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Indicados ao Oscar não são favoritos do grande público

Público prefere grandes produções enquanto cinema independente ganha força na premiação

20 fev 2015 - 12h22
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A força do cinema independente é maior do que nunca este ano na cerimônia do Oscar, com sete das oito produções indicadas a melhor filme dentro deste gênero. Mas a bilheteria não reflete o gosto do público, que prefere grandes produções.

<p>Cena de Interestelar, que teve grande bilheteria, mas n&atilde;o est&aacute; entre favoritos do Oscar</p>
Cena de Interestelar, que teve grande bilheteria, mas não está entre favoritos do Oscar
Foto: Divulgação

Interestelar, Operação Big Hero, Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1, Debi & Lóide 2 e Guardiões da Galáxia foram os filmes mais vistos no ano passado nos Estados Unidos, mas os grandes favoritos a vencer o principal prêmio do cinema americano são Boyhood e Birdman.

O primeiro, dirigido por Richard Linklater, e o segundo, do mexicano Alejandro González Iñárritu, são filmes autorais, que superam uma arrecadação de 115 milhões de dólares combinados.

O mesmo acontece com outros indicados a melhor filme, Whiplash, Selma e A Teoria de Tudo, enquanto O Jogo da Imitação e O Grande Hotel Budapeste tem uma arrecadação um pouco melhor, acima de 150 milhões cada, mas nada excepcional em um mundo de grandes produções.

Exceção: filme de Clint Eastwood

A exceção que confirma a regra é Sniper Americano, filme de Clint Eastwood sobre a guerra do Iraque que conseguiu um grande sucesso nos Estados Unidos, um país fanático por histórias bélicas que envolvem seus soldados, onde conseguiu 300 dos 400 milhões de dólares arrecadados.

O analista Jeff Bock, da empresa Exhibitor Relations, afirma que "muitas vezes a audiência ignora as melhores interpretações porque sente mais atração por 'blockbusters'".

"Este ano, os candidatos ao Oscar são projetos muito pessoais, que oferecem ótimos papéis para os atores e atrizes, mas que não chegam necessariamente a um público grande", explica à AFP.

Cinquenta Tons de Cinza

O gosto do grande público ficou bem claro no fim de semana passado, a menos de 10 dias da grande premiação da indústria do cinema americano.

Espectadores de todo o mundo se esqueceram dos indicados ao Oscar e invadiram os cinemas para assistir a Cinquenta Tons de Cinza, um drama erótico massacrado pela crítica e que arrecadou mais de 266 milhões de dólares em todo o planeta.

Filmes indies na disputa

Boyhood, que fez história na indústria cinematográfica por ter sido rodado em 12 anos e por deixar evidente a necessidade de financiamento de projetos de baixo orçamento - custou apenas 4 milhões de dólares - ficou longe de um resultado expressivo nas bilheterias.

Apesar da aclamação da crítica e de ter recebido seis indicações ao Oscar, o filme arrecadou apenas 43.000 dólares nos Estados Unidos no último fim de semana. Desde sua estreia no país, o filme obteve pouco mais de US$ 25 milhões de bilheteria.

Um dos atores do filme, Ethan Hawke, indicado ao Oscar na categoria coadjuvante, defende a presença dos filmes "indie" na disputa com as grandes produções nas premiações de Hollywood.

"Os prêmios são a forma que a indústria tem para a promoção. São importantes porque nos permitem seguir lutando e fazer que o cinema independente seja parte da cultura popular", declarou o ator no dia em que foi indicado.

O paradoxo não é uma novidade na história do Oscar. Basta lembrar de 2010, justamente quando a Academia ampliou de cinco para até 10 o número de candidatos a melhor filme, com o objetivo de garantir a representação do gosto do público.

O favorito dos espectadores era Avatar, uma superprodução de ficção científica de James Cameron que arrecadou 2,788 bilhões de dólares nas bilheterias, um recorde para um filme candidato.

Mas o grande vencedor foi Guerra ao Terror, uma história sobre três soldados americanos na guerra do Iraque, dirigido por Kathryn Bigelow, ex-mulher de Cameron, que arrecadou apenas 49 milhões de dólares.

Crash: No Limite (2006), Onde os Fracos Não Têm Vez (2008), O Artista (2012) e 12 Anos de Escravidão (2014) também venceram o Oscar de melhor filme, apesar das bilheterias modestas.

Com os dados sobre a mesa, produtores independentes como o poderoso Harvey Weinstein - que promoveu este ano O Jogo da Imitação, Um Santo Vizinho e Era Uma Vez em Nova York - apoiam as decisões da Academia.

"Partiu meu coração que Amy Adams não tenha sido indicado por Grandes Olhos, mas Marion Cotillard sim conseguiu (por Dois Dias, Uma Noite), e este filme é incrível, mas não foi indicado a melhor filme. Isto é o que torna o jogo interessante", afirmou no início do mês em Sundance, o festival de cinema independente por excelência.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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