O problema de 'Sex and the City 2': gênero saiu de moda
Quando o primeiro filme de Sex and the City finalmente chegou aos cinemas, foi um bônus inesperado, como encontrar um grampo de gravata da Tiffany por US$ 1 numa loja de segunda mão empoeirada, ou uma blusa Alexander McQueen no TJ Maxx. Kim Cattrall havia finalmente assinado o contrato para o filme e havia boa razão para entusiasmo. Os fãs ficaram na mão quando a série da HBO terminou em 2004 e, quando o filme estreou em 2008, a cultura pop ainda estava ocupada faturando com o fenômeno de moda e mulheres independentes que Sex and the City havia gerado.
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Nos cinemas, tivemos O Diabo Veste Prada, seguido de Os Delírios de Consumo de Becky Bloom em saltos Christian Louboutin. Na televisão, o ethos da moda feminina de Sex and the City continuou com Cashmere Mafia e Lipstick Jungle. Também tivemos mais do que uma pitada do mundo de Carrie Bradshaw em Ugly Betty.
Mas Betty, a última descendente de Sex and the City, teve seu final definido neste inverno. Depois de mais de uma década de figurinos de Patricia Field para filmes e seriados de TV, o gênero se desgastou, como a última lingerie de Samantha Jones no dia de lavar a roupa. Isso faz da chegada de Sex and the City 2 talvez a sequência mais anticlimática do verão americano, e a razão pela qual eu não estarei na fila hoje para ver o filme ao lado de moças que cheiram a suco de amora, vodca e o perfume Lovely Moments de Sarah Jessica Parker. Os sonhos de todo mundo já não se tornaram realidade no primeiro filme?
De fato, sim. Mas o primeiro Sex and the City gerou US$ 415 milhões, o que tornou uma continuação inevitável. O problema com a sequência em 2010 é que Sex and the City é um momento cuja época já passou. A crise econômica efetivamente esmagou a última dessas fábulas efervescentes. Também há o problema de que 12 anos se passaram desde que as personagens entraram em nossas vidas. Será que uma mulher quarentona deveria ser vista em público usando uma saia tutu?
O seriado de televisão Sex and the City lançou um olhar revolucionário para mulheres de 30 anos em busca do amor em Nova York, mas o filme Sex and the City 2 corre o risco de chegar ao limiar de Menopausa: O Musical, com Liza Minnelli (!) cantando Single Ladies. Ainda pior é o espírito de que o seriado parece ter se perdido em algum lugar das cenas no deserto do filme, que todos nós vimos inúmeras vezes no trailer. Publicidade e merchandising da Mercedes-Benz, Lipton Diet Green Tea, HP e Macy's inundam o estilo de vida de Carrie pelo preço certo. Ainda mais sem vergonha é o fato de Parker usar no filme cinco vestidos de Halston, a companhia na qual ela recentemente assumiu o cargo de diretora criativa de uma linha de roupas.
Houve um tempo em que criatividade, ousadia e anseio pelo amor eram a receita para o sucesso dessa franquia. Temo que isso tenha sido substituído por acordos de chá verde e uma aparição de Miley Cyrus. Na edição de 21 de maio da Entertainment Weekly, o roteirista-diretor de Sex and the City, Michael Patrick King, escreveu uma sequência irônica do filme que se passava em 2040. Pode ter sido uma piada, mas, neste momento, esse humor está começando a ficar perigosamente realista. Golden Girls in the City, já pensou?