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Dietas engordam: a visão de Sophie Deram sobre o efeito sanfona e a cultura da restrição

4 set 2025 - 19h42
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Dietas restritivas não trazem saúde, mas sofrimento. A saída, conforme a especialista, está em resgatar o prazer de comer sem medo e sem exageros

Dra. Sophie Deram e as celebridades Giovanna Antonelli e Rafa Kalimann
Dra. Sophie Deram e as celebridades Giovanna Antonelli e Rafa Kalimann
Foto: Márcia Piovesan

"Comecei a engordar quando tentei emagrecer", é uma frase que muitas pessoas tendem a repetir ao olhar a própria história, sintetizando a tese defendida por Sophie Deram, nutricionista, pesquisadora, escritora e doutora pelo Departamento de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Para ela, o emagrecimento restritivo, tão incentivado por dietas da moda e pelo mercado da boa forma, é um dos principais fatores que levam ao ganho de peso.

Segundo Sophie, dietas não só falham em garantir resultados duradouros como podem provocar efeitos devastadores na saúde física e mental. "Quando fazemos uma dieta restritiva, ocorre uma cascata de modificações no cérebro que coloca a pessoa numa situação de só pensar em comida. É assim que surge o efeito sanfona, que atinge mais de 90% das pessoas que fazem dieta", explica.

Os riscos das dietas da moda

As chamadas dietas milagrosas podem até prometer resultados rápidos, mas deixam um rastro de frustração, ansiedade e problemas de saúde. "Elas aumentam o risco de engordar e ainda trazem prejuízos emocionais, como estresse, cansaço e até depressão", afirma. Sophie também comenta que pessoas com predisposição genética podem inclusive desenvolver transtornos alimentares.

Comer de tudo, sem culpa

Para a nutricionista, o caminho para uma vida saudável não passa pela restrição, mas pelo equilíbrio. De acordo com ela, uma relação saudável com a comida é entender que podemos comer de tudo, mas não tudo. "O problema não é o bolo de chocolate, é a relação que criamos com ele. Se você tenta evitá-lo e depois come três pedaços, isso pode levar ao ganho de peso. Já quando o bolo é visto como celebração, basta uma fatia para a satisfação", pontua.

O mito da saúde associada à magreza

Em seus livros "O Peso das Dietas" e "Pare de Engolir Mitos", Sophie contesta algumas das ideias mais disseminadas sobre alimentação. Entre elas, a noção de que perder peso é sinônimo de ganhar saúde. A especialista ressalta que não é pelo fato de alguém ter emagrecido que a pessoa está saudável. Sophie lembra que, muitas vezes, o emagrecimento vem de práticas prejudiciais, como parar de comer ou usar medicações de forma irresponsável.

Celebridades como Giovanna Antonelli e Rafa Kalimann já falaram publicamente sobre as pressões estéticas e as dietas restritivas que enfrentaram ao longo da carreira. Em tempos de redes sociais, a obsessão pelo corpo perfeito ganha ainda mais força. Sophie Deram chama atenção que esse caminho pode gerar transtornos alimentares e que o foco precisa mudar. Não é sobre dieta, é sobre comportamento alimentar.

A pesquisadora também critica o papel da mídia e das redes sociais na construção da "cultura da dieta", marcada pela obsessão com a magreza. "O Instagram e o TikTok são especialmente prejudiciais para a saúde mental. A cobrança por corpos perfeitos se intensificou, e isso reforça o ciclo da restrição alimentar", alerta.

Reconectar-se ao corpo

Para quem está cansado do efeito sanfona, a nutricionista sugere um primeiro passo ousado: parar de fazer dieta. Ela esclarece que é preciso reconstruir a relação com a comida, o que não é fácil, porque quem vive de dieta está desconectado da fome e da saciedade. "Muitas vezes, sente medo da fome ou come de forma emocional. Por isso, buscar ajuda de profissionais preparados pode ser fundamental", aponta.

Em seus atendimentos, ela observa resultados transformadores quando o paciente recupera a escuta do próprio corpo. Sophie conta que quando os indivíduos fazem as pazes com a comida, eles relatam que comem melhor, com mais tranquilidade, e acabam ingerindo até 50% menos, sem esforço, apenas por estarem em paz.

O caminho possível

Apesar do crescimento do mercado das canetas emagrecedoras e de produtos que alimentam a obsessão pelo peso, Sophie acredita que a mudança de mentalidade é possível. Para isso, defende uma abordagem baseada em evidências científicas, mas também em consciência e autonomia. "Não é atacando o corpo que se ganha saúde. O corpo humano é inteligente e nos dá sinais claros: fome, sede, cansaço, saciedade. Reconectar-se a esses sinais é o verdadeiro caminho para uma vida saudável", finaliza.

Márcia Piovesan
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