Pobreza pega: Bia Falcão voltou e Odete Roitman ressuscitará
Retorno de duas grandes vilãs ressalta o impacto dos novelões antigos na audiência atual
Assumidamente xenofóbica e com aversão a pobres, Bia Falcão reclama dos ‘biscoitinhos letais’ que serviram a ela numa casa de classe média.
“Pobreza pega”, vocifera a empresária vivida por Fernanda Montenegro. “Pega feito sarna. Pega!”
A cena de ‘Belíssima’ tornou-se antológica. Pode ser vista em vários canais no YouTube.
A vilã foi o grande destaque do folhetim de Silvio de Abreu exibido originalmente entre 2005 e 2006.
A novela voltou ao ar no ‘Vale a Pena Ver de Novo’ com a missão de atrair o público afugentado com a reprise de ‘Celebridade’.
Os quatro pontos de queda no Ibope em relação à reapresentação anterior, de ‘Senhora do Destino’, representaram a fuga de 800 mil telespectadores somente na Grande São Paulo.
A Globo não economizou em chamadas para promover ‘Belíssima’, inclusive nos intervalos da atual trama das 21h, ‘Segundo Sol’, a faixa mais nobre e cara da televisão brasileira.
O empenho surtiu efeito. ‘Belíssima’ marcou 18 pontos nos dois primeiros capítulos (segunda e terça) contra 14 pontos do início de ‘Celebridade’, em dezembro passado.
No Canal Viva, da Globosat, o furor – e a expectativa de recuperação de audiência – está sobre ‘Vale Tudo’.
O novelão de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères reestreia dia 18, às 15h30 e 0h30.
Foi tirado do arquivo na esperança de reverter a rejeição de parte dos telespectadores à ‘Bebê a Bordo’.
A comédia de 1988, recheada de diálogos sobre sexo e contestação social, fez muita gente mudar de canal e comprovou como o brasileiro encaretou geral.
Considerada uma das melhores novelas de todos os tempos, ‘Vale Tudo’ já foi exibida no Viva em 2011, e no ‘Vale a Pena Ver de Novo’ em 1992.
‘Quem matou Odete Roitman?’ se tornou o mais popular mistério da teledramaturgia brasileira.
A vilã interpretada por Beatriz Segall, hoje com 91 anos, continua fresca na memória do povo.
Preconceituosa até o último fio de sua mecha grisalha, ela é dona de tiradas inesquecíveis.
“Eu gosto do Brasil. Acho lindo, uma beleza. Mas de longe, no cartão postal”, debochou certa vez.
“Essa terra aqui não tem jeito. Esse povo daqui não vai pra frente, é preguiçoso. Só se fala em crise e ninguém trabalha.”
Ao recorrer a ‘Belíssima’ e ‘Vale Tudo’, Globo e Viva reforçam o valor das novelas antigas, consideradas melhores do que as atuais por muita gente.
Mas não são apenas os saudosistas que dão audiência a essas reprises.
A nova geração, que vê TV comentando nas redes sociais, costuma gostar dessas produções clássicas enquanto despreza as tramas atuais.
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