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'Sacolé com bala' vendido em pré-carnaval no Rio será investigado pela Polícia Civil; entenda caso

Produto com MDMA, que viralizou na internet, é comercializado em blocos da cidade com o nome de 'Breaking Head'

25 jan 2024 - 12h54
(atualizado às 13h13)
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'Sacolé com bala' viralizou nas redes e virou caso de polícia
'Sacolé com bala' viralizou nas redes e virou caso de polícia
Foto: Reprodução/Twitter

O carnaval do Rio de Janeiro se tornou assunto na internet com um viral um tanto inusitado e muito perigoso. No último dia 14, um folião postou a foto do 'sacolé com bala' - também conhecida como MDMA ou ecstasy - em um bloco da cidade.  De lá para cá, a foto bateu mais de um milhão de visualizações e virou caso policial. 

Isso porque a repercussão foi tanta que chegou até a Polícia Civil do estado. Ao Terra, a PCERJ confirmou que a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) abriu uma investigação para identificar os envolvidos na comercialização do produto. A Polícia Militar do Rio não respondeu às tentativas de contato. 

Entenda como começou

No dia 14 de janeiro, o jornalista Tiago Ribeiro publicou no X (antigo Twitter) uma foto que mostrava o ‘sacolé com bala’ em um bloco no Aterro do Flamengo, Zona Sul do Rio. "Isso mesmo, aquela bala que criança não toma!", explicou. 

Ao fundo, o banner trazia o nome fantasia da bebida: Breaking Head, uma clara referência a série americana Breaking Bad, que trata sobre o uso e a comercialização de drogas sintéticas.  

Logo de cara, o registro se espalhou. A surpresa dos usuários com a venda livre da droga pelos blocos de carnaval se converteu em engajamento e o post viralizou. Muitos queriam saber o valor do produto. "R$ 30", respondeu Tiago. Alguns até questionaram: "É real mesmo?". 

Outra observação foi a maneira diferente de como o produto estava sendo vendido: dentro de um saquinho plástico em opções com sorvete ou vodca em sabores variados. "Com vodca? Não sabia que podia misturar com álcool", sinalizou um usuário. 

Apesar de ser novidade para muitos, parece que o 'sacolé com bala' já circula no carnaval carioca há algum tempo. Em uma pesquisa rápida no X, são facilmente encontradas publicações de anos anteriores sobre o produto. 

Em um post de 2020, um internauta escreveu: "As vezes, me pego lembrando do dia em que eu estava em um bloco de carnaval e tinha um cara vendendo sacolé de bala com um cartaz escrito 'Breaking Head'". Em resposta a um seguidor, ele afirmou que o fato aconteceu em 2018, há 6 anos. 

Usar 'sacolé com bala' é crime?

Como muitos sabem, comercializar ou traficar drogas é crime no Brasil. O fato está tipificado pelo artigo 33 da Lei 11.343/2006, que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad). 

A venda do 'sacolé com bala' incorre justamente nessa legislação. Quem vende, se pego pela Polícia, pode ter uma pena com reclusão de 5 a 15 anos e o pagamento de multa. 

Segundo o advogado Waldir Batista de Oliveira, a venda de 'sacolé' com ecstasy ou até mesmo dos já conhecidos "brigadeiros de maconha" é apenas uma forma de driblar a lei e dificultar o flagrante. 

"As pessoas estão criando mecanismos para evitar serem punidas. Porém, a falta de punição não tira a qualificação do crime, caso o vendedor tenha consciência de que esteja comercializando um produto com a substância ilícita", explica. 

Pré-carnaval do Rio de Janeiro já começou
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Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

E quem usa, se complica também? A resposta é depende. Quem escolhe usar o ‘sacolé com bala’ também pode ser enquadrado no Sisnad. De acordo com o artigo 28 da mesma lei, quem faz uso de drogas sem autorização legal também pode ser penalizado.

Para o folião que compra um sacolé em um bloco de carnaval e não é avisado que dentro dele possui MDMA, o destino é diferente. "Se você compra um pedaço de bolo porque gosta de doce ou um sacolé para 'matar' o calor, sem a menor consciência de que ali existe uma substância psicotrópica, é claro que não pode ser enquadrado como crime", afirma.

Porque não experimentar

Para além das consequências legais do uso de produtos como o 'sacolé com bala', estão os efeitos da substância no organismo do usuário. De acordo com a psiquiatra Bruna Monte Christo, grande parte dos riscos do uso de MDMA são ligados ao fato da droga ser derivada da anfetamina.

"Isso faz com que aumente a pressão sanguínea, a frequência cardíaca, eleve a temperatura corporal e também reduza a capacidade do corpo de liberar calor”, detalha a profissional que atua nos Centros de Atenção Psicossocial do Rio de Janeiro. 

Aglomeração, calor e 'sacolé com bale' é combinação perigosa
Aglomeração, calor e 'sacolé com bale' é combinação perigosa
Foto: facebookBloco Sai, Hétero! / Flipar

No contexto do carnaval, os efeitos podem ser ainda piores. Para quem usa a droga, a junção da aglomeração com o calor excessivo do verão são um prato cheio para o perigo. "Como o MDMA aumenta a temperatura corporal causando superaquecimento, isso pode piorar nesses ambientes de aglomeração e calor, e também na mistura do álcool, que é algo comum na folia”, diz. 

Segundo Bruna, a utilização de álcool sob a influência de drogas estimulantes leva a pessoa a consumir maiores quantidades de bebida, sem que sinta efeitos imediatos.

Além do álcool, a água também pode ser um problema para quem escolhe usar MDMA na festa. Com a preocupação de não se desidratar embaixo do sol e do calor, o folião acaba ingerindo grandes quantidades do líquido. 

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“Essa ingestão excessiva de água junto à retenção de líquido causada pelo MDMA pode provocar a redução anormal da concentração de sódio no nosso organismo, o que dá náuseas, dor de cabeça, tontura, fadiga e confusão mental", ressalta a psiquiatra. 

Quando a pessoa escolhe consumir um alimento com droga, ela não tem como saber a procedência daquele material e a quantidade contida nele. Para Bruna, isso é um grande risco. 

"Grande parte das drogas consumidas no carnaval são adulteradas. Normalmente, as pessoas não sabem a ‘pureza’ e acabam ingerindo metanfetaminas misturadas com catinonas sintéticas. Nesse caso, as chances dos efeitos e riscos são enormes!", pontua. 

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Fonte: Redação Terra
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