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NENHUM A MENOS

Qual é o ingrediente mais importante para se fazer um bom filme, ou um bom objeto de arte, ou uma boa comida, ou qualquer coisa bem feita? A grana não é o mais importante em nenhum dos casos descritos acima.

Honestidade, prazer em criar, e saber fazer bem têm mais chances de levarem o artista, ou o cozinheiro, se for o caso, ao sucesso. E sucesso é o que aconteceu com o filme chinês Not One Less, do diretor Zhang Yimou.

As áreas rurais da China, assim como as brasileiras, são extremamente pobres; e há pouco dinheiro para a educação. Ao viajar por seu país e ver esta pobreza acadêmica, Zhang Yimou resolveu fazer um filme retratando isto. E o resultado é uma linda história sobre uma professora substituta de treze anos, que tem a missão de não perder nenhum aluno durante a ausência do professor oficial.

As crianças normalmente param de estudar para ir trabalhar e ajudar no sustento da família. O quadro é familiar? A escola é tão pobre que eles tiveram que escolher entre consertar uma mesa ou comprar uma caixa de giz. Um dos alunos vai trabalhar na cidade grande e a professora vai numa obstinada missão à sua procura.

A princípio ela vai porque não pode perder nenhum aluno, mas ao decorrer da busca, sua missão se torna mais sentimental e ela vai atrás do menino perdido por carinho que ela tem por ele. É parecido com o que acontece em Central do Brasil, onde Fernanda Montenegro não vai com a cara daquele menino, mas com o desenrolar da história ela vai descobrindo um mar de emoçõess que não sabia existir.

A professora em Not One Less é durona no início, e aos poucos, como que para sua própria surpresa, descobre os seus sentimentos. Nenhum dos personagens do filme são atores treinados, o que aumenta a quantidade de espontaneidade da obra.

Zhang teve a oportunidade de experienciar a espontaneidade da reação das pessoas a sua obra quando o filme foi mostrado na China num cinema ao ar livre. Cerca de 10000 estavam na platéia quando começou a chover, mas as pessoas só abriram as sombrinhas e continuaram a assistir o filme.

No final da sessão, quando Zhang apareceu, a platéia estava chorando e batendo palmas. Nas palavras de Zhang: "e de repente você se dá conta de quão feliz você é de ser um cineasta."

Se você não tiver certeza que o filme vai chegar ao Brasil e quiser vir assisti-lo em Nova Iorque, o frio já não é tão grande. E depois do cinema, se der aquela vontade de comer comida chinesa, venha para Chinatown comer uns "dumplings" em um dos restaurante mais famosos por esta especialidade: Joe Shanghai.

O endereço é 9 Pell street. Mas se você estiver mais a fim do pato laqueado, o endereco é 22 Mott street. Bom proveito!

Nenhum a Menos, China (1999). De Zhang Yimou

Bárbara Kruchin é artista plástica e aficcionada por cinema. Ela é brasileira, mas mora em Nova York desde 1991, onde cursou a School of Visual Arts.

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