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Mortes, brigas e tragédias mudam rumo de novelas; veja exemplos

24 jun 2012 - 09h06
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Mariana Trigo

De um dia para o outro, o rumo de uma novela ou minissérie pode mudar radicalmente. Mortes de atores, desistência de autores, troca de diretores, enfim, são muitas as possibilidades que causam transtornos para toda a produção e alteram as tramas das formas mais diversas.

Há aproximadamente 10 dias, a Record anunciou a saída do diretor Ignácio Coqueiro da direção geral de Máscaras - principal trama da emissora - pela baixa audiência da produção, em torno de 5 pontos de média. Em seu lugar, Edgar Miranda passou a comandar a história de Lauro César Muniz. Além desta alteração drástica no eixo da produção, a diretoria da emissora também decidiu encurtar a novela em algum meses, que agora tem término previsto para outubro deste ano.

"O Ignácio foi vítima de uma situação extremamente difícil no início da produção, que foi gravar em um navio várias cenas de uma só vez. Isso o impossibilitou de corrigir eventuais defeitos", minimiza Lauro César Muniz, antes de completar: "também houve um erro inicial meu. Acumulei muitos mistérios em cascatas. Isso provocou uma sensação de complexidade na história. Mas agora vou acelerar. A produção vai ficar com ritmo de minissérie longa. Só tenho mais 70 capítulos para escrever", anuncia Lauro.

Caso ainda mais drástico ocorreu com a morte do diretor Walter Avancini no início da trama de A Padroeira, de Walcyr Carrasco, há exatos dez anos. Avancini havia pensado em toda a concepção da trama, desde cenografia até locações. "Eu perdi o rumo porque ele era meu amigo, meu professor, quase um pai. Com a morte dele, o (Roberto) Talma assumiu a direção", lembra o autor, que ainda tirou 13 personagens da história após a morte de Avancini.

No ano seguinte, Walcyr também passou por uma situação parecida de desestruturação em uma história. Benedito Ruy Barbosa, autor de Esperança, precisou interromper seu trabalho. Com a mãe internada, Benedito também descobriu que estava com problemas de saúde e teve de ser substituído por Walcyr Carrasco, que entrou na produção que já estava sofrendo com atrasos nos capítulos.

Ao assumir a história, Walcyr mudou completamente o rumo dos personagens, o que aborreceu Benedito na época. "Brigamos e fizemos as pazes. Deixei uma sinopse do que deveria acontecer na história que não foi seguida. Fizeram um desfecho diferente do que eu esperava", lembra Benedito.

Um caso parecido aconteceu com Carlos Lombardi em Bang Bang. O autor da história, Mario Prata, parou de escrever a novela logo no início. Com personagens de nomes estrangeiros, que causavam antipatia no público, e com uma realidade de faroeste bem distante do interesse do habitual telespectador de novelas, a trama foi um fiasco, até que Lombardi foi escalado para tentar dar um rumo à paródia.

"O projeto era ousado demais e estava sem dono. Tive de transformar a história em um romance, colocando remendos e fazendo curativos na história. Foi um dos momentos mais complicados da minha carreira", observa Lombardi.

Mas nem sempre são só diretores e autores que sofrem com as catástrofes teledramatúrgicas. Insensato Coração, produção de Gilberto Braga, teve de trocar seus dois protagonistas poucas semanas antes da estreia. No início das gravações, Fábio Assunção deixou a trama alegando problemas de saúde, enquanto a protagonista Ana Paula Arósio foi afastada por faltar gravações no Sul do país.

Por isso, a atriz Paolla Oliveira recebeu um telefonema da Globo avisando que, na semana seguinte, já começaria a gravar como a mocinha da trama das 21h. "Fiquei tensa, tive minutos de êxtase e não pensei na substituição da Ana Paula, mas que teria de correr contra o tempo para me preparar", destaca Paola.

Em alguns momentos de grandes mudanças em produções, o que também ocorre é uma falta de sintonia entre a intenção do diretor e do autor em uma trama. Foi o que houve com Jayme Monjardim e Gloria Perez em América, por exemplo. A dupla, que foi muito bem-sucedida em trabalhos anteriores, como O Clone e Partido Alto, entrou em conflito e Jayme foi substituído pelo diretor Marcos Schechtman, pupilo e aprendiz de Jayme em diversas outras produções.

"Tenho o maior orgulho de América. Implantei a novela e a implantação é a fase mais importante. Mas novela é loteria. Você pode achar que está fazendo o melhor produto e o público não aceitar", analisa Jayme.

Mudanças fatais

Um dos autores que mais sofreu com a perda de atores em suas tramas foi Walther Negrão. Durante três momentos de sua carreira, atores faleceram enquanto atuavam em novelas dele. A primeira vez que isso aconteceu foi em O Primeiro Amor, exibida pela Globo em 1972. Após a morte do ator Sérgio Cardoso a apenas 28 capítulos do final da trama, a escolha da emissora foi avisar ao telespectador o que aconteceria.

Sendo assim, todo o elenco da trama gravou uma cena no extinto Teatro Fênix, no Jardim Botânico, bairro da Zona Sul do Rio, onde eram gravadas muitas produções da emissora. Na cena, o ator Paulo José apareceu na frente do elenco explicando que Sérgio Cardoso seria substituído por Leonardo Villar na produção. Em seguida, o capítulo continuou sendo normalmente exibido, já com as cenas gravadas por Leonardo. "É sempre um grande abalo quando isso acontece com um autor", avalia Negrão.

Já em 1991, quando escrevia a minissérie O Sorriso do Lagarto, Negrão e toda a sua equipe foram surpreendidos pela morte de Chiquinho Brandão, que interpretava Chico Bagre, em um acidente de carro. Com isso, Negrão e Geraldo Carneiro, que também assinava a trama, chamaram Stephan Nercessian para continuar a trama como um primo do personagem de Chiquinho.

Mais recentemente, em Desejo Proibido, exibido em 2007, o ator Luís Carlos Tourinho, que vivia o simpático Nezinho, faleceu durante a produção, vítima de uma parada cardíaca provocada por um aneurisma. "Com isso, colocamos um dublê como se fosse ele indo embora da cidade de costas, partindo em um burrinho", lembra o autor.

Instantâneas

- Em Força de Um Desejo, pouco depois que Alcides Nogueira entregou a sinopse da trama para Paulo Ubiratan, o diretor morreu. A sinopse ficou engavetada na Globo até que um dia a direção da emissora avisou Alcides que Gilberto Braga iria escrever a trama com ele.

- Em Sol de Verão, o ator Jardel Filho morreu no meio da história, o que deixou o autor Manoel Carlos abaladíssimo com a situação. O autor Lauro César Muniz substituiu Maneco no fim da trama.

- Enquanto escrevia O Salvador da Pátria, em 1989, Lauro César Muniz teve de ser operado com muitas pedras na vesícula e foi ajudado por Carlos Lombardi por um período. Até que a Globo pediu que Ana Maria Moretzsohn terminasse a trama com Alcides Nogueira.

- Em Pátria Minha, após uma grave briga conjugal, Vera Fischer e Felipe Camargo saíram da história após seus personagens morrerem em um incêndio.

- Na trama Cabocla, escrita por Benedito Ruy Barbosa e exibida em 1979, estava tudo certo para que Sônia Braga fosse a personagem-título da história. Mas ela enviou um telegrama para a direção da Globo avisando que ficaria em Nova York para fazer um curso de interpretação. Foi quando Boni, então diretor geral da emissora, indicou Glória Pires para a personagem. Com isso, Benedito teve de reescrever diversos capítulos, pois tinha pensado na Cabocla sensual que seria interpretada por Sônia. Com a entrada de Glória, Benedito a transformou em uma personagem doce e meiga.

- Em Belíssima, Silvio de Abreu teve de alterar parte da história porque Glória Pires, que vivia uma das personagens principais, teve hepatite.

- Fábio Assunção também deixou de protagonizar A Lua Me Disse, de Miguel Falabella. Ele foi substituído por Dalton Vigh. "Levei um susto. Não deu nem tempo para compor direito o personagem. Mas adorei trabalhar com o Miguel pela primeira vez", lembra Dalton.

- Em Rainha da Sucata, enquanto o autor Silvio de Abreu escrevia a trama abalado com a doença do irmão, Gilberto Braga o ajudou escrevendo nove capítulos da história.

O diretor de Máscaras, da Record, foi afastado por causa da baixa audiência da novela
O diretor de Máscaras, da Record, foi afastado por causa da baixa audiência da novela
Foto: Divulgação
Fonte: TV Press
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