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Exposição da sexualidade é abjeto efeito colateral da fama

Invasão da intimidade gera preço alto a ser pago por artistas como Dudu Camargo

22 jun 2017 - 15h27
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Dudu Camargo é ou não gay? Esta é a pergunta que milhares (ou milhões) de pessoas fizeram ao tomar conhecimento da acusação de que o apresentador do SBT teria supostamente cometido abuso emocional e sexual contra um namorado, antes de ser famoso.

A vida íntima do pupilo de Silvio Santos gerou manchetes – algumas bastante sensacionalistas, em busca de cliques (leia-se ‘faturamento por meio de acessos’) – depois do quiproquó protagonizado por ele, Maisa Silva e o dono no SBT no domingo (18).

Dudu Camargo se tornou um alvo fácil após ter a sexualidade contestada na imprensa
Dudu Camargo se tornou um alvo fácil após ter a sexualidade contestada na imprensa
Foto: Reprodução/Facebook

Silvio, em mais uma atitude equivocada, tentou convencer a apresentadora mirim, de 15 anos, a namorar o âncora do telejornal ‘Primeiro Impacto’, quatro anos mais velho.

Mostrando maturidade incomum para a pouca idade, Maisa deu uma aula de empoderamento feminino ao enquadrar o sexismo do patrão e ainda usou de extrema sinceridade – algo raro entre famosos diante das câmeras – na crítica aos estilos pessoal e profissional de Dudu.

O mal-estar poderia ter sido encerrado com o fim do programa. Mas gerou uma consequência desagradável: a exposição e contestação da preferência sexual do jovem apresentador, com o surgimento do hipotético namorado da adolescência, dizendo-se vítima do polêmico contratado do SBT.

A assessoria de Dudu declarou que ele é heterossexual e anunciou medidas jurídicas por calúnia e difamação contra o acusador.

Não importa quem esteja com a verdade. O estrago está feito. Todos os envolvidos saem chamuscados desse pequeno escândalo midiático.

Dudu, já bastante atacado por atuar como jornalista sem ter formação para tal, experimenta agora um dos piores efeitos colaterais da fama: a execrável superexposição da vida íntima.

Gay, hétero, bi, pansexual, trans ou assexuado, ninguém – famoso ou anônimo – pode perder o direito à privacidade e ter a condição sexual submetida a julgamento.

Não se trata de defender Dudu Camargo, mas de recusar a exploração na imprensa e nas redes sociais de algo estritamente pessoal.

Assim como a garota-prodígio Maisa tem o direito de espinafrar o debochado Silvio Santos em defesa de suas convicções e de sua dignidade, o aprendiz de âncora não pode ser alvo de vingança por parte de quem o detesta, atingido por tema tão delicado e ainda embalado por gigantesco preconceito.

Cada pessoa tem o direito de ser o que é – e também de não revelar-se publicamente. Vários homens que trabalham na TV já passaram por constrangimento similar.

Infelizmente, parte da imprensa desrespeita esse princípio básico de uma sociedade pretensamente evoluída. Afinal, jogar pedra em alguém fragilizado atiça o sadismo patológico, além de dar asas ao oportunismo para faturar em cima da desgraça alheia.

Larissa Manoela ironiza rivalidade com Maisa Silva em vídeo: 'Não temos amizade':
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