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Globo racista? Trama de Roberval poderá calar os críticos

Personagem negro tem espaço de coprotagonista na novela ‘Segundo Sol’

22 mai 2018 - 11h12
(atualizado às 11h12)
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Em sete capítulos de ‘Segundo Sol’, o motorista Roberval, papel de Fabrício Boliveira, ocupou espaço relevante na trama. Na segunda-feira (21), ele descobriu que é filho do milionário Severo (Odilon Wagner), a quem sempre serviu como mero empregado. Soube ainda ser meio-irmão de Edgar (Caco Ciocler), seu rival na disputa pela cozinheira Cacau (Fabíula Nascimento).

Em breve, Roberval deixará a mansão para assumir o protagonismo de sua vida. 

Será amante e cúmplice da vilã Laureta (Adriana Esteves). Vai aplicar um golpe na víbora e, depois de um tempo, voltará a Salvador com sede de vingança contra os desafetos do passado.

Roberval é um personagem importante de ‘Segundo Sol’. Não se trata de mais um coadjuvante negro. Relevância esta que esvazia um pouco a acusação de que o folhetim de João Emanuel Carneiro ignorou a negritude da Bahia, onde a novela está ambientada.

O elenco tem realmente poucos atores negros, mas um deles possui presença valiosa, acima do que normalmente se vê no horário nobre da Globo. É considerado o segundo protagonista masculino, atrás apenas do cantor de axé Beto Falcão, vivido por Emílio Dantas.

Fabrício Boliveira interpreta um jovem com consciência de seu valor e decidido a romper as limitações impostas aos negros
Fabrício Boliveira interpreta um jovem com consciência de seu valor e decidido a romper as limitações impostas aos negros
Foto: João Miguel Jr./TV Globo / Divulgação

Baiano como seu personagem, Boliveira é um representante nato do estado com maior número de negros do Brasil. Com tranças afro e consciência racial, o personagem apresenta um discurso de empoderamento.

Pretende se tornar empreendedor para sair da ‘senzala’ (a área reservada aos funcionários do palacete onde trabalha) para conquistar a ‘casa grande’ (a independência financeira e social).

Roberval tenta abrir a mente de sua mãe, a doméstica Zefa (Claudia di Moura), mas ela prefere continuar a cumprir o papel submisso reservado às negras no tempo da escravidão: servir ao patrão, inclusive na cama.

Caso a trajetória do rapaz se confirme, poderá caracterizar um avanço da pauta negra na teledramaturgia da Globo, para surpresa de quem acusa a emissora de discriminação contra atores afrodescendentes.

Ao ir atrás de seu segundo sol, ou seja, uma nova vida, Roberval irá ampliar a tão reivindicada visibilidade a negros no principal horário do canal mais poderoso do País.

Na vinheta de abertura de ‘Segundo Sol’, o nome de Fabrício Boliveira, que até então nunca havia tido um papel tão significativo na TV, aparece com destaque individual igual ao de Deborah Secco (Karola) e Cássia Kis (Claudine).

Se isso não é um pequeno avanço, o que é então?

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