Como era comemorado o carnaval antigamente?

Um dos feriados favoritos dos brasileiros, o Carnaval é uma parte da nossa cultura e arrasta multidões pelas cidades no país todos os anos, além de movimentar a economia e trazer milhares de turistas. A volta do Carnaval pós pandemia fez com que o Rio de Janeiro tivesse expectativa de recordes de arrecadação no turismo na cidade, por exemplo.

Mas, antes de ser essa festa que coloca bloquinhos nas ruas, festas em baladas e escolas de samba para desfilar, o Carnaval era comemorado de uma maneira muito diferente.

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Como surgiu o Carnaval no Brasil?

O Carnaval foi trazido pelos portugueses para o Brasil por volta do século XVII. Na época, ele era chamado de Entrudo, e consistia em uma série de brincadeiras nas quais as pessoas saíam às ruas para sujarem umas às outras.

Essas festas possuíam a divisão social causada pelo regime escravagista da época: escravos e pessoas negras brincavam nas ruas, enquanto as famílias brancas brincavam nas casas.

Depois da Declaração de Independência, o Entrudo passou a ser considerado uma brincadeira atrasada e negativa, devido às suas raízes coloniais. Foi aí que, a partir da iniciativa de intelectuais, artistas e imprensa, o Brasil adotou os modelos de festas trazidos de países como Itália e França.

Nesses lugares, era comum que carros fossem decorados para irem às ruas e pessoas saíssem fantasiadas para festejar o Carnaval — palavra que vem da expressão em latim carnis levale, cujo significado é “retirar a carne” e é uma referência à Quaresma, o período que acontece antes da Páscoa no catolicismo.

Por isso, a partir do século XIX, as festas e desfiles de rua começaram a se popularizar no Brasil, em uma quebra das tradições coloniais trazidas pelos portugueses e moldando o que conhecemos hoje em dia como Carnaval.

Como era comemorado o Carnaval antigamente?

No Brasil, o Carnaval era comemorado antigamente com o Entrudo, mas, quando essa brincadeira caiu em desuso, os foliões passaram a buscar novas maneiras de celebrar a data.

Entrudo

No Brasil, uma das primeiras manifestações de Carnaval foi o Entrudo, trazido para o país pelos portugueses e que consistia em uma brincadeira onde as pessoas saíam às ruas sujando umas as outras com urina, lama, ovos, farinha e limões de cheiro — que eram bolas de cera cheias de água. Acredita-se que a brincadeira foi trazida pelos portugueses da Índia, mas ela logo foi abandonada depois da Independência do Brasil.

Cordões

No século XIX, os cordões se popularizaram. Eles eram grupos de foliões que, fantasiados e mascarados, andavam um atrás do outro, dançando e caminhando em conjunto.

Existem indícios de que alguns cordões escolhiam um tema para que todos usassem o mesmo tipo de fantasia. Geralmente, as fantasias tinham temas políticos e religiosos, como diabos, reis, rainhas, príncipes e princesas, ou mais descontraídos, como palhaços e velhos.

O cordão era conduzido por um mestre e haviam pessoas que tocavam músicas com instrumentos de percussão para que os participantes pudessem dançar.

Em 1902, em torno de 200 cordões foram licenciados pela polícia do Rio e, em 1906, o jornal Gazeta de Notícias organizou o primeiro concurso de cordões da cidade. Porém, apesar da popularidade, os cordões caíram em declínio no século XX, sendo substituídos pelos blocos e ranchos de Carnaval na preferência popular.

Ranchos

Os ranchos carnavalescos eram grupos de pessoas que faziam desfiles de Carnaval, parecidos com o que as escolas de samba seriam no futuro.

Esses desfiles eram como uma espécie de procissão, com um Rei e uma Rainha do Rancho, Mestres de Harmonia, um Mestre de Canto e um Mestre de Sala encarregado da coreografia. Além disso, havia um estandarte, carregado pelo Mestre-Sala e pela Porta-Estandarte.

Uma característica que marcava os ranchos eram as marchinhas tocadas por eles: musicalmente falando, elas eram vistas como mais pausadas do que os samba-enredos das escolas que fazem sucesso atualmente. "Ó Abre Alas", de Chiquinha Gonzaga, é um exemplo de marcha rancho — e também é considerada a primeira marchinha de carnaval escrita no Brasil.

Os ranchos começaram a entrar em declínio em 1950 e acabaram definitivamente na década de 80, influenciando tanto as escolas de samba quanto os blocos carnavalescos.

Blocos de Carnaval

Semelhantes aos cordões, os blocos de Carnaval eram formados por grupos de foliões que saíam às ruas para comemorar a data, marcando a festa de rua e sendo um meio termo entre a organização das grandes sociedades carnavalescas e a confusão dos cordões.

Apesar disso, o interesse das pessoas pelos blocos de rua diminuiu com o passar dos anos, retornando com a popularização do Carnaval de rua nas últimas décadas.

Os blocos se tornaram maiores, arrastando multidões, e são uma maneira de tornar o Carnaval acessível para todos — afinal, há blocos com variados temas que agradam a todos os públicos com seus nomes divertidos e músicas diferenciadas.

Escolas de samba

Responsáveis por alguns dos mais belos desfiles de Carnaval do mundo, as escolas de samba surgiram na década de 20. Elas foram criadas e organizadas por moradores dos subúrbios e das favelas do Rio de Janeiro e São Paulo, em uma tentativa de fazer parte da festa de carnaval também. 

Muitos elementos dessas escolas foram herdados dos ranchos carnavalescos e eram trazidos para elas por seus fundadores, que também faziam parte dos ranchos.

O primeiro desfile de escola de samba no Brasil aconteceu em 1932, no Rio de Janeiro. Com a participação de 19 escolas — chamadas de "grupo" à época — a Estação Primeira de Mangueira foi a vencedora da disputa.

Atualmente, os desfiles de escolas de samba brasileiras — principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo — são famosos no mundo inteiro e celebrados por pessoas de diversos locais que vêm até às cidades brasileiras para comemorar o Carnaval e assistir às apresentações.

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