'Desperate Housewives' volta com "cara" de última temporada
- Ivan Guevara
Normalmente quando se inicia uma história se imagina a forma com a qual ela irá terminar. Marc Cherry, o criador de Desperate Housewives, afirmou em alguns momentos que a série terminaria no seu sétimo ano. Não há sinal nem confirmação de que o programa irá terminar. Entretanto, o primeiro episódio da sétima temporada, que estreia nesta quarta-feira (6) no canal pago Sony, dá a impressão de que a série está encerrando um ciclo iniciado lá no seu primeiro ano.
Desperate Housewives estreou em 2004 apresentando o mistério envolvendo Mary Alice Young (Brenda Strong), a dona de casa que se suicidou para que ninguém soubesse o segredo de sua família. Para refrescar a memória de quem não lembra: Mary Alice, anteriormente chamada de Angela Forrest, morava em Utah com seu marido e ambos não podiam ter filhos. Ela trabalhava em uma clínica onde conheceu Deirdre (Jolie Jenkins), uma paciente drogada que, posteriormente, lhe vendeu o filho. Anos depois, Deirdre apareceu pedindo a guarda da criança e Mary Alice a matou e a esquartejou. Tudo era segredo até que a vizinha, Martha Huber (Christine Estabrook), descobriu e começou a chantageá-la. Na tentativa de salvar sua família, Mary Alice se suicidou. O viúvo, Paul Young (Mark Moses), assassina Martha Huber em um ataque de fúria. Felicia Tilman (Harriet Sansom Harris), irmã de Martha, acaba descobrindo o crime, forja sua própria morte e incrimina Paul Young, que acaba preso.
Depois de vários anos trazendo novos personagens para propor mistérios interessantes e outros sem pé nem cabeça, Desperate Housewives faz um passeio ao passado e traz antigos personagens à série. O primeiro episódio da nova temporada começa com Paul Young chegando à Wisteria Lane, para o choque das donas-de-casa. Felicia também aparece, ela está presa por dirigir em excesso de velocidade, mas já sabe que Paul não está mais na cadeia.
Comenta-se que um dos principais erros de Marc Cherry foi, em alguns anos da série, como no 3º e na 5º, apostar toda a temporada em um único mistério, fazendo com que as histórias paralelas ficassem sem a menor relevância. Ano passado ele tentou corrigir o erro e acabou conseguindo uma trama bastante digna. Espera-se deste novo ano de Desperate Housewives mais mistérios e enredos entrelaçados do que nunca. Além da trama envolvendo o retorno de Paul Young à Wisteria Lane; há a nova moradora do bairro, Renee Perry (Vanessa Williams, a Wilhelmina Slater da cancelada Ugly Betty), uma ex-colega que veio atormentar a vida de Lynette Scavo (Felicity Huffman); o drama envolvendo uma misteriosa troca de bebês ocorrida há alguns anos (o vídeo promocional da sétima temporada deixava a dica de quem seria o bebê supostamente trocado); a nova realidade de Susan Mayer (Teri Hatcher), que agora está pobre e precisa morar em um pequeno apartamento e fazer bicos inusitados para conseguir dinheiro; e a nova vida de Bree Hodge (Marcia Cross), que foi abandonada pelo marido cadeirante e agora parece estar sem rumo na vida.
Desperate Housewives chega ao sétimo ano com mais acertos do que erros e, para sorte dos fãs, espera-se que esta não seja a última temporada. Com antigos personagens retornando à série, soa como se Cherry estivesse preparando um encerraramento de um ciclo iniciado na primeira temporada. Há ainda pontas soltas que podem servir para outras interessantes tramas, como a personagem Kayla, filha que Tom Scavo teve antes mesmo do casamento com Lynette; e o próprio Zach, filho adotado de Mary Alice que depois se descobriu ser filho de Mike Delfino com a viciada Deirdre. No frigir dos ovos, o que dá ânimo para o espectador continuar assistindo a uma série que pode ser considerada veterana, tendo em vista seus sete anos de vida, é a certeza do empenho de um criador que sempre tenta reinventá-la a cada temporada, sem perder o delicioso "mais do mesmo" da série: a amizade e aventuras vividas pelas quatro donas de casa.
