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Documentário mostra 1ª escola para transgêneros do mundo

1 mar 2019 - 11h27
(atualizado às 13h37)
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Dezenas de pessoas transgênero vão diariamente a um colégio secundário de Buenos Aires, o primeiro com perspectiva de gênero do mundo, segundo seu fundador, com a esperança de se formar e ter um futuro melhor graças à educação.

Bandeira da Argentina no Obelisco em Buenos Aires
06/10/2018 REUTERS/Marcos Brindicci
Bandeira da Argentina no Obelisco em Buenos Aires 06/10/2018 REUTERS/Marcos Brindicci
Foto: Reuters

Um grupo dos 150 estudantes que frequentam o "Bachillerato Trans Mocha Celis" filmou um documentário para contar a experiência desta escola pública, aberta para transgêneros, travestis e transexuais, mas também para todo aquele que se sentir hostilizado no sistema tradicional, como mães solteiras, afrodescendentes ou imigrantes.

O filme, que conta em primeira pessoa como o colégio, que emite certificados oficiais, modifica a vida dos que o frequentam, estreou na noite de quinta-feira no cinema Gaumont da capital argentina e competirá no Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, no México, neste ano.

"A ideia é dar visibilidade à realidade dos travestis e trans na Argentina e na América Latina", disse à Reuters em uma entrevista telefônica Francisco Quiñones Cuartas, argentino que fundou a escola em 2011 e dirigiu o documentário com Rayan Hindi, um jornalista franco-libanês.

"É o primeiro curso de ensino médio do mundo reconhecido pelo Estado que tem perspectiva de gênero, diversidade cultural e diversidade sexual. Uma das acepções da palavra trans é 'mais além', então é mais além de nossa orientação sexual, mais além de nossa identidade de gênero, mais além de nosso estrato social, todos temos direito à educação", acrescentou.

Embora não existam estatísticas oficiais, o documentário sustenta que o tempo médio de vida de uma pessoa trans na Argentina e no resto da América Latina é de 35 anos, devido à violência que sofrem e à falta de acesso à saúde, entre outros fatores.

Quiñones Cuartas crê que, mediante o conhecimento de seus direitos e educação, este horizonte pode se ampliar.

"A falta de direitos básicos faz com que o tempo médio de vida baixe a este número (...) é importante que se possa expandir este projeto e que haja políticas públicas integrais. Isto quer dizer bolsas de estudos para estudantes trans, soluções para o acesso a casa, trabalho, saúde, coisas que possam ir revertendo este tempo médio de vida de 35 anos", disse.

"As mudanças que vemos nas companheiras são muito profundas, mas não deixam de ser mudanças particulares", acrescentou. A educação na Argentina é pública, gratuita e laica. Em Mocha Celis se soma a ela a perspectiva de gênero e a diversidade cultural.

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