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Por que a Globo perdeu 30% de noveleiros em 10 anos

Tramas repetitivas, concorrência com teledramaturgia surpreendente e perda do fascínio pelos atores são alguns motivos da queda de audiência

18 out 2021 - 10h44
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Uma década atrás estava no ar ‘Fina Estampa’. O folhetim sobre Griselda Pereirão (Lília Cabral) foi um sucesso. Marcou média geral de 39 pontos. A Globo nunca mais conseguiu a mesma audiência em sua faixa mais nobre, a das 21h.

Clara (‘O Outro Lado do Paraíso’), Carminha (‘Avenida Brasil’), Bibi (‘A Força do Querer’) e Pereirão (‘Fina Estampa’): sucessos da década
Clara (‘O Outro Lado do Paraíso’), Carminha (‘Avenida Brasil’), Bibi (‘A Força do Querer’) e Pereirão (‘Fina Estampa’): sucessos da década
Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV

Quando a pandemia obrigou a suspensão das gravações, em março de 2020, a emissora não titubeou: passou a exibir uma edição especial da trama criada por Aguinaldo Silva. Deu certo. A reprise mantida até setembro do ano passado registrou 33.6 pontos de média, quase 3 pontos a mais do que a produção inédita que foi interrompida, ‘Amor de Mãe’, de Manuela Dias.

No momento, o repeteco de ‘Império’, também de Aguinaldo Silva, está com média 27.2, 30% menor do que a emissora tinha 10 anos atrás, e empatado com um dos piores desempenhos da década, ‘A Lei do Amor’ (27.2 pontos), de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari. Só não perde para o fenômeno de rejeição ‘Babilônia’ (25.4 pontos), de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga.

Por que as tradicionais novelas da Globo já não encantam como antes? Há vários motivos. O primeiro é a oferta de opções na concorrência. Canais pagos e serviços de streaming oferecem excelente dramaturgia, com momentos de maior criatividade e ousadia do que os folhetins convencionais da TV aberta.

Os novos hábitos também contam. Muita gente, por exemplo, perdeu a ‘dependência’ da televisão, que durante décadas foi o principal – e, em milhões de casas, único – entretenimento da família. As horas livres noturnas passaram a ser ocupadas com o acesso a redes sociais, plataformas de vídeos e games.

Não se pode ignorar o problema na teledramaturgia em si. Tornaram-se raras as novelas empolgantes, com personagens carismáticos, capazes de estimular longas conversas a respeito. Muitas vezes previsíveis, as tramas perderam força e influência na cultura popular brasileira.

Existe outra questão, merecedora de análise aprofundada em outro momento: o menor impacto do elenco. Anteriormente, milhões de pessoas ligaram a TV para ver determinado ator ou atriz, independentemente da narrativa. Astros e estrelas carregavam a novela nas costas. Isso não acontece mais. Nenhuma celebridade garante o êxito se o roteiro não agradar ao público.

A Globo faz duas apostas para recuperar a faixa das 9 da noite. ‘Um Lugar ao Sol’ estreia em 8 de novembro. Será a primeira novela inédita desde o início da crise global do coronavírus. A manjada história de um gêmeo a assumir a identidade do outro (Cauã Reymond nos papéis de Christian e Renato), escrita por Lícia Manzo, terá duração curta, 4 meses, 2 a menos do que o habitual.

Na sequência, em março, entrará ‘Pantanal’. O remake roteirizado por Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, autor da versão original exibida na TV Manchete em 1990, sinaliza potencial para chamar a atenção dos noveleiros que abandonaram a Globo nos últimos anos. Será difícil controlar a curiosidade de espiar o folhetim rural que, 3 décadas atrás, impôs surpreendentes derrotas à emissora carioca no Ibope.

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