Script = https://s1.trrsf.com/update-1765224309/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

"Não me importo com a pirataria", diz Jon Anderson, ex-líder do Yes

13 dez 2011 - 16h16
Compartilhar
Rafael Machtura

Chamar Jon Anderson, ex-vocalista da lendária banda Yes, de progressivo pode ser o maior dos clichês. Mas o multi-instrumentalista de 67 anos realmente pensa à frente do seu tempo. Depois de cantar mais de 30 anos com o grupo inglês, se apresentar com orquestras e acabar de voltar de turnê com seu ex-parceiro de banda, o tecladista Rick Wakeman, Anderson embarca agora em um show solo tocando apenas instrumentos acústicos. No Brasil, o músico já passou pelos palcos de Florianópolis, Porto Alegre e Goiânia e, agora, se apresenta nesta terça-feira (13) em São Paulo, no Citibank Hall.

De voz bastante aguda, Anderson contou por telefone ao Terra que a música não é só pelo dinheiro, e que não se importa com a pirataria; pelo contrário, os artistas vão saber o que fazer para superar isso. "Não me importo nem um pouco com a pirataria. Música é criada para a música e não pelo dinheiro. Então, eles vão inventar uma nova maneira (de ganhar dinheiro) que será exatamente como deveria ser", explicou.

Antes de tratar a internet como inimiga, o inglês se mostrou curioso e disponibilizou sua mais recente música, Open, gratuitamente para download. "Eu estava pensando em alcançar o maior número possível de pessoas na internet, porque essa é a nova loja de música. Eu queria ser parte dessa nova experiência", disse.

Além de se mostrar ciente com a nova forma de se consumir música, Anderson contou sobre sua saída do Yes, em 1980, o seu futuro e da banda e também sobre a música progressiva, no qual conta que sempre houve espaço para ela, mesmo na era das músicas de poucos minutos ¿ comercialmente aceita pelas rádios.

Confira a entrevista completa com Jon Anderson:

Terra - O que os paulistanos podem esperar de seu show? Teremos músicas de toda sua carreira?

Jon Anderson - Sim, é como se fosse a história da minha vida. Eu canto músicas do Yes, do Jon & Vagelis (projeto formado com o músico grego Vangelis em 1979) e também algumas canções novas. Eu irei tocar violão, dulcimer, ukele e piano. Então, será muito interessante estar no palco sozinho, vou curtir e a plateia também.

Terra - E por que você decidiu não trazer nenhuma banda?

Jon Anderson - Eu achei interessante fazer o oposto de ter um grupo. Eu toco com orquestras e músicos de todos os cantos, mas quando faço meu projeto solo parece muito natural estar sozinho. Me sinto feliz sozinho, é muito divertido para mim.

Terra - E como foi tocar sozinho pela primeira vez?

Jon Anderson - Foi meio assustador porque eu fiz um show com efeitos de guitarra, bateria e teclado em MIDI, assim eu poderia ter mais música a minha volta. Eu fiz isso por umas 30 vezes aí pensei: 'vou tentar apenas acústico'. Sinto que é natural porque foi como eu compus estas musicas em primeiro lugar. Foi assim que escrevi as músicas para o Yes no começo.

Terra - Então veremos Jon Anderson mostrando seu lado mais simples?

Jon Anderson - Sim. Eu não toco muito violão, eu apenas bato lá e gosto de cantar.

Terra - E como você e o tecladista do Yes, Rick Wakeman, começaram o projeto Anderson/Wakeman. Vocês estão planejando lançar outra parte do disco ao vivo Living Tree?

Jon Anderson - Nós fizemos um show seis anos atrás na Inglaterra e no começo deste ano Rick me perguntou: 'vamos tocar juntos de novo?'. Fizemos outra turnê na Inglaterra, gravamos músicas que eram novas para gente e finalizamos isso como um álbum. Rick é um cara muito engraçado, um grande amigo, então tocar com ele é muito relaxante. Nós acabamos de terminar uma turnê pelos Estados Unidos e Canadá e nós gravamos de novo, porque estava diferente do que a última turnê que fizermos no Reino Unido. Então nós gravamos algumas coisas para um novo álbum que será lançado na primavera (de março a junho no Hemisfério Norte). Ele também disse que ia me mandar algumas músicas em janeiro. Nós veremos para onde elas vão porque música é aquilo que explica tudo e te leva a alguma direção.

Terra - Você recentemente colocou para download a música Open. Como você usa a internet para promover sua música?

Jon Anderson - É uma nova experiência através da internet, fazer música com as pessoas, eu fiz Survivors & Other Stories com pessoas de todo o mundo. Então, quando eu fiz Open estava pensando em alcançar o maior número possível de pessoas na internet, porque essa é a nova loja de música. Eu queria ser parte dessa nova experiência, sabe?

Terra - E como a maioria dos artistas, você é contra a pirataria?

Jon Anderson - Eu não me importo nem um pouco com ela. Música é criada para a música e não pelo dinheiro.

Terra - Mas como artistas não tão famosos como você e o Yes vão sobreviver?

Jon Anderson - Eles sempre irão encontrar um caminho, porque necessidade é a mãe da inversão. Então eles vão inventar uma nova maneira que será exatamente como deveria ser.

Terra - E você tem alguma ideia de como será? Já encontrou uma nova maneira de vender música?

Jon Anderson - Sim, tem um site chamado staged.com e você pode fazer um show na sua casa e cobrar US$ 3 ou US$ 5 paras as pessoas verem através da internet. Eu sei que há dois ou três sistemas como esse.

Terra - Você já fez algum?

Jon Anderson - Vou fazer um em janeiro.

Terra - Interessante. E você acha que a música progressiva ainda tem seu espaço hoje em dia?

Jon Anderson - Sempre houve espaço para todos os tipos de música progressiva. Há o progressivo clássico, jazz progressivo, rock progressivo, folk progressivo; música de dança e teatro também é progressivo.

Terra - Mas hoje nós estamos nesta era em que, se a música for maior do que três minutos, ela não será tocada na rádio.

Jon Anderson - Sim. Mas como eu disse, a música não é por dinheiro, é pela música em si. Foi por isso que eu lancei Open, eu acho que ela nunca será tocada na rádio, mas não significa que não posso criá-la.

Terra - E você continua criando músicas longas?

Jon Anderson - Sim, eu tenho uma nova música que devo terminar na próxima primavera, para o verão. Faz parte do meu DNA.

Terra - Quais foram as razões que fez que você deixar o Yes em 1980? E o que fez você voltar dois anos depois?

Jon Anderson - Eu fiquei bastante doente, quase morri. Eu fiz seis operações para tratar de uma obstrução estomacal e eles queriam continuar, fazer dinheiro e shows. Eles não quiseram esperar para eu ficar bem de novo, o que me deixou bem triste, mas eu pensei que as portas estavam abertas para uma nova vida e eu disse 'ok, estou pronto para uma nova vida'. Eu voltei quando fiquei melhor, porque eu tinha muita música no meu coração e continuava criativo.

Terra - E como está o Yes hoje, alguma pretensão de voltar em breve?

Jon Anderson - Eu acho que não. Talvez no futuro porque nós nunca falamos nunca, mas hoje não.

Terra - Mas vocês ainda mantêm contato?

Jon Anderson - Eu tenho contato com Rick e com Trevor Rabin (guitarrista e compositor do Yes entre 1983 e 1995) e falei com Peter Banks (guitarrista original da banda) porque ele ficou bastante doente. Você mantem contato com os amigos quando o tempo é certo, sabe.

Terra - Você tem tocado há mais de 40 anos e hoje está com 67 anos. O que te mantém empolgado com a sua carreira?

Jon Anderson - Eu estou sempre empolgado com a próxima aventura, o mistério de Deus, a próxima música a chegar. Eu sou muito empolgado com minha vida.

Terra - Você disse em 'mistério de Deus'. Você é religioso?

Jon Anderson - Espiritualmente. Somos todos espirituais, mas Deus não tem religião.

Terra - O que você fará no próximo ano?

Jon Anderson - Farei concertos com orquestra, trabalharei com músicos mais jovens, farei mais shows solos e, de novo, trabalharei com Rick na Europa em Outubro. Há sempre algo.

Jon Anderson, Yes, canta, ukelele
Jon Anderson, Yes, canta, ukelele
Foto: Divulgação
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra