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Filme: ASSÉDIO





De: Robledo Milani

Olha, Gerbase, não concordo muito contigo, não, em relação ao novo filme do Bertolucci. Sabe, com certeza, é um filme menor, mas não por isso uma obra menor. Sabe, tem várias coisas, os atores não convencem muito mesmo, essa guriazinha não é lá grandes coisas, o cara é um baita chato, mas nesse filme eu acho que eles funcionam. Quando vi o filme, na minha concepção ficou que o tema discutido era responsabilidade: ele se declara pra ela, ela diz que não, ele diz que faz qualquer coisa para tê-la, ela diz que só se ele conseguir libertar o marido dela. Mesmo contra as expectativas dela, ele resolve ajudá-la, e consegue a liberdade do esposo.

Quando ela percebe que ele vai conseguir, ao invés de ficar feliz, o que realmente fica num primeiro instante, ela se choca, por que se dá conta do trato, de que não vai poder ficar com o marido livre, e sim com o pianista, por causa do

acordo entre eles. Afinal, ele estava fazendo a parte dele, faltava que ela cumprisse a sua. É sobre isso, paixão e desespero, liberdade e renúncia, amor e responsabilidade. Muito bem explorado, numa narrativa onde a falta de diálogos só engrandece o "contar" da história. Bertolucci foi muito feliz nessa sua última empreitada, e ele merece todos os parabéns por nos tirar da mesmice de sempre e nos apresentar uma nova obra que, mesmo não sendo espetacular nem totalmente original, é sinônimo de frescor e renovação.

De: Gerbase

Acho que essa história de vender um piano para conquistar uma uma mulher renderia um bom curta, no máximo um média. Bertolucci deu mil voltas para contar tão pouco... E olha que eu gosto de filmes em que, aparentemente, nada acontece, como na obra de Eric Rohmer. Talvez eu estivesse mesmo de mau-humor, ou com sono, quando vi Assédio, mas um bom filme sempre tem o poder de me despertar e espantar qualquer mau-humor. Acho que Bertolucci é um dos maiores cineastas de todos os tempos, e seu O último tango em Paris, entre outros, é obra-prima. Assédio, infelizmente, não me emocionou, nem me proporcionou qualquer desafio intelectual. O que não lhe retira a capacidade de atingir muitos outros espectadores, como você.

De: Leandro de Oliveira Kerber

Regularmente leio sua coluna sobre cinema na Internet e admiro muito a forma com que vc escreve sobre este tema. Sua facilidade de expressão e originalidade tornam seus textos muito dinâmicos e agradáveis de serem lidos, mesmo eu não concordando em muitas ocasiões com seus conteúdos. Por várias vezes fiquei tentado a responder sobre suas críticas, mas

desta vez me senti na obrigação. O filme Assédio, no meu modesto ponto de vista, não é em nenhum momento um filme sonolento. A maneira que Bertolucci encontrou para contar uma historia sobre paixão e compaixão, se não chega a ser brilhante, é no mínimo envolvente. A ausência de diálogos (muito marcante no início do filme) suplantada pela excelente fotografia e magnífica trilha sonora é, a meu ver, a principal virtude deste filme.

A forma com que a história se desenvolve, com situações não

explícitas e não tão dramáticas, faz com que o filme ganhe um tom de uma narrativa linear, sim, mas rica em subjetividade.

Ao contrário do seu ponto de vista, considero que a palavra assédio seja adequada para resumir o filme. Ou será que desfazer-se de seus bens (mesmo aqueles que são imprescindíveis para seu ofício), em prol do desejo da mulher amada, não é uma forma de assediá-la? Pode não ser a maneira mais adulta (ou pelo menos economicamente viável) para tal, mas isso não invalida a idéia. Outra coisa é a escolha de Thandie Newton para o papel principal. Não achei que ela teve um desempenho tão fraco assim, talvez porque eu não tenha assistido o MI2. Acho que o problema é até mais fundamental: ela era a negra mais branca de toda a África.

Sem me alongar demais, quero dizer que gostei muito deste filme e recomendo para meus amigos. Para aqueles que dão grande peso a fotografia e trilha sonora na hora de escolher um filme, Assédio é, sem dúvida, uma obra que encanta. Para outros que, assim como eu, gostam de questionar a fidelidade nas relações, o filme expõe uma situação angustiante que vale a pena ser vista. Um grande abraço e parabéns pela sua extraordinária capacidade de comunicação. Ler o que vc escreve (não apenas sobre cinema no Terra, mas também sobre temas diversos no NÃO) me faz sentir vivo e ver que existem pessoas vivas por aí.

De: Gerbase

Obrigado. Concordo que o filme é sobre paixão e compaixão. Creio que a compaixão está lá, desde o começo, tanto na trilha (aquele indígena cantando) como nas imagens (aquelas crianças mutiladas). Também está na relação entre o pianista e a empregada. A distância entre eles, representada pela grande escada que os separa, é muito clara. O problema é quando o filme tem que mostrar paixão. Não estou reivindicando grandes cenas românticas, e sim um envolvimento "de verdade" entre aquelas duas pessoas. Tá certo, elas são muito diferentes, não pode ser explícito demais, mas Bertolucci tenta fazer a câmara mostrar o que os olhos da atriz e do ator não mostram. Esta, para mim, é a falha maior. Não me solidarizo com a dor dos protagonistas, porque não me projeto em suas emoções. Fora isso, concordo que fotografia e trilha são pontos altos e que a subjetividade era o alvo de Bertolucci.

De: Flávio Henrique

Novamente estou enviando uma mensagem para sua coluna. Parece que meus comentários não foram bem aceitos por alguns leitores, e outros no fundo concordaram com minha opinião. Serei sincero, era isso mesmo que eu queria, queria provocar polêmica, e parece que consegui. Quem sabe esses comentários, intitulados de "ASNEIRAS", "GROSSERIAS" e outros adjetivos parecidos, sirvam pra alguma coisa no futuro. Gostaria, se pudesse, de responder ao leitor Anderson Luis Caio: NUNCA ASSISTI POKÉMON, NEM POKÉMON 2000, NEM POKÉMON 3000. Não me interesso por esse tipo atração, que acho idiota, mas o tal Anderson deve se contentar com esses desenhos, porque sabe seus títulos direitinho, e, no final das contas, acabou concordando com minhas teorias sobre o cinema nacional.

Já os cidadão Jan Alessandro Socher (...) deveria se preocupar em como passar seu "precioso tempo", já que o meu eu invisto no que eu achar melhor e não preciso dos conselhos de (...). E tem mais: com a nova Lei que recentemente foi aprovada, levantar dinheiro para se fazer um filme é difícil, mas não é tanto assim, e nem precisa de milhões e milhões para realizar um bom filme, basta ter talento e criatividade. Gosto do cinema americano, não precisa nem dizer, para mim é o melhor do mundo e ponto final. Só não concordo em torrar 100 milhões, 150 milhões, em um único filme, nem que esse filme seja um clássico como Star wars. Penso como um comerciante, filme tem que ser o mais barato possível e render milhões e mais milhões. Se colocarem 1 milhão em minha mão faço um filme pra detonar com a concorrência. Acho até dinheiro demais.

Agora, o problema é que aqui no Brasil alguns diretores picaretas estão se aproveitando da lei para captar recursos e embolsando a grana, e não investindo no filme e dizendo que a verba estourou, tipo (...). O Sam Raimi fez Evil dead com uma ninharia e hoje é um diretor consagrado, e o Robert Rodrigues fez El mariachi com míseros 7 mil dólares. O próprio Jonh Woo manteve sua visão desde quando fazia seus filmes em Hong Kong, sabia que estava trabalhando em um gênero de filme que o levaria ao reconhecimento e inovou e hoje é o que é. Penso que os diretores brasileiros deveriam seguir essa postura e trabalhar em gêneros que o público gosta, sendo lucrativos aqui e no exterior, para assim chamar a atenção dos grandes estúdios e poder levar uma boa imagem do Brasil pelo mundo afora.

Gostaria também de esclarecer, devem os leitores desta página estar achando que sou um desses caras vidrados em filmes de ação ou de artes marciais, tipo o dragão isso ou tigre aquilo, os filmes bestas dos Steven Seagel ou Vam Dame, ou os América ninjas da vida, pura ilusão, gosto de filmes de ação, mas de qualidade, e acho que MI2 se enquadra nesta boa categoria. Por final, gostaria de agradecer a vc, Gerbase, pela oportunidade de expor minha idéias, mesmo que eu tenha chegado aqui por comentários pouco ortodoxos e um tanto

rudes, mas foi a maneira que tentei de ser ouvido e criar polêmica e isso deu certo. E mais, caro Gerbase, vou assistir ao seu filme Tolerância, quero saber qual seu estilo de contar uma história, farei torcida para que seja um bom filme e comece a mudar a cara do cinema nacional, que anda muito fraco, e um pequeno pedido: não gosto de (...) em filmes, mas que tal colocar uma cena da Maitê Proença em que ela apareça nuazinha, aí eu vou gostar, véio!!!!!

De: Gerbase

Uma advertência para o comerciante Flávio: esse papo de que El Mariachi custou 7 mil dólares é história pra boi dormir. Ele teve este custo para ser filmado. Depois, o Robert Rodriguez fez um acordo com uma major americana (não lembro qual) para que o filme fosse finalizado e distribuído, com a inevitável entrada de milhares de dólares na produção. A Bruxa de Blair é, provavelmente, um filme muito mais barato.

Eu cortei as suas acusações mais explícitas a alguns cineastas porque não estão acompanhadas de provas e nada acrescentam ao que já se disse. É claro que existem picaretas no cinema brasileiro (e no americano, e no alemão, e onde você souber procurar), mas eles acabam se revelando como tal, através de seus próprios filmes. Quanto à inclusão de cenas que valorizem a beleza de atrizes, serei sempre a favor, em qualquer filme, de qualquer gênero, contanto que a essa exposição física aconteça em função da história que está sendo contada. Esta é, aliás, a única garantia de que a cena será sensual, e não gratuita e apelativa. Te espero em um sessão de Tolerância pra ver se concordamos sobre o assunto.

De: Leandro Kerber

Gerba, os filmes ultimamente estão ruins, né? Gostaria de saber se o Terra pede para vc escrever sobre o filme, ou vc

escolhe o filme do qual quer comentar. A respeito de Assédio, não vi o filme pq sei que é ruim e não me interessou nem um pouquinho. Agora, vc se lembra do que escreveu na sua coluna sobre o filme Gladiador? Saiba que o filme foi o melhor do semestre pelo que o público decidiu. Agora, aquele seu papo de filmes com cenas de pobreza, eu lhe pergunto com a maior educação: os filmes americanos colocam a pobreza na tela? Eu e vc sabemos que não, mas é porque eles têm vergonha, se é que há pobreza por lá. Agora, nós sempre acabamos mostrando isso de uma forma ou de outra.

O filme Central do Brasil me deixou completamente de queixo caído. O que parecia um menino sem nenhum talento gritando, bem afinadinho, "Olha a carta", essa cena me deixou completamente decepcionado. Agora, penso o seguinte: porque o filme se fechou somente entre Fernanda Montenegro e Vinicius de Oliveira? Eles não citaram Othon Bastos. Foi uma vergonha!

Agora, será que aquele menino (...) merece ir até a festa do Oscar? Para finalizar, vc acha (no maior respeito) que o seu filme tem condições para ir ao Oscar? E não pense, seu Gerba, que a minha vida é virada só em Oscar, eu acho que o Oscar é um complemento, mas como todos citam que os filmes tem que ir para o Oscar para ser o melhor... Acho que se o seu filme não for para o Oscar, com certeza haverá outras premiações para o seu filme. Não pense que eu estou (...) o seu filme, que não faz o meu tipo avacalhar com o que eu não vi. Agora, quero que saiba que se o seu filme não tiver aquelas cenas de MI:2 (os poke-saltos, ou digi-saltos) saiba que pode concorrer a vários prêmios. Caso contrário, eu não vejo futuro para seu

filme.

De: Gerbase

  1. existe probreza nos Estados Unidos, e ela aparece explicitamente em muitos filmes americanos independentes, em curtas-metragens e em documentários. Não existe pobreza nos filmes de Hollywood, o que são outros quinhentos. Hollywood não coloca pobreza na tela por razões comerciais, e não por vergonha. Se, algum dia, colocar miseráveis na tela der bilheteria, os filmes dos grandes estúdios vão virar asilos de mendicidade;
  2. Othon Bastos é menos citado do que Fernanda Montenegro e Vinicius de Oliveira (na minha opinião, excelente ator) porque Othon é coadjuvante, enquanto Fernanda e Vinicius são protagonistas. A coisa funciona assim em todos os países do mundo. Vinicius – em ex-engraxate que conseguiu demonstrar seu talento graças à sensibilidade e à coragemn do Waltinho - não só mereceu ter ido à festa do Oscar como pode, perfeitamente, voltar lá em breve e ganhar o prêmio.
  3. No dia em que eu fizer um filme com poke-saltos ou digi-saltos, por favor, caros leitores, me internem depressa. Se, para ganhar prêmios ou fazer bilheteria, é preciso ser débil mental (ou agir como se fosse) é melhor a gente parar com essa bobagem de cinema e fazer alguma coisa mais agradável e útil. Falando em Gladiador, escolhido "o melhor do semestre" pelo público, é interessante notar como a sua representação de violência é parecida com a que encontramos nos (maus) desenhos animados: muita movimentação na tela e quase nenhuma conseqüência para os personagens. Eu não gosto, acho chato, cansativo e infantil demais.

E aqui me despeço. Vou tirar um mês de férias. Volto em meados de agosto, com as colunas e com as cartas. Me esperem. E até mais.

ASSÉDIO (Itália, 1998). De Bernardo Bertolucci

OBS: O colunista está em férias e não haverá críticas esre mês


Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para a Terra Networks (A gente ainda nem começou e "Fausto"). Atualmente finaliza seu terceiro longa-metragem, Tolerância, com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.

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