Jimmy Cliff, lenda do reggae, morre aos 81 anos
Morte foi anunciada pela esposa do cantor, Latifa; relembre sua trajetória e principais sucessos
Jimmy Cliff morreu aos 81 anos. A notícia foi divulgada pela mulher do cantor jamaicano, considerado uma lenda do reggae, nesta segunda-feira, 24. Segundo Latifa, a causa da morte foi uma convulsão seguida por pneumonia.
A música continua viva
A carreira de Cliff atingiu o auge com Balada Sangrenta mas, após uma pausa no final dos anos 1970, ele trabalhou constantemente por décadas, seja em sessões com os Rolling Stones ou em colaborações com Wyclef Jean, Sting e Annie Lennox, entre outros. Enquanto isso, sua música inicial continuou viva. Os Sandinistas na Nicarágua usaram You Can Get it If You Really Want como tema de campanha e Bruce Springsteen ajudou a expandir o público de Cliff nos EUA com seu cover ao vivo de Trapped, do astro do reggae, apresentada no álbum de caridade de 1985, We Are the World, que vendeu milhões. Outros que interpretaram suas músicas incluem John Lennon, Cher e UB40.
Cliff foi indicado a sete Grammys e ganhou duas vezes o prêmio de melhor álbum de reggae: em 1986 por Cliff Hanger e em 2012 pelo bem-nomeado Rebirth (Renascimento), amplamente considerado seu melhor trabalho em anos. Seus outros álbuns incluíram os indicados ao Grammy The Power and the Glory, Humanitarian e o lançamento de 2022, Refugees. Ele também cantou no hino de protesto de Steve Van Zandt, Sun City, e atuou na comédia de Robin Williams, Clube Paraíso, para a qual contribuiu com algumas músicas para a trilha sonora e cantou com Elvis Costello no rocker Seven Day Weekend. Em 2010, Cliff foi introduzido no Hall da Fama do Rock and Roll.
Ele nasceu James Chambers no subúrbio de Saint James e, como Ivan Martin em Balada Sangrenta, mudou-se para Kingston na juventude para se tornar músico. No início dos anos 1960, a Jamaica estava conquistando sua independência da Grã-Bretanha e os primeiros sons do reggae — primeiramente chamados de ska e rocksteady — estavam se popularizando. Chamando-se Jimmy Cliff, ele teve alguns sucessos locais, incluindo King of Kings e Miss Jamaica, e, após superar os tipos de barreiras que arruinaram Martin, foi chamado para ajudar a representar seu país na Feira Mundial de 1964, na cidade de Nova York.
"(O reggae) é uma música pura. Nasceu da classe mais pobre de pessoas," disse ele à Spin em 2022. "Veio da necessidade de reconhecimento, identidade e respeito."
Aproximando-se do estrelato
Sua popularidade cresceu na segunda metade da década de 1960, e ele assinou com a Island Records, a principal gravadora de reggae do mundo. O fundador da Island, Chris Blackwell, tentou em vão comercializá-lo para o público de rock, mas Cliff ainda conseguiu alcançar novos ouvintes. Ele fez sucesso com um cover de Wild World de Cat Stevens e alcançou o top 10 no Reino Unido com a edificante Wonderful World, Beautiful People. O amplamente ouvido canto de protesto de Cliff, Vietnam, foi inspirado em parte por um amigo que serviu na guerra e voltou danificado a ponto de ficar irreconhecível.
Seu sucesso como artista de gravação e performer de shows levou Henzell a procurar um encontro com ele e a lisonjeá-lo para que aceitasse o papel: "Sabe, eu acho que você é um ator melhor do que cantor," Cliff se lembrou de ele ter dito. Consciente de que Balada Sangrenta poderia ser um avanço para o cinema jamaicano, ele desejava abertamente o estrelato, embora Cliff permanecesse surpreso com o quão famoso ele se tornou. "Naquela época, éramos poucos descendentes de africanos que conseguiam passar pelas rachaduras para obter algum tipo de reconhecimento," disse ele ao The Guardian em 2021. "Era mais fácil na música do que nos filmes. Mas quando você começa a ver seu rosto e nome na lateral dos ônibus em Londres, isso era tipo: 'Uau, o que está acontecendo?'"
Seu último lançamento foi Human Touch, em 2021, single que retomava sonoridades dos anos 1960 e refletia sobre o isolamento vivido no período da pandemia.
Vínculos com o Brasil
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A relação com o Brasil ocupou um capítulo à parte na vida do músico. Ele desembarcou no Rio de Janeiro em 1968 para participar do Festival Internacional da Canção e começou a compor ali mesmo trechos de Wonderful World, Beautiful People.
Em 1994, ele lançou Jimmy Cliff in Brazil, álbum com versões em inglês de clássicos nacionais.
O artista viveu no Brasil por anos, se dividindo entre Rio de Janeiro e Bahia. Foi em Salvador que nasceu sua filha, Nabiyah Be, fruto do relacionamento com a psicóloga brasileira Sônia Gomes da Silva.
Além de Nabiyah, Jimmy deixou outros dois filhos: Lilty e Aken. / Com informações da AP
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