Por quê o filme tem esse título?
A maioria das produções cinematográficas de longa-metragem em todo o mundo, inclusive no Brasil, ainda utilizam sal de prata, a substância química que torna o filme (uma fina película de acetato de celulose) sensível à luz. Desde meados da década de 80, contudo, as tecnologias digitais participam ativamente dos processos de realização, primeiro na montagem, depois na própria captação de imagens. A morte do filme já foi anunciada muitas vezes, e o recente sucesso de produções inteiramente digitais (mesmo que esteticamente tão diferentes), como "Dançando no Escuro", de Lars Von Trier e "Star Wars - A Ameaça fantasma", de George Lucas, parecem comprovar esse raciocínio. Que o filme baseado em sais de prata vai morrer, não há dúvida. Resta saber quando: o fim da vida do que chamamos de "filme" é tão enigmático quanto o final da vida de qualquer ser humano.
O filme "Sal de prata", apesar de ter o velho filme "químico" como suporte na maioria das suas cenas, também usa e abusa da imagem eletrônica. Dentro da trama, que tem como pano de fundo o mundo do cinema, os realizadores optam pelas tecnologias mais adequadas para cada orçamento, o que vai gerar uma saudável salada de fruta nas imagens do longa de Gerbase, que adverte: "Essa discussão metalingüística da tecnologia está presente, mas as emoções dos personagens que sempre são muito mais importantes." O diretor de fotografia de "Sal de prata", Jacob Soletrinick encarou o desafio de misturar imagens captadas em 35mm e em DV (Digital Vídeo), procurando, ao mesmo tempo, manter um excelente nível técnico e espelhar as diferenças essenciais entre as duas tecnologias, que devem conviver ainda por alguns anos.