Entrevistas

Ron Howard: "Se você acha que não vai gostar, não vá ao cinema"
Por Janice Scalco

Você vê essa linha entre fé e ciência? Você aprendeu algo com toda essa controvérsia?
Eu, particularmente, não vejo essa linha, mas admito que ela exista em alguns círculos. Dan (Brown) define isso claramente no livro e eu fiquei muito interessado em trabalhar com isso. Em termos de controvérsia, do que estou aprendendo... . Acho que é ter uma certa distância em relação a isso. Porque enquanto intelectualmente eu entendo que, de uma forma emocional, algumas das idéias do filme podem ser desanimadoras, tudo o que eu posso dizer é: "se você acha que não vai gostar, não vá ao cinema". "Fale com alguém mais tarde, veja o que eles acharam e avalie". Eu sei que, no meu coração, não estou lá tentando deixar alguém triste propositalmente. Mas, ao mesmo tempo, se eu não acreditasse em algum dos temas, em alguma questão, na análise que Robert Langdon faz de alguns assuntos, eu não faria esse filme. Se isso é controverso, que seja.

Tem algo que você queria dizer para deixar claro que você não está tentando atacar ninguém com seu filme?
Bem, eu espero e sempre esperei que o filme apresentasse em seus temas e idéias uma visão equilibrada. Queria que o filme mostrasse vários dos valores que a Igreja oferece à humanidade e, ao mesmo tempo, a possibilidade que qualquer instituição tem de ser subvertida e de ter seu poder abusado por seres humanos. O filme nunca foi feito para ser um ataque à fé ou aos princípios da Igreja Católica ou de qualquer outra igreja. Esse era o equilíbrio que nós estávamos tentando criar. Esses abusos de poder são uma das raízes dessa crise que a Igreja está passando e que faz Langdon ser chamado. Acho que quando as pessoas assistirem ao filme, elas sentirão reflexos dessa visão que eu tentei trazer como diretor.