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"Amor à Flor da Pele" faz elogio a um amor que não existe mais



O título de Amor à Flor da Pele pode levar o público a esperar tórridas cenas de sexo. Em vão, já que o filme (com exibição hoje na Mostra) privilegia as emoções contidas e evita o contato físico entre personagens apaixonados. A opção resulta em obra lenta e sutil, deixando o amor que cresce entre os protagonistas limitado às entrelinhas.

A beleza desse filme chinês está justamente nessa forma elegante (para alguns, até demais) de retratar uma história de amor. Pensando nisso, o título em inglês, In The Mood for Love (literalmente, No Espírito do Amor) é mais condizente. Até porque o que essa produção faz melhor é seduzir o espectador com sua atmosfera romântica. Há tempos não se via algo assim.

O romance em questão se passa em Hong Kong, em 1962. Chow (Tony Leung), editor de um jornal, começa a se envolver emocionalmente com a vizinha Li-chun (Maggie Cheung), uma belíssima secretária. O que impede ambos de levar a atração às últimas conseqüências é a aliança no dedo de ambos.

Mesmo sofrendo velada rejeição de seus cônjuges, que estão sempre viajando, a dupla não têm coragem de trair. E o mais impressionante é que eles convencem da profundidade de seus sentimentos sem contato físico.

Assinado por Wong Kar-Wai, cineasta de Hong Kong que levou a Palma de Ouro de 1997 com Felizes Juntos, o filme é imperdível. A trilha sonora (com músicas latinas e até bossa nova) é de primeira, e a performance dos atores, impecável. O desempenho de Leung até lhe rendeu o prêmio de melhor ator este ano em Cannes.

Vale notar a inventividade do diretor, que se recusa a mostrar o rosto do marido de Li-chun ou da mulher de Chow, nas poucas cenas em que aparecem (de relance). O posicionamento da câmera também merece destaque. Muitas vezes, a câmera adota o olhar de uma pessoa escondida. O espectador presencia algumas cenas vistas de longe, do fundo do corredor ou por trás de portas e objetos. O resultado é atraente. A platéia se sente como se estivesse espionando a vida alheia.

Amor à Flor Pele - Hoje, às 20h15, no Cinearte (Av. Paulista, 2073, tel. 285-3696) (Jornal da Tarde)

 

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