2020, o faturamento médio anual foi de R$ 150 mil.
Foto: Divulgação

Tress Cabelos, e-commerce de perucas importadas, que nasceu em Uberlândia (MG), está com as operações com os dias contados. Leticia Korndorfer, fundadora do marketplace, decidiu em dezembro de 2023 encerrar o negócio de mais de dez anos. De acordo com a empreendedora, natural de Porto Alegre (RS), o principal motivo para o encerramento foi a dificuldade de competir com plataformas asiáticas.

Em entrevista ao Terra, a empreendedora de 48 anos, conta, sem esconder sua indignação, que tem sofrido com a concorrência de e-commerces asiáticos, como AliExpress, Shopee e Shein. Leticia Korndorfer culpa a cobrança de impostoss pelo derretimento do seu negócio. 

"A peruca da Shein e da Shoppe, o consumidor compra por R$ 190 a R$ 200. Para mim, importando uma peruca muito semelhante, porque hoje os asiáticos estão fazendo uma qualidade bem melhor, ela chega para mim pelo mesmo valor que eles vendem com frete grátis. Então, não tem como competir com eles. Conclusão: eu resolvi encerrar o negócio", relata ela, que vendia as perucas por R$ 250 a R$ 500.

No detalhamento de uma compra feita no ano passado, no valor de R$ 225 mil, Leticia mostrou que o custo final das perucas importadas para chegar ao Brasil saiu por quase o dobro. Além de gastar R$ 33,4 mil com frete e demais despesas, a empreendedora precisou pagar mais de R$ 174 mil de impostos, entre eles Imposto sobre Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS e Cofins Importação  e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

  • Valor da mercadoria: R$ 225,7 mil
  • Frete e demais despesas: R$ 33,4 mil
  • Impostos: R$ 174 mil
  • Custo total da importação: R$ 433,1 mil

"Já devia ter encerrado antes [do final do ano passado]. A gente fica acreditando nessa coisa que o empreendedor tem que ser persistente, que ele tem que ter perseverança, que o futuro, o sucesso vem da perseverança. Não é disso que vem. Se tu tem uma situação que não te permite crescimento, você tem que desistir logo", afirma.

O início do negócio

Para iniciar a Tress Cabelos, em 2013, Letícia Korndorfer investiu R$ 200 mil. Até 2020, o faturamento médio anual foi de R$ 150 mil. Na pandemia, houve um boom nos negócios, com a China em dificuldade para exportar por causa da crise sanitária. Nesse período, de 2021 a 2022, o faturamento anual foi de R$ 250 mil. Em 2023, no entanto, o negócio começou a derreter. Se na pandemia a Tress vendia 40 perucas por dia, atualmente as vendas diárias se limitam a seis. 

"Cada dia a minha loja vende menos. E esse estoque, que era para ser desovado já há mais tempo, ele não sai, ele está empacado. Então, é uma dor que eu sinto enorme, porque você quer encerrar uma coisa e começar outra e não pode. Meu dinheiro, digamos assim, o meu patrimônio, está preso aqui com esse estoque", lamenta. 

Letícia revela que ainda há mais de 2,5 mil perucas no estoque. Isso significa que há quase R$ 500 mil em dinheiro retidos.

"Na época da pandemia, eu cheguei a ter nove colaboradores. Hoje, eu só tenho uma. Desde o início do ano, eu já comecei a fazer demissões programadas. Estou fazendo corte, o máximo corte de gastos que eu posso, e terminar com o estoque", acrescenta.

Persistência

O processo de encerramento da Tress Cabelos, no entanto, não fez Korndorfer desistir do empreendedorismo. Enquanto desova o estoque de perucas, a gaúcha também comanda a empresa de locação de caiaques Tida Aventuras. O novo empreendimento nasceu do interesse da empresária pelo remo.

Tida Aventuras, empresa de locação de caiaques fundada recentemente por Leticia Korndorfer.
Tida Aventuras, empresa de locação de caiaques fundada recentemente por Leticia Korndorfer.
Foto: Divulgação

"Eu comecei a remar. A minha família comprou vários caiaques para ir para a represa. Aqui em Uberlândia tem uma represa linda, mas muito subaproveitada. E daí um monte de amigo meu começou a falar sobre o interesse nos caiaques, eu decidi começar a alugar. É algo que não tem concorrência aqui, pois ninguém mais aluga caiaques", revela. 

A empreendedora investiu cerca de R$ 25 mil na compra de 15 caiaques. Ela começou a alugar em janeiro deste ano. Como ainda não há uma demanda muito grande de aluguéis, o faturamento médio mensal nesses primeiros meses foi de R$ 1,6 mil. O valor da diária dos caiaques é de R$ 120.

"Esse vai ser o meu próximo negócio assim que eu conseguir vender esse estoque de peruca. Mas eu já estou trabalhando nele no final de semana", finaliza.

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Fonte: Redação Terra
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