Dançarina é encontrada morta com 22 kg após dieta severa e nutricionista alerta: 'Grande sofrimento'

Em dezembro de 2024, a jovem dançarina polonesa Karolina Krzyzak, de apenas 27 anos, foi encontrada morta em um quarto de hotel em Bali, na Indonésia, pesando cerca de 22 kg. Ela havia adotado uma dieta extremamente restritiva, baseada exclusivamente no consumo de frutas cruas, uma prática radical que, com o passar do tempo, evoluiu para um quadro grave de desnutrição. Para entender melhor o caso, conversamos com a nutricionista especialista em transtorno alimentar Maria Laura Monteiro, que explicou os riscos da dieta restritiva e os sinais de que uma pessoa está passando por um transtorno.

Os riscos da dieta frutífera

A nutricionista, aprimorada em Transtornos Alimentares - AMBULIM (Ambulatório de Transtornos Alimentares) no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPQ) da FMUSP, explica que uma dieta como a de Kryzak pode trazer diversos riscos a saúde, principalmente se mantida a longo prazo: "Uma alimentação saudável é baseada em um equilíbrio nas escolhas alimentares. Quando excluímos algum tipo de alimento, acaba sendo uma forma de restrição alimentar. É importante ter uma alimentação rica em frutas, mas não apenas frutas, elas não fornecem tudo o que o corpo precisa".

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Ainda de acordo com Maria Laura, uma alimentação saudável deve ser composta por refeições completas, que reúnam todos os grupos alimentares. Os carboidratos, classificados como energéticos, são indispensáveis para fornecer a energia que o organismo utiliza em cada atividade do dia a dia, inclusive enquanto dormimos. Já as proteínas, conhecidas como construtoras, atuam na formação e na reparação das células, além de manterem a saúde de músculos, pele, órgãos, sangue e cabelos. Por fim, os alimentos reguladores, ricos em fibras, vitaminas e minerais, contribuem para a digestão, favorecem a absorção de nutrientes, fortalecem o sistema imunológico e garantem o equilíbrio do funcionamento intestinal.

Não seguir essa composição alimentar pode trazer diversas consequências. "As restrições podem gerar perda de massa muscular, desequilíbrio hormonal, anemia, fraqueza e queda da imunidade, problemas ósseos e desequilíbrio glicêmicos", explica ela.

Sinais de Transtorno Alimentar

Primeiro, a especialista em Saúde Coletiva, explicou como os transtornos alimentares se caracterizam: "Os Transtornos Alimentares são condições de saúde mental caracterizadas por uma relação desregulada, rígida e prejudicial com a comida, o corpo e o peso, que impacta tanto a saúde física quanto o bem-estar psicológico e social da pessoa, gerando um grande sofrimento".

Ela lista alguns sinais alarmantes dos transtornos:

• perda de peso muito rápida ou estar extremamente abaixo do peso;
• desmaios frequentes;
• batimentos cardíacos muito baixos;
• pressão arterial ou temperatura corporal reduzidas;
• dificuldade para se alimentar ou manter líquidos;
• dificuldade de fazer atividades básicas do dia a dia;
• isolamento social;
• alterações graves nos exames de sangue como falta de potássio ou glicose.

É necessário, ainda, ficar atenta aos sinais comportamentais: "Esses sinais indicam que o corpo já não está conseguindo funcionar bem e exigem atendimento médico imediato. Outros sinais de gravidade são: vômitos frequentes e incontroláveis, com risco de ruptura de esôfago e desequilíbrio eletrolítico, uso abusivo de laxantes, diuréticos ou medicamentos, incapacidade de manter ingestão alimentar mínima, ideação suicida ou automutilação associada ao TA". Maria Laura reforça que transtornos alimentares "não tem cara", ou seja, é sempre importante estar atento a saúde.