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Ratinho está certo: Globo ‘força’ com gays. Por bom motivo

Canal usa a teledramaturgia para esclarecer a respeito da diversidade sexual que não pode mais ser ignorada

8 jun 2018 - 16h56
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Ratinho não pode ser rotulado de homofóbico tão somente por ter feito um questionamento
Ratinho não pode ser rotulado de homofóbico tão somente por ter feito um questionamento
Foto: Divulgação

O número de pessoas LGBT no Brasil passa de 20 milhões. É o dobro da população de países como Portugal e Grécia, e quatro vezes os habitantes de nações como Dinamarca, Finlândia e Noruega. Eis uma resposta a quem acha que lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros brasileiros devem ser encobertos: não há como tornar invisível essa relevante fatia de gente.

E se a TV é o espelho da sociedade, nada mais natural que a teledramaturgia seja palco de representatividade. O apresentador Ratinho ganhou o rótulo de homofóbico por declarações interpretadas como preconceituosas. Em um vídeo postado no Instagram, em janeiro deste ano, ele comentou: “É viado às seis da tarde, é viado às oito da noite, é viado às dez da noite. É muito viado. Eu não sei o que tá acontecendo. Será que tem tanto viado assim?”

Na coluna de Mônica Bergamo da edição de domingo (3) da Folha de S. Paulo, Ratinho reclamou do patrulhamento que sofreu. “Brinquei com aquilo e me enrabei”, disse. “Sou totalmente liberal. Quantos homossexuais trabalham comigo ao meu redor?”

O comunicador voltou a defender seu ponto de vista em relação à presença de gays na teledramaturgia. “Só acho que a Globo começou a forçar muito”, afirma. “Nenhuma televisão pode exagerar em impor isso. Tudo bem, o homossexual existe. Mas a superexposição irrita o telespectador”.

O apresentador comete um equívoco ao falar em superexposição. Ocorre que, por menor que seja a visibilidade de personagens LGBT+ nas novelas, a repercussão sempre é estrondosa. Qualquer tipo fictício não heterossexual atrai a atenção do público e da imprensa, e quase sempre gera polêmica. 

As redes sociais se dividem. Esse burburinho online e no boca a boca ressalta a dificuldade de boa parte dos noveleiros em assimilar na TV a realidade vista nas ruas. Basta uma olhada ao redor para perceber gays, lésbicas e transexuais transitando pelas ruas e em diferentes postos na sociedade.

Somente quando a teledramaturgia dá o ‘lugar de fala’ a eles, comumente excluídos, é que esse perfil de telespectador, como Ratinho, manifesta incômodo. Talvez por se sentir invadido ao ver a representação de pessoas distantes do estereótipo heteronormativo na sala de sua casa.

Proporcionalmente, o número de personagens LGBT+ em novelas, séries e minisséries é bem menor do que na vida real. Assim como é desigual a representação de negros e outras minorias que buscam espaço e lutam contra o preconceito. Muitos autores da Globo são gays. É previsível que usem suas tramas para discutir temas como homofobia, transexualidade e outros aspectos da diversidade sexual.

Em um ponto, Ratinho está certo: não se pode chamá-lo de homofóbico apenas por ter feito uma provocação no tal vídeo. Ele não ofendeu ninguém, somente contestou a presença cada vez maior de ‘viados’ na tela da Globo. “Não gosto dessa ideia de chamar quem pensa diferente de homofóbico”, declarou na entrevista à Folha. “Homofóbico é aquele que agride, que não concorda. Acho que tudo tem que ser respeitado. Como eu também tenho que ser respeitado.”

Ao invés de atacar Ratinho, os militantes da causa deveriam apresentar a ele os esclarecimentos sobre a importância da representatividade na TV.

No auge da era da comunicação, o diálogo ainda é a melhor ferramenta para a conscientização, seja qual for o assunto em pauta.

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