Diretor fala pela primeira vez sobre filme de Bolsonaro: 'Sabia que era figura controversa'
Com previsão de lançamento em 2026, filme vai ser, segundo Cyrus Nowrasteh, um 'retrato complexo e honesto' do ex-presidente
O cineasta Cyrus Nowrasteh, diretor do filme Dark Horse, sobre Jair Bolsonaro, falou pela primeira vez sobre o projeto com previsão de lançamento em 2026.
Em entrevista à BBC Brasil, Nowrasteh disse que o filme vai ser um "retrato complexo e honesto" do político brasileiro e que sentiu "que havia muitas perguntas sem resposta em torno desse evento [a facada contra Bolsonaro, em 2018] e que valia a pena explorá-las em um filme".
Nowrasteh contou ainda que estava desenvolvendo outro projeto para ser feito no Brasil quando um produtor americano o colocou em contato com a produtora GoUp Entertainment, de Karina Ferreira da Gama, e com o deputado federal Mário Frias (PL-SP), que teve a ideia do filme.
"Eles queriam fazer algo sobre Bolsonaro. Fiquei impressionado com o Mário e com a paixão dele pelo projeto. Eu sabia que Bolsonaro era uma figura controversa e polarizadora — mas também muito querida", disse o diretor.
Segundo Mário Frias, no filme, o ex-presidente lembra da sua vida em flashbacks - enquanto passa por cirurgias - e termina com sua eleição.
"Vejo a obra como um thriller político contemporâneo, que ajudará a iluminar muito do que está acontecendo no Brasil hoje — e no mundo", explica Nowrasteh.
As gravações de Dark Horse foram encerradas este mês. O filme terá o ator Jim Caviezel - que ganhou fama internacional ao interpretar Jesus no filme A Paixão de Cristo (2004) - no papel do ex-presidente. As primeiras imagens foram divulgadas nas redes sociais nas últimas semanas por políticos e militantes bolsonaristas.
Conhecido por seus filmes com apelo cristão e político, Cyrus Nowrasteh tem em seu currículo participação como coautor do roteiro do filme brasileiro-americano Jenipapo, dirigido por Monique Gardenberg. Seu longa mais conhecido, no entanto, é O Apedrejamento de Soraya M (2008), que conta a história de uma mulher muçulmana condenada à morte em praça pública no Irã devido a uma acusação falsa de adultério.
Ele também dirigiu O Jovem Messias (2016), Sequestro Internacional (2019), sobre um jornalista cristão que vira prisioneiro do Irã após falar de Jesus, e Sarah's Oil (2025), sobre uma menina negra que tem a fé de que a terra que herdou é rica em petróleo.
Nowrasteh compara seu trabalho em Dark Horse com o de cineastas como o greco-francês Costa-Gavras e o diretor americano Oliver Stone, nome por trás do documentário Lula (2024), sobre a trajetória do presidente brasileiro nos anos que antecederam sua vitória nas eleições de 2022.
"Todos se concentram em temas polarizadores e questionam vigorosamente as 'visões aceitas'. Essa é uma tradição longa e nobre. Estou apenas fazendo o mesmo", comparou Nowrasteh.