Busca

Pressione "Enter"

Cobertura completa Sites de cinema Grupos de discussão Colunistas Os melhores filmes Notas dos filmes Todos os filmes Roteiro de cinema O que está passando no Brasil

DÊ SUA OPINIÃO (OU CALE-SE PARA SEMPRE)

Filme: Dr.T e as Mulheres





De: Raphael Caron Freitas
Mais uma vez vou ter que concordar com você, eu não posso acreditar que o mesmo diretor e a mesma roteirista (dado este que eu não sabia), que fizeram A fortuna de Cookie, um filme que apesar de começar devagar segue um crescente até o final, quando saímos do cinema tendo a certeza de ter visto um ótimo filme. Mas com Dr. T o efeito é outro, entramos no cinema dispostos a ver mais um bom filme de Altman e quando saímos, nos perguntamos o porquê de termos ficado no cinema vendo um filme, que poderia ter metade do tempo, ou melhor, que o tempo fosse melhor aproveitado dando mais vida aos personagens deixando-os menos caricatos. Mas o pior é o final, onde vemos o Dr. T sendo pego de surpresa por um tornado, neste momento aparecem cenas dele envolto pelos ventos do tornado, quando a tela fica preta (deveria ter ficado assim até aparecer os créditos), aí acontece o que eu vou chamar de efeito Mágico de Oz, ele é carregado até o México, chegando lá sem nenhum arranhão, estranhamente ele esquece tudo que havia passado e ajuda ao nascimento de um filho de uma senhora mexicana, logo após ele sai da casa comemorando que era um menino. O que foi que ocorreu neste momento para ele ficar tão feliz? Será que de tanto as mulheres lhe causarem problemas agora o Dr. T tinha mudado de lado. Desculpe Gerbase se não entendi a mensagem no final do filme (deve ser por que eu já estava revoltado), se tiver uma explicação para este final, por favor, me diga.

Obs.: Altman se esqueceu de por os sapatinhos vermelhos brilhantes no pé de Gere

Obs.2: É impressão minha ou o Mágico de Oz também se passa no estado do Texas?

De: Gerbase
A explicação para o final não é uma explicação. O tornado é uma maneira de radicalizar a narrativa, acrescentando uma pitada de realismo mágico e tentando criar uma certa transcendência na história, como se o filme abordasse com alguma seriedade a questão dos gêneros.

De: Michelle
Cruzes! Nunca vi uma crítica tão horrível como essa, não que o filme não merecesse, mas coisas que foram além a insensibilidade. Primeiro: Liv Tyler gorda é inaceitável, por mais que a atuação dela tenha sido pequena e sem graça, quer que ela corra atrás de perda de peso ao invés de seu possível talento? Não esperava o que li de você. Tudo bem, de repente nem tu entendeu a exurrada de falsos estereótipos filmada por Altmam, pois realmente foi decepcionante assistir ao final, e como se nao bastasse o final imbecil, tive que rir pra não chorar junto com a criança que esperneava no ar..

De: Gerbase
Afinal, eram estereótipos ou "falsos estereótipos"? Se eram estereótipos, isto é, representações grosseiras e limitadas da realidade, deveriam ser devidamente destruídos, para que ríssemos deles. Se eram "falsos estereótipos", isto é, pareciam ser caricaturas, mas eram seres humanos representados com alguma "verdade", por quê agiam tão esquematicamente? Acho que nem Altman sabe a resposta.

De: Reame
Mais uma vez, Gerbase, vc acabou tirando a minha vontade de ver um filme. Eu, que já não sou um grande fã de Altman, e tinha me decepcionado um pouco com seus dois últimos filmes, A Fortuna de Cookie e The Gingerbread Man (especialmente este último), vou esperar este novo filme chegar em vhs. A propósito: Muito boa sua lembrança de que Prêt-À-Porter é insuportavelmente chato.

No entanto, a real razão pela qual estou mandando este e-mail é que uma das mensagens sobre Billy Elliot mencionou uma crítica da Folha que teria pedido para o filme "ser algo que ele não é". Não vi Billy Elliot ainda para entrar nessa discussão, mas me lembrei que Marcelo Coelho em sua coluna, muito tempo atrás, "desceu a lenha" no documentário Buena Vista Social Club, de Wenders, acusando-o de ser americanófilo. Eu gostei do documentário e, tirando uma cena no topo do Empire State, não vi muita americanofilia. Supondo que vc tenha visto BVSC, qual é sua opinião? Coelho teria "interpretado demais"? Até logo e até mais.

OBS: Sobre a censura, também vi algumas coisas estranhas, mas fica para semana que vem...

De: Gerbase
Geralmente gosto dos textos do Marcelo Coelho, mas não li este que você cita. Também não vi ainda ao Buena Vista, de modo que só posso fazer suposições. A principal delas: Wenders já demonstrou ser amor/ódio pelos Estados Unidos em outros filmes. Não me admiraria se esta sua esquizofrenia ética e estética voltasse a aparecer.

De: Jefferson Karnal
Achei uma decepção o filme... até ri um pouco mas infelizmente foi muito pouco... a cena do furacão foi digamos assim fora da realidade que não tinha necessidade de existir... mas como um bom viciado em filme já vi, com certeza coisas piores... ultimamente o Brasil tem produzido melhores filmes que no resto do mundo.

De: Gerbase
Pô, Jefferson, você deveria ser contratado como divulgador do cinema brasileiro no exterior.

De: Samlowry
Lestes a crítica que a Set fez a seu filme!??? (hi, hi, hi)

De: Gerbase
Li, sim, Samlowry Hi Hi Hi. O cara escreve que Tolerância tem a seguinte mensagem: "cada pessoa tem um nível bem diferente de tolerância". Esta é, na minha modesta opinião, a interpretação mais rasa e equivocada que se pode fazer do filme. Se você quiser, lhe envio críticas bem mais fortes e consistentes. Em tempo: quando quero mandar uma "mensagem" uso o e-mail.

De: Andre Augusto Lux
Errei nas "calcinhas". Não me lembrava direito o que vc tinha escrito e acabei indo na onda de uma resposta que veio na sua coluna seguinte, de um cara reclamando do seu comentário. Mas a questão não são as calcinhas, nobre colega. A questão é: pra que apelar para uma "piadinha besta" (como bem frisou) ao invés de tentar manter a discussão em um nível, digamos, mais elevado? Era só isso que tentei dizer. Naquela ocasião, usei um fato que ocorreu com minha progenitora para tentar enriquecer a discussão levantada pelo filme CORPO FECHADO. Aí vc vem com aquela típica resposta evasiva, de quem não tem contra-argumento, afim de ridicularizar o autor. Direito seu, claro. Só acho que vai um pouco contra o que vc diz ser o propósito da sua pagina.

Desculpe se expressei-me um pouco agressivamente, mas é que esse tipo de coisa me tira do sério. Não tenho nada contra bom humor e até uma tirada sarcástica. Só acho que tem hora certa pra isso. Mas tudo bem, deixa eu parar de posar de "certinho" aqui. Ninguém é perfeito, com certeza... Ah, antes que eu me esqueça, vc leu a crítica ao seu filme na SET?? Detonaram cara! E o pior é que, tirando o habitual baixo nível do texto da revista, acabei concordando com quase tudo o que foi dito...

De: Gerbase
Na maioria dos casos, a diferença entre um especialista em detonação e outro não é exatamente o tipo de explosivo que possuem, e sim o local em que a bomba é colocada.

De: Edson Burg
Quando entrei no cinema para ver Dr. T estava com medo, e ele se confirmou quando saí da seção. Altman está passando pela mesma crise Coppola, Ridley Scott e Scorcese: não consegue fazer algo trabalho que chegue ao (alto) nível de seus filmes mais conhecidos. Aqui, o diretor do excelente O Jogador construiu um filme machista, arrogante e idiota. Desperdiçou um grande elenco, com mulheres lindas e talentosas e o chamarix Richard Gere numa história sem sentido. A trama tem seu lado inteligente, mas a pretensão exagerada de Altman estragou o filme. Ele mesmo traiu seu próprio estilo de misturar muitos personagens à história, criando situações e diálogos confusos ou mal-resolvidos. São poucos os momentos inspirados do filme, que acaba se estragando por completo com o final a lá O Mágico de Oz. Só faltou o tal T encontrar um homem (ou seria mulher?) de lata.

De: Gerbase
Só não concordo com os "muitos personagens". Altman já deu várias provas de que é um especialista em filmes lotados de personagens. Acontece que neste (como em Prét a Porter), os personagens não se complementam e não formam um painel suficientemente engraçado, crítico ou dramático.,

De: Nivaldo Barros Coelho
Tinha prometido não escrever mais (fi-lo apenas uma vez para não ser respondido). Mas não resisti diante de algumas "inconseqüências": concordo com todo o blá-blá-blá inicial, não é o melhor Altman etc, MAS não concordo com alguns pontos.

1 - os irritantes merchandisings podem ser irritantes mas jamais gratuitos! Dois que eu lembre: a loja "guess" (expressão em inglês advinhe!) é simplesmente um comentário ao diálogo anteriormente dito pelas personagens, a marca entra não apenas como "irritante merchandising", faz verdadeiramente parte do diálogo. A loja de chocolates Godiva da cena do banho na fonte, na verdade remete à figura mítica de Lady Godiva que passeava nua em um cavalo durante a noite. O "irritante merchandising" dá todo uma nova leitura mítica a cena. Quem dera nosso marketeiros tivessem tamanha inteligência em seus "irritantes merchandising"!

2 - Farah Fawcett: Não é a atriz que é patética, mas a personagem!!!!

3 - Quem te disse que Liv Tyler está nitidamente envergonhada de sua forma física??????? Não vi nada disso no filme!!! Alguém por favor me mostre a cena em que ela "está nitidamente envergonhada de sua forma física"!!!!! Claro que ela está gorda, e daí????? Estou plenamente satisfeito como espectador e como fã com sua personagem lésbica que apesar de gorda é uma mulher atraente, bonita, desejável e confiante em si mesma. Não vejo porque alguns quilos a mais vão tirar isso dela!!!

De: Gerbase
Trocadilhos são bons para fazer rir na mesa de bar ou vender produtos em anúncios de rádio. Trocadilhos no cinema geralmente são justificativas rasas para cenas idiotas. E, se você acha que a Fawcett está convincente como uma mulher doente mental, nossas concepções de (bom) cinema são muito diferentes.

De: Julia Dantas
Concordo com praticamente tudo que você escreveu. Quanto a Liv Tyler, acho que ela não precisaria estar correndo para perder os quilos a mais, mas definitivamente deveria ser mais auto-confiante. O que já seria um grande (com o perdão do trocadilho) modelo para as mulheres que ficaram se remoendo por não ter a forma física das outras atrizes. E quanto ao filme, achei histérico demais. Aquela poluição visual do figurino e cenário, e ainda acompanhado dos gritos das peruas por pouco não me fez sair mais cedo. E talvez eu devesse ter saído, pois juro que no final, não sabia se ria ou chorava do absurdo total que se torna o filme a partir do tornado. Até tem algumas boas sacadas, mas isso todos têm.

De: Gerbase
Satisfeito, Nivaldo? Como podes ver, não estou sozinho.

De: Eliane Vidigal
Concordo com você em gênero, número e grau. Saí do cinema profundamente decepcionada. Quer pelo filme como um todo, quer pela aceitação do Richard Gere em dele participar (ídem a Helen Hunt), o certo é que fiquei frustrada. Nem uma boa comédia poderia ser considerada essa película. Ainda ontem comentei isso. Na verdade, ainda não consegui bem descobrir em que categoria incluí-la, no que você, como expert do assunto, poderia me auxiliar. De interessante no filme, apenas o registro do que acontece com aquelas pessoas a quem nada falta. Caberia bem também num filme sobre drogados na classe alta

De: Gerbase
Acho que Altman queria fazer uma comédia, mas, infelizmente, não conseguiu, pela absoluta inverossimilhança dos personagens.

De: John
Um amigo meu disse q o Terra tinha um critico muito inteligente q realmente entende de cinema. Ainda estou procurando o tal critico. Vamos la, onde estah o seu bom-humor? Dr.T éh um filme muito bom, conseguiu prender minha atencao gracas ao ma-ra-vi-lho-so retrato feminino feito por altman. Naum eh um precoceito, como vc diz, mas a realidade e se vc acha q naum eh pq vc naum conhece minhas tias. Aquela cena em q Connie tenta convencer DeeDee a se casar "indoor" no celular eh uma obra-prima. Todas as interpretacoes femininas (exceto a de farrah fawcett, concordo contigo) escondem Richard Gere q vai ficando do tamanho de uma formiguinha. Eu acho q uma pessoa gosta de um filme qdo se identifica com ele, e se aquelas mulheres pareciam inverossimeis para vc, naum pareciam nem para mim nem para altman. So faltou Julia Roberts neste filme! Ah, pra vc q se acha o bomzao, eu estou ansioso pra ver um filme chamado Tolerancia, so estou esperando chegar na locadora. vc vai ver o quanto eh legal ser criticado sem (ou com) nenhum criterio. Aquele peito de farrah eh de verdade? John, cinéfilo de 15 anos que odeia criticos q vao ao banheiro na melhor parte do filme depois descem o pau na pelicula.

De: Gerbase
Quem manda ir atrás dos amigos? Você deveria ir atrás de suas tias. O bonzão aqui está morrendo de medo de ouvir as suas críticas devastadoras. Quanto à minha opinião sobre os peitos da Farrah, receio que não possa ajudá-lo, pela distância em que me encontro do objeto em questão. De qualquer maneira, quando vou ao banheiro, antes de desceu o pau na película, prefiro encontrar a Pamela Anderson.

De: Celina Hamilton Albornoz
O outro dia ouvi que já era hora de se fazer filmes sobre a classe dominante, e deixar de "explorar" a pobreza e a denúncia de suas mazelas, que só servem para comover o espectador e deixá-lo passível e em paz com sua consciência, porque se emociona com a realidade do oprimido. A pobreza é a consequência, a causa é a política neo-liberal, consumista e excludente. Seria chegada a hora de retratar a sociedade que Altman descreve tão bem em Dr.T e as Mulheres para que, horrorizados com o mundo dos bens-sucedidos, começar a ter uma visão menos glamurizada de suas vidas, um olhar mais crítico sobre o que acontece com quem está no topo da pirâmide social. Sátira, farsa, caricatura, o filme é uma armadilha muito bem pregada no público. Resta saber se tem o alcance pretendido.

Senão vejamos: Dallas é aqui, em Porto Alegre ou Floripa, ou em qualquer cidade onde os maridos ricos têm mulheres que não são e não devem ser nada. Só tirando a roupa no shopping e voltando a ser "criança", isto é, irresponsável, para ter alguma saida. A atriz está ótima, pois é tão má atriz qto é medíocre a vida da protagonista. Richard Gere é perfeito para o papel. Um homem idealizado por todas as mulheres, na ficção e na platéia tbem, e tão obtuso, babaca e sem futuro como ser humano, igual ao ambiente em que vive. Vide seu lazer, o papo com os amigos, os conselhos que dá para suas clientes. Tudo raso, sem perspectiva, mediano. A mulher independente que chega e arrasa quarteirão é apenas uma diferente, que contrapõe um olhar mais cosmopolita, despindo o sentimentalismo barato do meio. Nem amar a esposa o Dr é capaz. Ele age como corresponde a um homem de sua posição, isto é, de acordo com o papel que ele representa naquele meio, o homem perfeito que, naturalmente, só pode ser bom pai e marido.

A sua sugestão para colocar o nome da auto-estrada de J.Mansfield revela sua alienação. Nem ele, nem elas, entendem coisa nenhuma. Porquê o nome de mulher, porquê o movimento de mulheres, uma minoria, etc. Qdo, no final, pensa que se libertou e vai a casa da amante para fugir com ela, demonstra o que quero dizer. Nada do que ele oferece corresponde ao desejo dela. Ele não a conhece, como pode amá-la? É tão equivocado qto todo o mundo. Tão superficial e artificial como a burguesia é. O filme trata da alienação, do sem sentido de quem não pensa e vive como se tudo que lhe é dado, é natural. Os momentos arrastados do filme correspondem ao dia a dia daquelas mulheres. Arrastados, monótonos, vazios. A autora é mulher e conhece mto bem esse universo feminino.

O diagnóstico da doença psiquica da mulher do médico é genial, risível, e ele o aceita sem contestar, pois "dizem que eles são confiáveis". Não concordo com você qdo diz que Altman fez uma concessão ao sucesso. Acho que ele fez um filme para apontar a decadência desse extrato social e não fugiu ao seu melhor cinema tanto em roteiro como em uso da câmera, sempre perfeita, com as aéreas que lhe são características, assinando o trabalho. Acho que tudo no filme é proposital, isto é, de uma fazedor que sabe o que quer. Os atores estão bem escolhidos, o tom amarelo do deserto é uma linguagem, tudo tem sua razão de ser se, por traz de tudo, se vê o espírito crítico do diretor. O desconforto vem de não querermos reconhecer essa realidade que nos enoja, de nos dar uma sensação de tapeação, de porque ele se preocupou em gastar seu talento para falar de um mundo tão pequeno. Pois bem, é isso que deveria ser ressaltado. Por trás de tudo o que está narrado, existe um olhar que quer denunciar fazendo uma comédia dolorosa. Ou pelo menos, foi essa a minha leitura. Tudo é falso e vazio. Até o Richard Gere pode ser... depende onde ele é inserido. É um filme a favor das mulheres pelo seu avesso. E a favor do pensamento crítico. Falta saber quem está pronto para rir de si mesmo e querer mudar a ordem das coisas.

De: Gerbase
Sua leitura do filme é possível, mas indulgente demais, se formos comparar este Dr.T com os outros filmes de Altman. Uma das obrigações do crítico é lembrar ao autor o peso da tradição, inclusive a que ele próprio criou. E que, agora, tem que suportar. Eu estou sempre pronto para rir de mim mesmo, e Altman já me obrigou a fazer isso muitas vezes.

De: Liana
Eu gostaria de saber sobre o CD do Tolerância. Afinal ele existe ou não? Onde posso comprar? Fico esperando sua resposta.

De: Gerbase
Existe apenas um CD promocional, de tiragem reduzida e absolutamente esgotada. Espero que um dia seja lançado comercialmente.

De: Cunegundes
Assisti ao filme na semana passada e não posso negar que saí meio decepcionada. Convenci uma amiga a ir comigo dizendo ser "praticamente impossível" que Altman fizesse um filme ruim ou chato, apesar de alguns prenúncios no Pret a Porter, como você mesmo disse, chatíssimo. O resultado foi que ela detestou o filme e de agora em diante estou proibida de escolher o título na próxima sessão. Não que eu tenha achado o filme chato ou ruim, apenas não me pareceu um Altman por inteiro, do nível de "short cuts" (que filme!). Mas se a "mensagem" era a futilidade da classe alta, não há como negar que foi bem passada, as personagens eram de uma superficialidade impressionante, caricatural mesmo, e com certeza isso foi o estranho, já que ele costuma dotá-las de um pouco mais de complexidade.

Antes de ver o filme tinha lido algumas críticas que destacavam a misoginia de Altman, então acho que isso influenciou bastante a minha leitura, por que vi um pouco de aprofundamento somente no personagem do médico, que parecia ser uma espécie de "elo perdido" entre a espécie masculina e a espécie feminina, mesmo porque era quem conhecia o "interior" da mulher (repare a "sutileza" da coisa). O homem era quase um santo!!! Por isso a personagem da Helen Hunt, uma mulher que achei admirável logo de início pela força, pela personalidade e pela abordagem que fugia dos joguinhos amorosos, fica tão prejudicada no final, pois mesmo quando declara sua independência (e recusa-se a virar outra "esposa e socialite") fica parecendo inescrupulosa e cruel.

Sobre os merchandisings do começo, não me irritaram tanto assim por que os enxerguei de outro modo. O da Tiffany's não diferiu muito dos de carro ou roupas em outros filmes, a loja é praticamente símbolo de ostentação de riqueza, como o Armani de elegância (e ostentação também), então nada foi muito perturbador nesse caso. Os outros dois que vi, da Guess e da Godiva entendi assim: o primeiro veio na sequência de diálogo em que as meninas procuravam a mãe, falando repetidamente "onde ela está?", "onde estaria ela?", daí o "Guess", do inglês "adivinha só?". Do segundo, era a Fawcett nua na fonte, e depois veio Godiva, da Lady Godiva.... Estariam todas as respostas da vida nas grandes marcas? Temo que viajei um pouco nisso...

Que mais? Ah, foi machista sim seu comentário sobre a Liv Tyler!!! Ora e daí que ela está gordinha, desde quando isso influi no seu talento (sim, eu a acho talentosa além de sua indiscutível beleza, embora esta faça parte de seu talento! A parte e o todo, lembra?)? Eu a acho muito expressiva e a personagem ficou a léguas de distância da lésbica caricatural, machona e "canhão". E alguém fica reclamando que o Marlon Brando está gigante, por isso não deveria ter feito Dom Juan de Marco? Tudo bem, vamos escolher um ser menos mitológico, não vi ninguém reclamar da gordura crescente do Alec Baldwin, ou mandar o Benício Del Toro parar de comer antes de fazer cinema...

Acho que é isso. Para terminar (ufa!), o tornado para mim foi mais um "defeito especial", não pela qualidade, mas pela pobreza da imagem, pois Altman poderia ter sido mais sutil para dizer que a vida do ginecologista passava por um "redemoinho", e para fazê-lo redescobrir que mesmo com a insanidade feminina ainda vale a pena trazer a vida a tona (e era um menino!!!!).

De: Gerbase
Já falei sobre os trocadilhos dos merchandisings. Explicam mas não justificam. Será que agora teremos de agüentar comerciais antes e durante os filmes? O que você achou da presença da Fedex no Náufrago? Sobre a Liv Taylor: eu escrevi que estrelas devem ser preservadas e sugeri (tá ouvindo aí, Liv?) que ela emagreça um pouco. Só isso. Isso é ser machista? Também disse que ela parecia insegura no papel. Isso é uma opinião subjetiva, admito, mas continuo com ela. Eu quero a Liv Taylor de Beleza Roubada de volta às telas, já que a Ingrid Bergman de Casablanca nunca mais eu verei.

De: Bruno Machado
Caro Gerbase, sou um grande admirador do cineasta Stanley Kubrick e gostaria de ler sua crítica sobre De Olhos Bem Fechados, que não se encontra disponível no site. Poderia, por favor, mandá-la para mim? Obrigado. Bruno

De: Gerbase
Deixa de ser preguiçoso e vai pesquisar na seção de Opinião aqui do Terra.

De: Gilnei Marques
Só para avisar: na sessão que assisti (sexta-feira 13), a maioria das pessoas pareceu sair insatisfeita com o filme. Os resmungos talvez tenham sido atenuados pelo final, o nascimento do bebê (na minha opinião, a única surpresa do filme: todo o resto me pareceu previsivel e chato).

Só para discordar: Não tem como acreditar naquele consultório. Não tem como acreditar no Dr. traindo a mulher tão fácil e rapidamente, sendo que desde o início ele faz questão de dizer que a ama e que todos os homens deveriam fazer o mesmo com as respectivas.

Aliás, as únicas coisas verossímeis no filme são:

a) A personagem de Helen Hunt, apesar do papel ficar muito (mas muito!!!) aquém do seu talento. b) O caso da filha do Dr T com Liv Tyler. Mas só o caso, porque as duas atrizes estiveram péssimas! c) A única verdade do filme: o temporal e o aparecimento do Dr. no meio do deserto, fazendo um parto. d) A cena do parto, aliás, valeu o filme! Foi a primeira vez, tenho a impressão, que foi mostrado um parto de verdade e com tantos detalhes no cinema.

De: Gerbase
Eu, que já vi três partos ao vivo, não me emocionei muito. Mas admito que a cena tem alguma força interna. Só não consigo estabelecer uma relação lógica (nem ilógica) com o resto do filme. O Doutor tem mais é que agüentar aquele bando de chatas e botar mais gente no mundo? A vida continua? A vida é bela? A vida é um eterno retorno? Pra mim, a cena é vazia de sentido e, por isso, também de emoção. E até mais.


Carlos Gerbase
é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para a Terra Networks (A Gente Ainda Nem Começou e "Fausto"). Em 2000, lançou seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.

Índice de colunas.




Copyright © 1996-2001 Terra Networks, S.A. Todos os direitos reservados. All rights reserved.