PUBLICIDADE
URGENTE
Saiba como doar qualquer valor para o PIX oficial do Rio Grande do Sul

O que pode e o que não pode acontecer numa transmissão de premiação na era da pandemia

O Oscar tem ainda mais ou menos dois meses para corrigir o que aconteceu de errado em outras cerimônias

5 mar 2021 - 20h10
Compartilhar
Exibir comentários

Os shows de premiação serão apenas a prerrogativa de uma sociedade em que tudo funciona perfeitamente, ou haverá uma maneira de fazer com que funcionem enquanto o mundo ao nosso redor está afundando? São estas as perguntas que muitos em Hollywood estão fazendo depois que a desastrosa cerimônia da entrega dos Globos de Ouro de domingo conseguiu magros 6,9 milhões de espectadores, uma queda vertiginosa em relação aos 18,5 milhões do ano passado.

É evidente que as pessoas têm assuntos mais prementes na cabeça do que saber se Nomadland poderá derrotar Os 7 de Chicago, mas mesmo os fãs casuais do cinema seguramente se sentiram envergonhados (ou mudaram de canal) quando problemas técnicos quase torpedearam o discurso do vencedor do Globo de Ouro Daniel Kaluuya, no ápice do show.

Agora, todos estamos cansados das chamadas de Zoom com problemas, mesmo quando estas vinhetas estão repletas do que há de melhor e mais brilhante em Hollywood.

Ainda faltam quase dois meses para a transmissão do Oscar, no dia 25 de abril, que será produzida por Steven Soderbergh, que frequentemente nos brinda com inovações, ao lado de Stacey Sher e Jesse Collins. Não será uma tarefa fácil para eles montar um espetáculo de gala que atraia os telespectadores em plena pandemia, mas aqui estão as lições que é possível aprender dos shows de premiação que tiveram o azar de serem os primeiros a serem transmitidos.

Fazer checagem de som

Em inúmeras cerimônias às quais assisti este ano, do Gotham Awards ao Globos de Ouro, o primeiro grande vencedor da noite ou não tinha nenhuma ideia de quando falar ou ainda estava com o som desligado quando finalmente começou.

É evidente que serão necessários alguns testes mais caprichados de preparação. Se as estrelas já estão em standby, é melhor continuar a ensaiá-las nos bastidores até que decorem as suas deixas para entrar. (E sempre que possível, fazer com que tenham melhores câmeras e microfones.) Um discurso de agradecimento deveria começar com emoção e sem dificuldades técnicas.

Nada de comédias improvisadas

O Globo de Ouro teve dois pares de apresentadores tarimbados - os veteranos de Saturday Night Live Maya Rudolph e Kenan Thompson, e as apresentadoras Kristen Wiig e Annie Mumolo - mas a tagarelice improvisada de ambas as duplas só contribuiu para que o show mal ajambrado parecesse ainda mais caótico.

A comédia improvisada funciona melhor como aperitivo para o que vem depois em uma cerimônia com um script rigoroso, e é perverso deixar os comediantes baterem cabeça durante o seu tempo em busca de um fecho adequado para suas piadas quando, a esta altura, alguns dos principais vencedores têm os seus discursos rapidamente encurtados pela música de encerramento do bloco.

Ter algumas breves cenas cômicas pré-gravadas

As cerimônias de premiação ao vivo ainda parecem limitadas pelo incômodo distanciamento social, mas muitos shows de cinema e televisão estão de volta em plena produção no mundo todo.

O Oscar poderá aproveitar do tempo de que dispõe e pedir a alguns dos espíritos mais geniais de Hollywood que deixem alguns bits pré-gravados, de 30 segundos, e não mais, de duração, para ajudar a ampliar o fôlego do show de uma maneira segura e criativa. Chamem Taika Waititi e peçam que ele improvise algo engraçado com Chris Hemsworth! Digam a Judd Apatow que terão de ter apenas 30 segundos - e não 60! E qualquer trecho que acabar ficando fora por causa do tempo poderá ser facilmente exibido online no dia seguinte para prolongar o brilho dourado do Oscar.

Não estragar a locação

É sempre engraçado ter uma rápida visão das casas das celebridades, mas depois dos Globos de Ouro, acho que perdi tanto tempo na sala de estar de Aaron Sorkin quanto na minha, no ano que passou. Esperemos que o Oscar consiga atrair mais indicados fora de suas casas.

Se ainda não é seguro enfiá-los no Dolby Theater, ofereçam aos premiados uma variedade de locações interessantes em Los Angeles como o Hollywood Bowl ao ar livre, a impressionante e cavernosa Union Station ou o Museu da Academia, a ser inaugurado dentro em breve, que tem uma variedade de salas e espaços de galerias igualmente adequados para a finalidade.

Espalhem o glamour

Pode ser que a cerimônia do Globo de Ouro não tenha tido uma experiência tradicional anterior com o tapete vermelho, mas o show conseguiu brilhar com a roupas: estrelas como Cynthia Erivo e Anya Taylor-Joy exibiram alguns dos vestidos mais marcantes de suas carreiras durante a cerimônia, aproveitando claramente da chance de serem apreciadas depois do lockdown. Para aqueles que como nós ainda estavam de moleton, foi muito apreciada a rápida explosão de barafunda de Hollywood.

Não permitam que os vencedores sentem

Ainda, parte do glamour acaba quando os atores sequer se preocupam em sair do sofá ao ganhar um dos principais prêmios da TV. Se o vencedor do Oscar é obrigado a fazer um discurso de aceitação remoto, pelo menos deveriam encorajar os ganhadores a se levantarem para a ocasião e a ficarem de pé - desse modo parecerá menos um Zoom casual. (E se eu posso imaginar como equilibrar o meu laptop sobre uma pilha de caixas de sapatos enquanto estou fazendo uma videoconferência, também poderão as celebridades).

Reservem grandes comerciais

O Super Bowl conseguiu transformar a sua duração pesada em algo normal, não um problema. É raro o show em que as pessoas sintonizam especificamente para ver o que acontecerá durante os comerciais. O Oscar deveria aproveitar da mesma oportunidade, preenchendo cada pausa para os comerciais com trechos atraentes de alguns dos maiores filmes do ano. A ABC poderia evitar as quedas de audiência do Globo de Ouro se a sua controladora Disney prometesse os primeiros trechos de filmes como West Side Story, por exemplo, e os próximos trailers de The Eternals e Shang Chi da Marvel e outros estúdios deveriam seguir o exemplo.

Vendam-nos a magia do cinema em cada pausa para os comerciais e aquela excitação seguramente se transmitirá para o show em si. Depois de um ano horrível para os fãs de cinema, durante o qual todo o setor de salas de projeção despencou, todos aqueles trailers poderiam funcionar como um serviço público. Por fim, há algo para continuarmos a olhar para frente.

Tradução de Anna Capovilla

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade