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Tony Mendez: morre espião da CIA que resgatou diplomatas no Irã fingindo ser cineasta e inspirou filme 'Argo', de Ben Affleck

Conhecido por liderar missão que salvou seis diplomatas após tomada da Embaixada americana em Teerã na Revolução Iraniana, Tony Mendez morreu no domingo aos 78 anos.

21 jan 2019 - 06h12
(atualizado às 07h36)
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Tony Mendez trabalhou como especialista em disfarces na CIA
Tony Mendez trabalhou como especialista em disfarces na CIA
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O ex-agente da CIA Tony Mendez, que inspirou o filme Argo, vencedor do Oscar em 2013, morreu neste domingo aos 78 anos.

Ele sofria da mal de Parkinson havia alguns anos. Enquanto foi agente da CIA, a agência central de inteligência dos Estados Unidos, Mendez se especializou em disfarces, falsificações e resgates.

Sua missão mais famosa foi em 1980, quando posou de cineasta fazendo um filme no Irã e conseguiu resgatar seis diplomatas americanos que estavam ilhados na Embaixada canadense em Teerã.

Os americanos estavam abrigados ali depois que um grande grupo de estudantes e militantes islâmicos atacou a Embaixada dos Estados Unidos, mantendo 52 funcionários e diplomatas americanos como reféns - causando uma grave crise diplomática entre EUA e Irã.

A Embaixada americana foi tomada por 444 dias. Os estudantes, que apoiavam a Revolução Iraniana de 1979, exigiam que os EUA entregassem o xã do Irã para que este fosse levado à julgamento. O auge da crise veio em abril de 1980, quando os EUA tentaram resgatar os reféns em uma fracassada operação militar - que resultou na morte de 8 soldados e um civil iraniano.

Mendez conseguiu contrabandear os diplomatas que estavam na Embaixada canadense dando-lhes passaportes do Canadá e ensinando-os a posar de membros da equipe que estava no país fazendo um filme de ficção científica (que não existia), chamado "Argo".

Com ajuda do Canadá, o grupo conseguiu enganar a segurança iraniana e embarcar em um voo para Zurique, na Suíça.

Ben Affleck, que dirigiu e atuou no filme Argo, que conta a história, disse que Mendez é um "verdadeiro herói americano".

"Ele era um homem de graça, decência, humildade e gentileza extraordinárias", disse Affleck em um post no Twitter.

"Ele nunca buscou fama por suas ações, apenas queria servir o seu país."

https://twitter.com/BenAffleck/status/1086806115759738880

O ex-diretor da CIA Michael Morell disse que ex-agente "era um dos melhores oficiais que a CIA já teve."

"Seu trabalho era único, e ajudou a proteger nossa nação significativamente."

Christy Fetcher, agente literário de Mendez, disse que ele morreu "cercado pelo amor de sua família" e que "fará muita falta".

'Antes de tudo, um artista'

Nascido em 1940, Mendez trabalhou como desenhista após se formar, e entrou na CIA depois de responder a um anúncio misterioso que procurava um artista gráfico.

Em sua carreira de 25 anos, ele trabalhou com maquiadores e especialistas em efeitos especiais de Hollywood para aperfeiçoar disfarces e falsas identidades.

Serviu em diversos postos no exterior, a maioria na Ásia.

Quando salvou os diplomatas americanos no Irã, em 1980, ele os ajudou a fingir que eram canadenses produzindo um filme de ficção científica (que não existia), chamado Argo.

Os funcionários do governo americano estavam abrigados na embaixada canadense em Teerã após uma multidão enfurecida ter atacado a embaixada americana na capital iraniana.

Com ajuda do Canadá, o grupo conseguiu enganar a segurança iraniana e embarcar em um voo para Zurique, na Suíça.

Depois de se aposentar da CIA, Mendez abriu um estudo de arte e escreveu suas memórias sobre as experiências que teve como agente do governo.

"Eu sempre me considerei, antes de tudo, um artista", disse ele certa vez ao jornal americano The Washington Post. "E, por 25 anos, também fui um ótimo espião."

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