Estou farto de ter que ser produtivo o tempo todo. O apagão em São Paulo me fez querer algo novo: ficar entediado
Não fazer nada é uma revolução, mesmo que nos sintamos culpados por 'perder tempo'.
A psicóloga Sandi Mann afirma em seu livro "A Ciência do Tédio" que nossas mentes precisam divagar para que possamos pensar criativamente. Precisamos de tempo para ficar entediados. Aliás, estudos mostram que aqueles que estão entediados são mais criativos. Mas, após o apagão que acometeu São Paulo nos últimos dias, surge uma pergunta: sabemos como ficar entediados ou temos medo disso?
O tédio não é brincadeira de criança. Parece que ele adquiriu uma conotação negativa, um toque de preguiça que nos faz até sentir culpados por não fazer nada. Há pessoas que preenchem todo o seu tempo por medo de ficar ociosas, apesar de o tédio ser comum (ou deveria ser).
Desenvolvemos, porém, uma reação quase instintiva de suprimir esse sentimento e preencher completamente nossos dias com atividades. A vida interrompeu isso e nos obrigou a parar e nos fez confrontar esse sentimento que nos parece infantil: o tédio, como se a produtividade eterna fosse inerente à vida adulta.
Sem internet ou eletricidade, o lazer parece impossível. As atividades que fazemos para evitar o tédio estão, em muitos casos, relacionadas à tecnologia: jogar videogame, assistir a séries, ouvir música no celular, acessar as redes sociais, cozinhar (com eletricidade) e até mesmo ler um livro, se usarmos um Kindle.
Restam-nos pintar mandalas, fazer artesanato, praticar esportes ou contar os pontos na parede texturizada se quisermos evitar o tédio. Ou conversar com outras pessoas e desfrutar de uma comunidade, mas nos esquecem...
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