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JN faz dura crítica a Mandetta e elogia o 'inimigo' Crivella

Ministro da Saúde virou alvo após dizer que às vezes a TV é "tóxica" e chamar os meios de comunicação de "sórdidos"

29 mar 2020 - 12h19
(atualizado às 23h52)
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Com os titulares William Bonner e Renata Vasconcellos de folga, coube a Ana Paula Araújo e ao estreante na bancada Helter Duarte comandar a edição de sábado (28) do Jornal Nacional. A âncora do Bom Dia Brasil leu uma nota contundente da Globo contra o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

Sob o comando de Ana Paula Araújo e do estreante na bancada Helter Duarte, o JN fez dura crítica a Mandetta na edição de sábado (28)
Sob o comando de Ana Paula Araújo e do estreante na bancada Helter Duarte, o JN fez dura crítica a Mandetta na edição de sábado (28)
Foto: Reprodução

Foi uma reação a uma declaração polêmica do ministro feita horas antes na entrevista coletiva sobre o combate à covid-19. "Desliguem um pouco a televisão. Às vezes ela é tóxica demais. Há quantidade de informações e, às vezes, os meios de comunicação são sórdidos porque eles só vendem se a matéria for ruim. Publicam o óbito, nunca vai ter que as pessoas estão sorrindo na rua. Senão, ninguém compra o jornal", disse Mandetta. Ele sugeriu que a cobertura da pandemia seja mais proativa, ou seja, com menos notícias negativas. "Se não for assim, vai trazer mais estresse à população."

Ao retrucar, a Globo foi enfática na defesa do trabalho dos jornalistas em geral. "O ministro da saúde encontrou uma outra maneira de agradar o presidente. Criticou o trabalho da imprensa, afirmando que os meios de comunicação são sórdidos, porque na visão dele só vendem se a matéria for ruim. Na pandemia de um vírus letal contra o qual não há medicamento ou vacina é estarrecedor que ele não reconheça que o nosso trabalho, o trabalho de todos os colegas jornalistas, daqui da Globo, mas também de todos os veículos, é um remédio poderoso: dar informação para que o povo possa se proteger. Há muitos trabalhos essenciais, dos médicos e enfermeiros em primeiro lugar, mas nós jornalistas estamos nas redações e nas ruas arriscando nossa saúde para cumprir nossa missão. E fazemos isso com orgulho", comunicou a âncora.

A Associação Nacional de Jornais também se manifestou. "O ministro desconsiderou a dedicação de toda a imprensa em levar orientações e informações corretas, combatendo as desinformações, muitas vezes em cooperação estreita com o Ministério da Saúde", afirmou o presidente da entidade, Marcelo Rech.

Até aqui, Luiz Henrique Mandetta teve o apoio informal da Globo e da GloboNews. Sempre foi citado de maneira positiva nas matérias dos telejornais das duas emissoras e na análise de seus comentaristas. Resta saber se as TVs do Grupo Globo vão manter a simpatia pelo ministro depois de terem seu jornalismo chamado de tóxico.

Ainda na edição de ontem, um momento inusitado no Jornal Nacional: o telejornal exibiu uma mensagem elogiosa ao papel da imprensa postada numa rede social pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella. Um contraponto à opinião negativa de Mandetta em relação à televisão e aos jornais.

Sobrinho do bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal e dono da RecordTV, Crivella mantém uma relação tensa com os veículos do Grupo Globo. Queixou-se inúmeras vezes da cobertura desfavorável à sua gestão e até discutiu com repórteres dos canais da família Marinho. Desta vez, para surpresa geral, o político alinhado ao presidente Jair Bolsonaro ganhou visibilidade positiva no telejornal que tantas vezes já o criticou.

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