Tim Burton é um dos mais significativos diretores americanos da atualidade

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Tim Burton não quis fazer um "remake", mas uma nova "reimaginação" de Planeta dos Macacos

Tim Burton é um dos diretores americanos que mais desperta simpatia por parte de cinéfilos. Este californiano conseguiu trabalhar para os grandes estúdios sem que, em teoria, tenha hipotecado nem mesmo uma parcela de seu talento. É muito provável que a esta altura não reste a menor dúvida de que Tim Burton é um cineasta singular, estranho e inclassificável, um caso raro dentro do panorama atual do cinema norte-americano.

Singular porque é único e carrega uma personalidade peculiar. De certo modo, seria um autêntico autor, com um universo próprio, tal e como diriam os críticos da Cahiers du Cinéma - "com tripas cinematográficas e que leva o cinema no sangue, ao contrário dos europeus que, pelo menos teoricamente, o têm na cabeça" -, possuidor de um estilo inconfundível, acentuado pela gama de cores que se repetem em seus filmes.

Estranho porque, é diferente de todos os cineastas de sua geração, inclusive de gerações anteriores, e porque cria em seus filmes um mundo irreal, com momentos claustrofóbicos e irrespiráveis, produto de sua estranha imaginação. E inclassificável porque versa sobre diferentes temas, situações e climas.

Se você procura um filme que faça parte do cinema popular, o trabalho de Tim Burton em Planeta dos Macacos não será de seu agrado. Mas isso não o preocupa porque lhe encanta explorar o bizarro e o macabro. De fato, em Hollywood, Burton se converteu em uma espécie de símbolo do gótico. Desde pequeno Burton se interessava em assistir à TV, mas detestava o estilo de vida burguês dos subúrbios onde vivia com sua família (o filme Edward Mãos de Tesoura, de 1990, apresenta um claro retrato destes subúrbios do ponto de vista do diretor).

Assim, em vez de sentar-se na varanda de sua casa para vender limonada ou participar da liga infantil de beisebol de seu bairro, como todos os outros garotos de sua idade, Burton lia os contos de Edgar Allan Poe e imaginava mundos onde sapatos falantes reinavam supremos. Ao terminar a escola secundária, o jovem Burton se inscreveu no Instituto de Artes da Califórnia para estudar animação. Pouco tempo depois começou a trabalhar para a Disney, período de sua vida que, ironicamente, ainda lhe traz pesadelos.

Burton recorda que nunca se encaixou na equipe de desenhistas da Disney porque não podia desenhar "zorros adoráveis" - em 1981, colaborou como animador em The Fox and The Hound. Mas a sorte estava ao seu lado, já que Paul Reubens (mais conhecido como Pee-wee Herman) teve a oportunidade de ver Vincent, um tributo a Vincent Price em preto e branco que Burton havia criado em 1982, e imediatamente decidiu que havia encontrado a pessoa correta para dirigir Pee-Wee's Big Adventure (1985).

Posteriormente, Burton dirigiu Os Fantasmas se Divertem (Beetlejuice- 1988), outro filme que se converteu em um sucesso inesperado, e no ano seguinte, Batman, um dos filmes de maior bilheteria de todos os tempos. Ambos trabalhos foram suficientes para que Hollywood o aceitasse: finalmente o lunático com uma inclinação pelo gótico (cujos curtas-metragens haviam sido recusados pela Disney por considerá-los inadequados para crianças) se encontrava agora no topo do mundo. Hoje, 12 anos e cinco filmes depois (entre eles, Ed Wood, um filme que fracassou com o público mas que recebeu a melhor crítica de toda sua carreira), Burton está no comando da nova versão de Planeta dos Macacos, ainda que ele não veja o filme como um remake do original, mas sim uma "reimaginação".

Recentemente em uma entrevista com o jornal The Los Angeles Times, Burton manifestou que, desde o princípio, sua intenção era a de fazer um "remake" que não fosse totalmente um "remake". "Na realidade, não se pode recriar Planeta dos Macacos porque o contexto e a sensibilidade da década de 60 já não é a mesma. É necessário vê-la de uma perspectiva distinta. Eu senti que havia algo estranhamente imperioso com estes macacos falantes.

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