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Análise: Juros baixos são sustentáveis?

Queda da Selic para 4,5% traz bons questionamentos sobre sua sustentabilidade e as consequências positivas dela para a economia

12 dez 2019 - 04h10
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A queda da Selic para 4,5% traz bons questionamentos sobre sua sustentabilidade e as consequências positivas dela para a economia. 

Com o aperfeiçoamento do regime fiscal pela implementação da regra do teto, a mudança na TJLP e a reforma da previdência, foi possível que a taxa de juros caísse para os patamares atuais. Ao mesmo tempo, a credibilidade do Banco Central tem sido essencial para manter as expectativas ancoradas ao redor da meta de inflação. Meta essa que gradativamente cairá nos próximos anos até chegar, espera-se, a 3%. Esse conjunto de boas práticas fiscais e monetárias está na base da forte queda da Selic nos últimos anos.

Isso não significa dizer que em momento futuro de retomada mais forte da economia ela não tenha de subir novamente. O fato é que as condições postas no momento parecem garantir que devemos ver a Selic em um dígito por um bom tempo. No longo prazo, com a meta de inflação em 3%, será normal termos Selic nominal entre 3% e 4%.

Os resultados positivos para a economia são irrefutáveis e talvez o mais sensível tem sido, e continuará sendo, o mercado imobiliário. As taxas de financiamento estarão em patamares historicamente baixos em um momento de retomada da confiança e do emprego. Além disso, abre espaço para que subsídios históricos como a taxa de juros mais baixa para o agronegócio perca sua razão de existir e o mercado privado surja como financiador cada vez maior da agricultura. Vale dizer que a queda de juros também tem o impacto positivo de estimular o mercado de capitais, levando a população a ter de se educar financeiramente para entender esse novo mundo muito mais volátil do que simplesmente investir no Tesouro Direto. 

Para além da queda da taxa básica de juros, a busca pela queda do spread bancário entrou definitivamente em cena. Depois do cadastro positivo, veio o teto de juros do cheque especial, ajudando a diminuir o spread na pessoa física, e a nova Lei de Falências deverá ajudar a diminuir os spreads na pessoa jurídica.

Será essencial nessa mudança de paradigma que o sistema jurídico seja garantidor das regras do jogo, evitando que soluções equivocadas pró-devedor se espalhem, aumentando o risco do sistema de crédito. A insegurança jurídica no mercado de crédito deverá ser tema importante nos próximos anos para se garantir os ganhos de longo prazo da queda do spread.

*ECONOMISTA-CHEFE DA MB ASSOCIADOS 

Estadão
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