ESTREIA-"007-Operação Skyfall" renova franquia e promete manter fôlego
SÃO PAULO, 25 Out (Reuters) - No terceiro filme estrelado pelo inglês Daniel Craig, "007 - Operação Skyfall", a cinquentenária franquia do espião inspirada na obra de Ian Fleming pisa fundo na renovação.
O protagonista ainda não. Aos 44 anos, Craig tem contrato assinado para mais duas aventuras. Mas outros qualificados membros do time do serviço secreto MI6 estão partindo, com novas caras subindo a bordo deste lucrativo barco, que promete manter o fôlego ainda por um tempo.
No roteiro, assinado por Neal Purvis, Robert Wade e John Logan, as linhas mestras são relações mãe-filhos --ainda que simbólicas--, conflitos de gerações profissionais, já que ninguém que trabalhe no MI6 pode mesmo ter alguma vida pessoal, e passagem do bastão da liderança. Os tempos mudaram e nem os vilões são mais os mesmos, recorrendo cada vez mais ao ciberterrorismo.
Toda aventura que se preze melhora muito com a qualidade do vilão. Por isso mesmo, uma novidade fundamental está no malvado da vez, o temível Raoul Silva, a quem o talentoso ator espanhol Javier Bardem impregna de psicologia, nuances e bastante humor, com um visual reformulado por um bizarro cabelo louro.
Do outro lado, está o novo Q (Ben Whishaw), o típico nerd capaz de enfrentar esse mundo do terror cibernético a partir de sua casa, de pijama, como ele diz -- o total oposto de James Bond, o homem de ação que está sempre em campo, com licença para matar.
Mantendo uma tradição da franquia, o novo filme começa com uma sensacional sequência de ação, com uma perseguição de motos nos telhados de Istambul, com Bond e o vilão Patrice (Ola Rapace) voando baixo também entre as barracas de um mercado e entrando por numa janela do Grande Bazar, centro comercial do século 15 da capital turca.
A perseguição tem a ver com um HD contendo as identidades de inúmeros agentes infiltrados em organizações terroristas em todo o mundo, roubado por Patrice. Mesmo pulando atrás dele sobre um trem, Bond não consegue recuperar o HD e ainda leva um tiro, que visava o bandido e foi dado por ordem de M (Judi Dench).
Bond some uns tempos e é dado como morto. Mas todo mundo sabe que ele não morreu e vai aparecer na hora certa para dar sequência ao combate aos criminosos que estão decodificando o precioso HD. Enquanto isso, o próprio quartel-general do MI6 em Londres sofre um atentado. M é questionada pelo novo chefe, Garreth Mallory (Ralph Fiennes), se não é hora de pensar na aposentadoria.
A nova Bond girl também é de respeito, a bela e carismática inglesa Naomie Harris. No papel de Eve, ela vai mostrar seu talento até com uma navalha, embora não exatamente para matar.
Um interessante contraponto numa história tão centrada na tecnologia é um certo apelo ao charme do passado -- afinal, é da vida pregressa de M em Hong Kong que vem o novo vilão e sua sede de vingança contra ela. Por isso, a sequência final, na Escócia, tem um apelo ao Rosebud de "Cidadão Kane", entranhando-se nas origens familiares do agente Bond num velho castelo, que tem como guardião Kincade (Albert Finney), um digno mestre em antigas artes, como o manejo exímio dos fuzis de caça e a galanteria dos velhos cavaleiros.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
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