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'Não discutimos subir o preço dos jogos', diz executivo da Sony

Alta na cotação do dólar não está sendo discutida no momento, revela Anderson Gracias, vice-presidente de PlayStation para a América Latina; para ele, estratégia da Sony é 'manter bom momento'

20 jun 2018 - 05h07
(atualizado às 11h42)
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Se depender de Anderson Gracias, vice-presidente de PlayStation, a divisão de games da Sony, para a América Latina, o jogador brasileiro não vai sentir no bolso o impacto recente da alta do dólar. "Não estamos nem discutindo isso por enquanto", disse ele ao Estado sobre a questão, em entrevista exclusiva durante a E3, feira de games que aconteceu na semana passada em Los Angeles.

A moeda americana, vale lembrar, teve valorização de 14% desde o início do ano e tem impacto direto no mercado dos games, uma vez que boa parte dos jogos são feitos no exterior e as filiais brasileiras, por sua vez, precisam reportar ganhos para as matrizes lá fora. Para Gracias, o que se vê na economia "é algo momentâneo", causado pelo clima de incerteza do País, com eleições à frente. "Nosso lema é derrubar a barreira de entrada dos brasileiros para o videogame", diz ele. "Para isso, é preciso reduzir, e não aumentar preços. Não é algo que faz parte das nossas conversas hoje".

O foco da executivo de Gracias ao Estado, porém, foi a estratégia da Sony para os próximos meses, considerando os anúncios que a empresa fez na E3. "Queremos manter o momento bom, trazendo conteúdo relevante para os jogadores." Em Los Angeles, a japonesa mostrou trailers de jogos como Spider-Man, The Last of Us Part 2, Death Stranding e The Ghost of Tsushima -- à exceção do primeiro, que sai em setembro, os outros ainda nem têm data para chegar ao PlayStation 4.

É uma tática que já foi bastante criticada por aí. "Por respeito ao jogador, evitamos colocar datas no anúncio. Toda vez que você anuncia uma data, você coloca a mão no bolso do jogador", diz o executivo. Além disso, Gracias também falou sobre o passado - a sobrevivência de lançamentos para o PS3 no mercado brasileiro - e o futuro - afinal, como será a próxima geração de consoles, cujas primeiras dicas já foram dadas na E3? A seguir, os principais trechos da entrevista do executivo ao Estado.

Estado: Há uma instabilidade forte no dólar no momento no Brasil. Isso pode provocar mudanças no preço dos jogos?

Anderson Gracias: Não é algo que estamos considerando. Não discutimos isso. Sabemos que essa instabilidade do dólar é momentânea e cíclica, por causa das eleições.

Mas é um "momentâneo" que pode durar mais de um ano…

Vimos uma subida razoável recente no câmbio e isso sempre afeta o mercado. Não posso dizer que a gente não vai fazer, mas não estamos nem discutindo. No Brasil, não quero considerar ter de subir preços. Vamos segurar até onde pudermos. Nosso lema hoje é simples: estamos tentando derrubar a barreira de entrada dos brasileiros para o videogame. E só se faz isso de um jeito: baixando os preços.

As eleições podem mudar o cenário?

É cedo para dizer. Hoje ela já reflete na economia, e é difícil dizer. Se a economia der uma guinada para o lado negativo, talvez tenhamos que rever nossas estratégias, mas é muito cedo para dizer.

Qual é a estratégia da Sony hoje, globalmente, considerando o mercado e o momento da geração atual de consoles?

Estamos na metade do ciclo de vida do PlayStation 4. Há muito sendo discutido sobre o que foi falado [Phil Spencer, da Microsoft, chegou a anunciar que já trabalha em uma próxima geração de aparelhos do Xbox One]. O que ele mostrou ali foi um plano de médio prazo. Estamos trabalhando no nosso plano também, mas cada plataforma dura, nos últimos tempos, dez anos. Estamos no melhor momento do PlayStation 4 e queremos continuar trazendo conteúdo relevante. Não adianta mostrar qualquer coisa para o jogador, especialmente o de mercados emergentes, que ele não vai comprar.

Uma crítica comum à Sony é de que a empresa não costuma divulgar datas de quando seus jogos serão lançados com muita antecedência. Isso não frustra o jogador?

Para nós, é o contrário: evitamos comunicar datas quando não temos precisão, por respeito ao jogador e ao varejo. Toda vez que você anuncia uma data, você coloca a mão no bolso do jogador, porque ele pode optar por fazer uma pré-compra e isso é desrespeito. A data de lançamento só sai quando a gente tem certeza. Acho que em vez de frustrar, causa expectativa e ansiedade, cria engajamento. Com certeza, tem muita gente ansiosa para The Last of Us 2, por exemplo.

Há ainda jogos chegando para o PS3, que segue sendo popular no Brasil. Por que isso importa?

As empresas estão lançando, ainda que tenha diminuído drasticamente. O que você vai ver é relançamento de jogos que já existem. Não tem estúdio nenhum criando jogo para esse console. Por que isso acontece? É a base instalada. Nossa região ainda tem um poder aquisitivo menor, é natural. Nosso trabalho é mostrar para o jogador que ele tem muito a ganhar se comprar um PlayStation 4. Quem está no PS3 não jogou os games dos últimos três anos, porque eles não saíram para a geração anterior. Precisamos mostrar que ele está perdendo coisa boa.

Não é questão de bola de cristal, mas já se discute nessa E3 uma nova geração de consoles. Qual é o paradigma dessa futura geração? Serão os gráficos?

Boa pergunta. Tenho certeza que temos um grupo de cabeças geniais na Sony pensando nisso. Hoje, nada que possa ser dividido. É difícil imaginar o que vem por aí - eu, como jogador, me satisfaço com o que temos hoje, com PlayStation 4 Pro e PlayStation VR. O que eu sei é que o que vai importar no futuro é o conteúdo. Que máquina vai rodar aquele conteúdo eu não sei. Não é irrelevante, mas é algo secundário.

Estadão
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