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Filme: X-MEN





De: Ailton Monteiro de Fortaleza

É bom saber que vc está de volta à coluna de cinema do Terra. Já sinto falta do Reichenbach, que anda meio ausente e para quem eu costumava mandar cartas. Nunca escrevi pra vc., mas agora senti vontade. X-Men é mesmo um filme que dá prazer de ver. Principalmente pra quem se familiarizou com os heróis dos quadrinhos na infância ou na adolescência, como é o meu caso. As clássicas histórias de Chris Claremont e os desenhos de John Byrne são inesquecíveis. Os efeitos especiais estão ótimos, apesar de discretos, mas o que torna X-Men um bom filme é a história, que flui como nenhum outro filme adaptado de revista em quadrinhos. Quando a sessão termina já dá saudade. Que venha X-Men 2. E a propósito: filmar Watchmen seria uma grande responsabilidade e, ao invés de Terry Gilliam, eu indicaria Robert Zemeckis.

De: Gerba

Eu não indiquei o Gilliam. Ele é que se indicou e pensou em fazer o filme. Que eu saiba, já tinha até um roteiro escrito. Depois, quando o ele e o estúdio perceberam o tamanho da encrenca em termos de produção, cenários, efeitos, necessidades de elenco, etc., abandonaram a empreitada. Mas concordo que Zemeckis, pelo tipo de filme que já fez, seria um bom nome para essa tarefa dificílima e, segundo a opinião de muitos fãs de Alan Moore, impossível. Também sinto falta do Carlão.

De: André Gonzales

Estou escrevendo em resposta à sua crítica do filme X-Men. Em primeiro lugar, gostaria de dizer que acompanhei os heróis da Marvel e DC por mais de 12 anos, especialmente Homem-Aranha, X-Men, Super-Homem e Batman. Então, ao longo dos anos eu sempre fiquei acompanhando as adaptações de quadrinhos que faziam para o cinema. Confesso que houve poucos filmes bons, mas eu estava muito ansioso pra ver este dos X-Men. E, ao ler sua crítica no Terra, só tenho uma coisa a dizer: concordo em tudo o que vc disse. Mas o mais engraçado foi uma coisa que vc disse que não tem relação com o filme, sua citação do Watchmen. Eu sempre pensei nesta hipótese: se fizessem um filme sobre esta obra-prima, o filme seria, no mínimo, muito interessante. Porque eu penso que se um filme tem um bom argumento, mesmo que ele seja feito com poucos recursos, o resultado é bom. E vc não cogitou também V De Vingança?

De: Gerba

Mas como fazer Watchmen com poucos recursos? Acho muito difícil. O V de Vingança já me parece mais viável. Também sou fã de HQs de longa data, mas não dos X-Men em especial. Isso me assustava um pouco antes do filme começar: será que eu enfrentaria o mesmo problema de quando assisti a X-Files, ou seja, estar "por fora" do universo retratado? Só que, ao contrário de X-Files, X-Men apresentou os personagens (como qualquer filme deve fazer), explicitou o conflito e deu uma chance para os não-iniciados se divertirem. E isso é obra de um bom roteiro e um bom diretor. Por outro lado, a adaptação de uma HQ tem os mesmos – e muitos -desafios de qualquer adaptação literária, mais um: como as HQs têm imagem, o grau de exigência dos fãs no (escorregadio) quesito "fidelidade" é ainda maior.

De: Ana Carolina Coutinho

Quando entrei na net nesta terça feira, por uma TOTAL eventualidade, ao ler as principais manchetes do Terra, vi a da sua coluna que diz: "Gerbaso solta o verbo sobre X-Men". Fiquei p...! Como? Assisti ao filme no domingo, a-do-rei, e pensei: como sempre "lá vem mais um daqueles caras que metem a boca nos filmes mais divertidos do mundo". E olha só: pela primeira vez visitei sua coluna, nunca tinha lido, nem visto aqui, e lá estava uma crítica maravilhosa, sutil e compatível, pois não é porque vc gosta de filme complicado que tem que falar mal deles... AMEI!!!! Esteja certo de que vc ganhou mais uma fã! Parabéns! E, é lógico, adorei X-Men...

De: Gerba

Meu norte é: não pedir a um filme mais do que ele se propõe a ser. Claro, também podemos julgar as eventuais fragilildades (ou erros) dessa proposta. Também podemos ter restrições ideológicas ou estéticas a esta proposta. Mas, no limite, cabe ao crítico de cinema analisar se o filme vai agradar, ou não, a quem está disposto a aceitar a proposta. Se X-Men pretendia ser apenas um filme de fantasia e ação, adaptando personagens de HQ, com uma história clássica de preconceito por trás, creio que ele cumpriu rigorosamente o que planejou. Pra que complicar? Quem gosta de filme "complicado" (e eu gosto) deve fazer essa distinção.

De: Marcelo Vedovelli

Li seu artigo sobre o filme X-Men e me senti na obrigação de lhe mandar elogios. Foi show, amigo! Faz muito tempo que eu não lia comentários tão claros e precisos sobre filmes de uma maneira espontânea e positiva. Você não é como (...), que não passa de um mero contador de filmes com senso crítico ridículo, dizendo coisas óbvias, sem conhecimento verdadeiro. Os comentários dele e de outros não passam de "leia nas costas da capa da fita de vídeo e pronto". Parabéns! Honre seu trabalho, porque dar valor você pode deixar com a gente.

De: Gerbase

Obrigado, Marcelo. Cada crítico tem o seu estilo e, principalmente, o seu espaço. Um cara não pode fazer muito mais do que contar a história se só tem dez linhas. Eu sou um felizardo de poder escolher o filme e depois escrever quantas linhas quiser, sem qualquer censura ou preocupação mercadológica. Mas não sou, muitas vezes, tão claro quanto gostaria de ser. Além disso, existem vários excelentes críticos de cinema no Brasil (pelo menos na minha opinião).

De: José Ricardo Pinto

Antes de mais nada, seja muito bem vindo ao teu próprio espaço no portal Terra. Tava muito desanimado com tuas férias, porque não havia ninguém pra dividir minha opinião com o que ando vendo ultimamente. Também andei lendo uma reportagem no JB(Rio) sobre teu filme e um pouco sobre tua vida regressa. Da tua paixão pelo rock, a tua banda grunge e da finalização do teu filme. Já fiquei sabendo que tem umas cenas fortes de sexo ao som de rock pesado e que seria uma espécie de "continuação" de Beleza Americana (guardando as devidas proporções) e por aí vai. Tô torcendo pra que teu filme entre logo em cartaz e para que você abra um espaço para críticas dos leitores que te acompanham (como eu).

Vamos ao X-MEN, cujo título podia ser também X-BURGER, de tão descartável e de rápida digestão (se bem que um X-BURGER fica horas no estômago). O filme é legal, tem atores muito bons e ótimos efeitos especiais. Como era de esperar de um badalado produto americano. O diretor (Bryan Singer) não é nenhum babacão pau mandado de estúdio e consegue imprimir sua marca num filme adaptado de quadrinhos tão famoso. De minha parte, nunca havia sequer ouvido falar em Wolverine, ou Mística, ou Magnetto. A apresentação dos personagens é bacana, econômica e ligeira. Parte logo para a ação, para onde o filme quer chegar: na vingança dos oprimidos mutantes, que querem ser "libertados" de seu estigma de serem diferentes. Por outro lado, há o equilibrado Prof. Xavier, que clama por paz entre as raças. Uma espécie de ONU dos mutantes. E, por fim, há o Pit Bull Wolverine que é introduzido neste mundo dos diferentes com a mesma indignação que nós, espectadores, apreciamos cada cena com fortes apelos especiais.

No entanto, as cenas de lutas e de ação, que exigem maiores efeitos, sofrem do mesmo defeito que TODOS os filmes americanos andam enfrentando ultimamente. São rápidas demais ao olho humano, dificultando toda e qualquer compreensão do que se vê na tela e tendo que digerir rapidamente aquela cena mal resolvida (daí a alusão ao X-Burger), pra uma outra ainda mais veloz e incompreensível. Numa certa altura do filme, fui rapidamente ao banheiro para um xixi (coisa de uns 2 minutos na máximo) e quando voltei à sala de projeção, já não havia nada na cena que lembrasse o que havia deixado para trás, tal a velocidade da ação e também da compreensão. Então me pergunto: porque o americano gosta tanto dessa velocidade? O que os excitam tanto, a ponto de fazer verdadeiras montanhas russas cinematográficas, quando poderiam gerar cenas muito mais impactantes e explícitas, sem mesmo apelar para tanta violência? Saí esvaziado e um pouco cansado dos X-MEN, que se dissiparam de minha mente muito mais rápido do que um gibi, ou do que o MAC-X que comi na saída do cinema. Haja estômago...

P.S. Tente ver (e colocar aqui na Net para um debate) Eu, Tu, Eles e Amélia, duas produções brasileiras que certamente vão dar o que falar.

De: Gerbase

Alô, Zé Ricardo. Minha banda é de punk-rock, o que não me impede de gostar muito do Nirvana. Mas não somos grunge. Os Replicantes participam da trilha sonora do meu filme, numa cena bem importante. Espero que fique legal. Mas não vai ser parecido com Beleza americana, o que não me impede de gostar (muito) desse filme. Quando Tolerância for pro ar, vai ser interessante falar sobre ele.

Quanto à observação sobre a velocidade, assino em baixo. Velocidade é, talvez, a maior qualidade (e pior defeito) que as duas últimas décadas deram à vida e, em conseqüência, ao mundo audiovisual. Vários escritores já escreveram sobre isso, como Paul Virilio e Edgar Morin. Creio que, no cinema, a velocidade da montagem (do ritmo do filme), de modo geral, aumentou bastante dos anos 60 pra cá. E, se o montador não é fera, o caldo pode desandar.

Mas você falou de velocidade intencional, como em X-Men (não concordo: acho que X-Men está na velocidade certa) e Gladiador (aí sim: a velocidade me incomoda). Em Gladiador, a idéia é transformar a violência da tela em arte plasticamente agradável, como Ridley Scott adora fazer, com resultados irregulares. Nessa tentativa, o mestre ainda é Sam Peckinpah, e o negócio dele é cãmara-lenta. Em X-Men, a velocidade deriva da velocidade dos quadrinhos e me parece melhor integrada à história. Talvez seja até uma exigência da história, ao contrário de Gladiador, que mereceria outro tipo de tratamento.

Mas também existem excelentes filmes que brincam com isso. Magnólia é o grande exemplo: começa com o que você chama de montanha-russa, tanta coisa acontecendo que não dá pra entender tudo, tipo vídeoclip psicodélico, mas depois Anderson (e seu montador) vai diminuindo o ritmo, vai freiando, e termina com ritmo de filme do Bergman: dois minutos de um cara chorando na cabeceira da cama do pai, que está morrendo. Só pra mostrar que não é todo cineasta "moderno" que acelera o tempo todo. E concordo com você: às vezes, freiar é muito impactante e explícito, porque você finalmente "olha" para alguma coisa.

De: Sergio Oliveira da Silva

Esse filme não vale a pipoca que paguei! Muito forçado e sem graça!!!

De: Gerba

Tudo bem. Pelo menos a pipoca era boa?

De: Maurício Cismeiro Bumba

Não tenho o que falar dessa vez. X-Men é, acima de tudo, um bom filme. Bem dirigido, atuado e roteirizado. Palmas pro Brian Singer. Só um comentário: a personagem Vampira, na versão para as telas, foge um pouco da cronologia dos quadrinhos. A idéia era essa mesma: mostrar alguém entrando na puberdade, na fase do auto-conhecimento. Se eles seguirem os quadrinhos à risca, a partir daqui teremos, na continuação, uma Vampira sensual, gostosona mesmo, que brinca com o fato de não poder tocar ninguém. E esperar pra conferir. Quanto a Watchmen, admiro Terry Gillian. Mas Watchmen merece alguém que faça um filme sem impor seu "toque pessoal". Brian Singer seria uma boa. O diretor já demonstrou ser bastante imparcial em seu trabalho com X-Men. E rezar pro Deus de Hollywood e esperar por uma adaptação um dia. Garanto que estarei na pré-estréia.

De: Gerba

Se o roteirista do próximo filme (nem sei se vai haver um próximo filme) for esperto, Vampira pode, realmente, ser mais sensual. Desde algumas cenas de Nosferatu, de Wenders, e Dracula, de Coppola (GRANDES FILMES!), os vampiros estão definitivamente incorporados ao cinema contemporâneo, e eles (e elas) sempre têm uma certa languidez sensual, que a Vampira do X-Men ainda não desenvolveu. E já que falei dos caras, você não acham que tanto Coppola como Wenders seriam diretores com boas condições de fazer Watchmen? Pela criatividade visual dos dois. E talvez porque pra fazer Watchtem tem que ser meio maluco, tem que entender quem é Alan Moore e do que a história está falando. E, ao contrário de você, acho que todo bom diretor imprime seu toque pessoal ao filme, e isso sempre é bom. Pra fazer Watchmen, precisamos de um autor cinematográfico à altura do autor literário. Nem sempre isso é fácil.

De: Simone Matias

Achei o filme muito interessante. Só conhecia os X-Men's através de desenhos animados e de alguns amigos fãs dos quadrinhos. Concordo com você quando diz que os personagens estão bem-estruturados e que a discussão gira em torno do preconceito. Como estudante de Psicologia, acredito que este filme irá gerar debates acirrados nas salas de faculdades, uma vez que é difícil escolher de que lado ficar (dos mocinhos ou dos vilões) uma vez que todos têm as suas razões. De qualquer maneira fico torcendo para que o episódio 2 seja filmado em breve.

De: Gerbase

Já pensou numa sessão do filme, seguida de debate com psicanalistas, em que a couraça muscular do caráter de Wolverine é analisada? Nem Reich, apesar de maluco-beleza, ousaria participar de uma coisa dessas.

De: Júnior

Achei teu artigo sobre o filme X-Men, muito legal, mas faltou dizer que, se Hugh Jakman teve uma atuação convincente como Wolverine, é porque o personagem lhe deu essa abertura. Ainda sobre seu artigo, me parece que você não era familiarizado com os personagens da trama. Tenho 32 anos e leio quadrinhos desde os 4 anos de idade (sim, por obra do acaso, e da boa vontade de minha mãe, tive o privilégio de aprender a ler precocemente, e não parei desde então) e nunca personagens de quadrinhos foram transportados de maneira tão fiel para a telona (salvo Superman I e II) como desta vez. Para um fã de quadrinhos, assistir a este filme foi uma grata surpresa, pois o diretor conseguiu manter a essência dos personagens, mostrando no cinema o que eles são nas revistas, sem exageros ou pontos de vistas equivocados (já basta o que foi feito com o Batman no seriado dos anos 60 e no último filme do Joel Schumacher.) Acho que, pela primeira vez, a Marvel teve um adaptação à altura de seus personagens...

PS: Aproveitando o ensejo, se aprofunde mais nessa área e descobrirás que existem muitas obras dignas de serem filmadas, como Sandman, de Neil Gaiman, Watchmen, de Alan Moore, e ainda O cavaleiro das Trevas de Frank Miller, só para citar três...

De: Gerba

Realmente, não estava familiarizado com os personagens de X-Men, apesar de conhecer razoavelmente bem o universo dos quadrinhos. Mas vi as várias adaptações de Superman e Batman. Gosto só do primeiro Batman, e acho que esse X-Men realmente é um filme melhor que todos os outros. Mas, pra falar a verdade, gosto ainda mais do seriado do Batman na TV, uma comédia muito engraçada, bem produzida e interpretada, com alguns episódios antológicos.

De: Latussa Monteiro

Gostaria de contribuir na crítica a X-men, sem a pretensão de ver além. É sobre a personagem Vampira, que tb me incomodou um pouco durante o filme, por sua situação de "adolescente, mas nem tanto", concordo com a "transformação de adolescente em mulher", mas acredito que a chave final para a composição da personagem só acontece no desfecho, quando, ao absorver a energia de Wolverine, ela assume um pouco da agressividade deste. É só.

De: Gerba

Tá certo. Vamos esperar o próximo filme pra confirmar.

 

De: Alberto Levi

Sou fã e assino X-mem. Ainda não vi, mas verei em breve o filme. Mas, como vc mesmo disse, se algum dia filmarem "Watchmen", me avise, pois quero ver antes de chegar no cinema.

De: Gerba

Eu aviso. Também quero ver.

De: Jose Chaves

Adorei sua crítica-análise do filme X-Men. Realmente você tocou em um ponto fundamental para que um filme seja bom de se ver: a proposta. Penso que cada filme tem a sua proposta e o seu interesse, seja ele comédia, drama, ação, suspense, etc. E você expõe muito bem quando diz que, em X-Men, fala-se sobre preconceito, diferenças e liberdade, mas não se foge ao ideal do filme: a aventura, os efeitos, a imaginação. Sabemos que a arte é a representação da realidade, mas temos que dar espaço para a imaginação humana, a criatividade, a emoção ativa. Vamos dar um tempo para filmes que reproduzem momentos históricos (se vc verificar, dos últimos 10 filmes que venceram o Oscar, 9 revivem um fato histórico), senão é bem capaz de O Patriota ganhar o prêmio - uma nova versão de Coração Valente, mas voltado para a independência dos EUA, e não da Escócia. Pergunto: o que mudou? Nem o ator!

De: Gerba

É possível fazer um filme muito original e criativo baseado em fato histórico. Mas, realmente, não é o caso de todos os últimos que vi, com exceção de Joana D´Arc, que achei bem legal. De qualquer maneira, é bem melhor ficar olhando a Milla Jovovich que o Mel Gibson. E fecho com você: a representação da realidade não precisar ser realista, apesar desta ser a principal tradição do cinema.

De: Daniel Magérbio

Espero que você já tenha terminado seu filme e que a distribuição dele chegue até aqui em Fortaleza. Estou curioso pra saber como é o Gerbase diretor, depois de conhecer o Gerbase crítico. Você fez falta na hora de debulhar alguns filmes meia-bomba que surgiram durante sua ausência (60 segundos, por exemplo ), mas você está de volta em boa hora. Cheguei a pensar que você iria esculachar X-Men, acusando-o de ser um filme infantil, pokemons para adolescentes, como um crítico do Jornal do Commercio fez. Não estou retirando a percentagem de Pokemon de X-men, mas é pecado reduzir o filme a isto. Como você fez bem alusão , trata-se também de um flerte na questão do preconceito racial e da dificuldade de convivência com o "outro". O medo implícito nessa convivência. A relação aqui se torna mais tumultuada em virtude de poder afetar a segurança do "outro", pois, como fala o senador Kelly: "Algumas crianças mutantes tem o poder de várias pistolas; por isso, temos o dever de isolá-las da sociedade para a segurança de nós, "normais". Isto leva a pensar aonde termina o direito de liberdade de um e começa o direito de segurança de outro. Acho que você subestimou um pouco a fama dos X-Men no Brasil. Claro que eles não possuem o mesmo reconhecimento de um Batman, mas, em todo recanto do Brasil, já tem leitor de gibi que já folheou uma X-Men. Isto sem falar no desenho animado que passa na TV aberta e que congregou muitos muitos mais fãs. Mas eu queria te fazer algumas perguntas.

1) Você considerou esta adptação de HQ melhor do que algumas ditas quase perfeitas, como a do primeiro Batman, de Tim Burton, e Superman?

De: GerbaSim, considero. Achei mais divertida.

2) Você não acha que condensar devidamente os 12 volumes de Watchmen num filme, mesmo que de 3 horas, é tarefa quase impossível? Afinal, o diretor teria que incluir os apêndices, como os artigos escritos pelo Daniel, a ficha de Rorschach, capítulos do livro de Hollis Manson, entrevistas com Ozzymandias (esse pragmático bastardo), etc... Além daquela história dentro da história que retrata o naúfrago que se torna um pirata demoníaco! Ia ficar muita coisa de fora, e o filme só iria ser tão bom se não deixasse nenhum detalhe de fora. Talvez eu esteja exigindo muito, mas concordo com você que seria o melhor filme de "super-heróis" de todos os tempos, e, porque não, um dos cinqüenta melhores filmes de todos os tempos, independente de gênero.

De: Gerba – Num processo de adaptação, você tem que distinguir o que é fundamental/essencial e o que é acessório/não tão essencial. Tenho certeza que há roteiros adaptados melhores (sob vários aspectos) que os livros que lhes deram origem. Tudo depende do que é tirado, do modo como o roteiro usa o material original, etc. É impossível, absolutamente impossível, para um filme "não deixar nenhum detalhe de fora". Cinema, muitas vezes, é síntese, é elipse, é esconder, em vez de mostrar. Assim, adaptar Watchmen é tarefa difícil, mas não impossível.

3) Já que você não quis me responder quais suas bandas atuais preferidas quando mandei um e-mail perguntando (até porque este site não é de música, reconheço), mas dá mole aí e me diz o que você acha de Queens of stone age e Radiohead.

De: Gerba – Não conheço a primeira. Gosto muito do Radiohead, principalmente dos discos The Bends e OK, Computer.

De: Marcelo Antonio

A edição deste mês da SuperInteressante tem uma reportagem sobre o filme X-Men, com uma análise científica dos poderes dos mutantes: para Wolverine ter seu poder de cura, ele teria que comer compulsivamente o tempo todo; para Cíclope lançar raios pelos olhos, sua cabeça teria que ter o tamanho de uma casa; e um claro desprezo quanto à qualidade do filme. Não sei tua opinião, mas me parece que o importante num filme, principalmente quando é um filme cuja única preocupação (além da bilheteria) é divertir, e não a explicação cientifica dos fatos fantásticos (mas é importante a maneira como eles são apresentados). Por exemplo, o que mais me incomodou no Missão Impossível 2 não foram as lutas irreais ou o fato de ele acertar todos os tiros (sem a munição acabar) e nunca ser acertado por um exército inteiro; mas sim os clichês e aquela superficialidade exagerada. Não é ridículo escutar coisas como "Não gostei de Armageddon, é muito irreal, prefiro Guerra na Estrelas, Episódio 1 que é muito mais inteligente"? Tá certo, ambos são ridículos, mas cansei de escutar comparações como essa. Quanto à idéia de ver Watchmen no cinema, acho que é meio difícil a transposição de obras mais complexas e longas. Eu, particularmente, não quero ver Sandman (minha série favorita) na telona, pois tenho certeza que vou me decepcionar.

De: Gerbase

Concordo com quase tudo. Se o filme apresenta, com competência, um personagem não-realista, num cenário não-realista, se o filme nos faz acreditar nesse personagem, então tá tudo certo. O cara pode ter o super-poder que quiser. Quem lê ficção-científica sabe: todo autor consagrado costuma começar sua história descrevendo – às vezes minuciosamente – cada personagem, humano ou extra-terrestre. Ao contrário de você, eu não teria medo de ver Sandman na tela. Por quê não? Sandman é muito visual, apesar de sua grande carga literária e mitológica.

De: Renato

Concordo com tua crítica ao filme X-men, mas, apesar de achar o filme bacana, ainda penso que não foi a melhor adaptação de quadrinhos, já que está muito longe dos 2 primeiros Batmans de Tim Burton. Só vi um grande defeito no filme, que foi aquele trambolho que Magneto usava para retirar energia dos mutantes. Ninguém disse de onde veio, como funcionava, e fazê-lo funcionar logo na Estátua da Liberdade foi um tanto esdrúxulo. A propósito: andei vendo a seção Favoritos e percebi que não tinha nenhum filme do Copolla. Você não curte os filmes dele? Acabei de rever Apocalipse Now e acredito que poderia estar na lista. A cena do bombardeio americano sobre uma vila vietnamita com a música de Wagner é impressionante.

De: Gerba

Não achei o trambolho tão inverossímil assim. Perto de alguns super-poderes mostrados pelos mutantes, é até um troço bem primitivo. Mas, realmente, talvez sua origem pudesse ser melhor explorada. Gosto muito do Coppola e Apocalypse Now é um dos meus favoritos de todos os tempos.

De: André

"A partir daí, sempre misturadas com toneladas de ação e belas imagens, o filme encaminha algumas reflexões interessantes sobre "o outro"." Gostaria de expor minha opinião sobre sua coluna de X-Men, especialmente, sobre a frase acima. Bom, primeiramente, devo dizer, que não sou um fã de X-Men e nem de quadrinhos, mas realmente, como mencionado em sua coluna, iria ao cinema com mais entusiasmo se fosse assistir a Super-Homem ou Batman. Mas o ponto em que mais me deixa surpreso em sua coluna foi quando disse na frase acima que o filme mostrava algumas reflexões interessantes em meio a belas cenas e toneladas de ação! Toneladas de ação?, perdoe-me, mas acredito termos visto filmes diferentes, pois no que tive o desprazer de assistir não vi ação alguma, comparado com as chamadas do filme e ao que ele se propunha. Um outro colunista, não citando nomes, disse em sua coluna que X-Men tinha mais ação em seu trailer para TV, que era de 16 segundos, do que o filme como um todo. Admiro suas colunas, mas dizer que X-Men tem toneladas de ação? Duvido muito que tenha gramas...

De: Gerbase

Não sou fã de artes marciais, nem ao vivo, nem no cinema. Gosto de ver box, muito de vez em quando, e gosto muito de alguns filmes sobre box, como O Touro Indomável, do Scorcese, apenas para citar um mais recente. Não senti falta de porrada em X-Men. Pra mim, está na medida certa. Mas tem gente que concorda com o André, como a Livia. Quem sabe vocês são almas gêmeas?

De: Livia Nóbrega Lima

Não deixei de notar que a sua crítica sobre X-Men (a primeira que leio) foi imparcial e direta. Como deve ser! Particularmente, achei o filme um pouco fraco, mas entenda o meu lado: eu tenho apenas 15 anos. Eu quero ver é porrada! Comecei a ter contato com as HQs através da divulgação da obra de Brian Singer, e admito que me decepcionei muito quando fui conferir a história na telona. Não concorda comigo que precisava de um pouco mais de ação? Wolverine e Mística estavam ótimos, aliás, os melhores em cena, mas os restante não deu pro gasto. É claro que o conteúdo da história (os preconceitos, etc.) estava muito bem elaborado, mas os X-Men são heróis de ação e precisavam ter deixado isso mais evidente.

De: Gerba

Mais uma vez: acho que a ação está na medida certa. Não precisa ter mais porrada que aquilo, e a violência é compatível com toda a história do filme. A violência de X-Men tem papel dramático, como em O clube da luta e Matrix. Não gosto da violência em Gladiador porque ela é muito espetaculosa e pouco dramática, pouco eficiente na narrativa. Você está dizendo que, na qualidade de adolescente, precisa descarregar suas tensões (naturais) vendo muita porrada na tela, o que é uma idéia que circula desde a Grécia antiga, com os primeiros escritos de Aristóteles. A catarse seria essa capacidade das obras de arte provocarem intensa emoção (Édipo rei, por exemplo, é uma sangreira desgraçada) para o público poder descarregar suas frustrações de forma simbólica. É uma idéia. Há muitas outras, bem diferentes. E até mais.

X-MEN (EUA, 2000). De Bryan Singer

OBS: O colunista está em férias e não haverá críticas esre mês


Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para a Terra Networks (A gente ainda nem começou e "Fausto"). Atualmente finaliza seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.

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