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Bilionária condenada à morte deu golpe bancário de R$ 63,6 bilhões: 'Tão burra'

Truong My Lan alegou que se deixou levar por ambiente econômico feroz

13 abr 2024 - 08h57
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Vitnã condenou à morte mulher acusada de frauda milionária
Vitnã condenou à morte mulher acusada de frauda milionária
Foto: Reuters

A magnata Truong My Lan, presidente do grupo imobiliário Van Thinh Phat, foi condenada à morte no Vitnã após ser considerada culpada pela maior fraude bancária da história recente do país. 

A empresária deu um golpe de US$ 12,5 bilhões de dólares (R$ 63,6 bilhões) --o equivalente a 3% do Vietnã em 2022. Durante o julgamento, ela alegou ser inocente e disse que foi levada pela competividade do mercado financeiro.

"Estou muito brava por ter sido tão burra a ponto de me deixar envolver nesse ambiente econômico muito feroz, o setor bancário, que conheço pouco", declarou My Lan, segundo a mídia estatal.

No tribunal, a bilionária ainda afirmou que tem sofrido com "pensamentos suicidas": "Em meu desespero, pensei na morte."

O julgamento em uma corte de Ho Chi Minh, que resultou na condenação de outras 85 pessoas --quatro delas à prisão perpétua--, faz parte de uma cruzada anticorrupção do Partido Comunista, que governa o Vietnã desde 1975.

De acordo com a investigação, Lan usou testas de ferro e funcionários para assumir 91% do Saigon Commercial Bank (SCB), instituição onde ela, oficialmente, não ocupava qualquer cargo e detinha apenas 4% das ações. Entre 2012 e 2022, a empresária teria desviado grandes somas de dinheiro mediante empréstimos para empresas de fachada. As ações eram encobertas mediante pagamento de propina.

Segundo o Ministério Público, Lan fez 2,5 mil empréstimos que geraram perdas de US$ 27 bilhões de  ao banco (R$ 137,3 bilhões). À empresária são atribuídos os crimes de suborno, violação de regulamentos bancários e apropriação indébita através de uma rede criminosa.

O tribunal justificou a sentença de morte diante da gravidade da fraude, alegando a impossibilidade de recuperar os prejuízos gerados, e pedindo que o banco seja ressarcido em US$ 26,9 milhões (R$ 136,8 bilhões). Para os juízes, o caso abala "a confiança das pessoas na liderança do partido e no Estado".

A defesa de Lan nega as acusações e anunciou que recorrerá da decisão. Se a sentença for confirmada nas próximas instâncias, ela pode ser uma das poucas mulheres a pagar com a vida por um crime de colarinho branco.

Na lista de condenados estão um ex-funcionário do Banco Central, Do Thi Nhan, sentenciado à prisão perpétua por aceitar um suborno de US$ 5,2 milhões (R$ 26,4 milhões), e uma sobrinha e o marido da empresária, o bilionário chinês Eric Chu Nap Kee, sentenciados a 17 e 9 anos de prisão, respectivamente.

Campanha anticorrupção

Lan, que fez fortuna no setor imobiliário, teve centenas de propriedades apreendidas pelas autoridades. Ela foi presa em outubro de 2022, em meio a uma cruzada anticorrupção no Vietnã que tem se intensificado desde então e resultou na denúncia de mais de 4,4 mil pessoas e na renúncia, em março deste ano, do ex-presidente Vo Van Thuong.

O julgamento de Lan foi amplamente coberto pela imprensa vietnamita, que é rigorosamente censurada pelas autoridades, indicando que pretendem divulgar o caso para servir de exemplo.

A magnitude da fraude impressionou observadores, que questionam se outros bancos e instituições podem ter cometido erros similares aos do Saigon Commercial Bank, e abalou o ramo imobiliário.

*Com informações da Deutsche Welle

Fonte: Redação Terra
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