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Debates sem Lula e Bolsonaro ou com ‘acordo’ serão inúteis

Provável ausência de ambos ou perguntas combinadas nos encontros aumentariam poder de influência do horário eleitoral

1 jun 2022 - 12h30
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Há enorme expectativa para o debate na Globo com William Bonner como mediador
Há enorme expectativa para o debate na Globo com William Bonner como mediador
Foto: Reprodução/Divulgação/Ricardo Stuckert-PT

Em entrevista a Ratinho na Rádio Massa, de propriedade do apresentador do SBT, Jair Bolsonaro indicou que não irá aos debates do 1º turno. Até o momento foram agendados 7 confrontos entre candidatos com transmissão televisiva entre o início de agosto e dois dias antes da ida às urnas, em outubro.

“No primeiro turno, a gente pensa (se participa ou não). Por quê? Se eu for, os dez candidatos ali vão querer a todo tempo dar pancada em mim e eu não vou ter tempo de responder a eles. Um vai fazer pergunta ao outro e vão dar pancada em mim”, disse.

O atual ocupante do Palácio do Planalto se mostrou disposto a comparecer a debates na etapa seguinte. “No segundo vou participar. Se eu for para o segundo turno, devo ir”, afirmou. No momento, seis redes de TV confirmaram eventos em estúdio com presidenciáveis caso haja 2º turno.

A ausência de Bolsonaro nos primeiros debates geraria um efeito igualmente frustrante: Lula também não iria. Sem os dois líderes da polarização ideológica no País e melhor colocados nas pesquisas de intenção de votos, os programas não teriam relevância.

Quem vai querer gastar 2 horas ou mais assistindo a coadjuvantes na corrida eleitoral falar mal dos protagonistas que não apareceram? Nos bastidores das emissoras se nota certo desânimo com essa possibilidade.

Na mesma conversa com Ratinho, seu apoiador declarado, assim como o patrão dele, Silvio Santos (sogro do ministro das Comunicações, Fábio Faria), Bolsonaro surpreendeu com uma sugestão inusitada.

“Eu acho que o debate teria que ser para ter perguntas pré-acertadas antes, com os encarregados de fazer o debate, para não baixar o nível.”

Essa proposta, se formalizada, seria recusada pela maioria das emissoras. Para o departamento de jornalismo das TVs, a liberdade de formular perguntas é inegociável.

Na verdade, na maioria dos casos de debates, já existe um acerto prévio em relação aos temas que serão abordados, como Educação, Saúde, Economia etc.

Os assessores dos presidenciáveis participam da elaboração da pauta a fim de preparar os candidatos a respeito dos assuntos e prever possíveis questionamentos do mediador e dos adversários.

As equipes dos políticos também fazem parte do sorteio dos lugares onde cada candidato ficará no estúdio, para que não haja acusação de posicionamento privilegiado.

Bolsonaro parece desejar a pasteurização do debate, com menor chance de ser confrontado com polêmicas sobre o governo e seus parentes envolvidos na política.

Se no formato atual o encontro de candidatos já esclarece pouco a respeito das propostas para o Brasil, com perguntas combinadas ficaria ainda menos interessante. Excesso de falação sem chegar a lugar algum.

Restaria aos eleitores indecisos tentar extrair algum conteúdo do horário eleitoral gratuito, no ar a partir de 26 de agosto. Os programas têm sido tratados como peça fundamental pelas principais candidaturas.

Acredita-se que a visibilidade na televisão terá maior influência do que as redes sociais, onde Bolsonaro e Lula falam basicamente para pessoas que já os apoiam e não pretendem mudar o voto.

Presente em 98% das casas brasileiras, a TV oferece maior chance de atingir e ‘converter’ quem foge do conteúdo eleitoral na internet. E tem gente que, ingenuamente, despreza o potencial do mais importante veículo de comunicação de massa de todos os tempos.

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