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Instalação apresenta cantigas de ninar do Brasil

Instalação aborda a memória afetiva de mulheres no Museu da Imigração em SP.

10 nov 2021 - 07h00
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Eva Castiel, Fanny Feigenson e Fulvia Molina
Eva Castiel, Fanny Feigenson e Fulvia Molina
Foto: Divulgação

Mátria - Êxodos Contemporâneos” é o nome da instalação de arte multimídia das artistas Eva Castiel, Fanny Feigenson e Fulvia Molina no Museu da Imigração sobre mulheres imigrantes contemporâneas e o elo afetivo fundamental estabelecido entre mães e filhos através das cantigas de ninar, que passa a ocupar 2.900m² dos jardins do Museu.  

Mátria, cujo conceito é intrinsecamente ligado às origens, histórias e antepassados de todos nós, é composta de uma instalação sonora e um vídeo. Constituída de mais de uma dezena de caixas de som espalhadas pelos jardins do entorno do museu, a instalação sonora reproduz, continuamente, canções de ninar – originárias de Portugal, Argentina, China, Japão, Espanha, Itália, Hungria, Brasil, e nossa Amazônia –, entoadas em suas línguas de origem materna, inclusive em iídiche, por mulheres contemporâneas, gravadas especialmente para o projeto.

"Muitas das músicas são apenas cantadas entre os dentes: O sono vem com o ritmo sozinho e a vibração da voz nesse ritmo'', afirma o curador Márcio Seligman-Silva no texto de apresentação e, citando o poeta espanhol Federico García Lorca, destaca que as canções de ninar têm uma origem popular entre mulheres que sentem a maternidade como um desafio diante de sua pobreza contínua. "As letras das canções vão contra o sono e seu rio tranquilo. O texto provoca na criança emoções e estados de dúvida, terror, contra os quais a mão borrada da melodia tem que lutar, penteando e domando os cavalos empinados que esvoaçam nos olhos da criatura."

O medo é tema nestas canções, despertado na criança através de personagens como o "bicho papão", e "empurra-a para o mundo do sono, na sua busca por proteção. Também as suas mães foram empurradas de suas pátrias. Também elas buscam, aqui, construir uma Mátria entre nós".

Já o vídeo, com o depoimento da jovem universitária venezuelana Saray, que descreve as agruras pelas quais passou – teve que parar os estudos, vender tudo que tinha, para poder sobreviver, até o desafio de migrar para um país estranho – será exibido em looping, em uma instalação na antiga plataforma ferroviária, aonde chegavam os imigrantes que vinham do Porto Santos. Ela fez parte, com seu marido, do primeiro grupo de venezuelanos que chegou a São Paulo, em 2019, através da Missão Paz.

A exposição ficará em cartaz até 26 de dezembro, no Museu da Imigração, edifício no qual funcionou por quase um século (1887 - 1978) a Hospedaria de Imigrantes do Brás, que fazia o acolhimento dos imigrantes que chegavam a São Paulo. Desde 1993, a instituição preserva a história dessas pessoas e fomenta o diálogo sobre as migrações como um fenômeno contemporâneo.

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