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"Dançando no Escuro", vencedor em Cannes, chega ao Brasil


Björk emociona em
Dançando no Escuro
(Reprodução/AE)

Com lotação esgotada, o Festival do Rio BR apresentou hoje às 21h30 a única sessão do filme Dançando no Escuro, de Lars Von Trier, Palma de Ouro em Cannes. Protagonizado pela cantora finlandesa Björk, que também levou prêmio de melhor atriz no festival, o filme foi produzido em tecnologia digital - o diretor chegou a utilizar mais de 20 câmeras em uma mesma cena. O elenco conta ainda com a maravilhosa Catherine Denéuve e Peter Stormare, de Hotel de Um Milhão de Dólares.

Dançando No Escuro encanta pelos personagens e pelo lirismo que Von Trier consegue retirar do realismo. Björk é Selma, uma imigrante da República Tcheca que vem aos Estados Unidos para conseguir uma operação para o filho. O menino sofre de uma doença degenerativa nos olhos e vai perder a visão. O mal é genético e ela já está quase cega. Selma culpa-se por ter tido a criança mesmo sabendo que o filho sofreria com a doença. Operária e pobre, ela trabalha em jornada dupla e junta dinheiro para a cirurgia do menino Gene.

A direção de Von Trier é direta, seca. Ele mantém o clima realista que impôs em Ondas do Destino e não nega sua origem do Dogma 95. Mas em Dançando No Escuro ele se torna bem poético. Selma é uma amante dos musicais de Holywood e o filme é todo permeado com os delírios musicais da personagem. No entanto, não se perde na fantasia e mantém um clima de tensão durante quase todo o tempo. Nada de exageros, a angústia vem de situações corriqueiras da vida de uma mulher que está quase cega, e esconde de todos para não perder o emprego.

Dançando no Escuro é todo rodado em digital. Em uma seqüência onde a personagem cria um musical dentro da fábrica e dança com os operários, Von Trier usa quase um plano por segundo e mescla imagens grandiosas a quadros bem fechados. A tecnologia digital permite que esse tipo de edição seja possível. Essa variação cria um ambiente que envolve o espectador. Há quem ame e quem odeie o filme, mas impossível não se sentir tocado de alguma forma.

Björk emociona com sua atuação. Não somente nos números musicais - algumas canções de A Noviça Rebelde, presentes no filme, ganharam arranjos da cantora- como no papel da operária sofrida. Inicialmente ela fora convidada para compor a trilha, mas Von Trier decidiu escalar a cantora para o papel principal. Ela teve problemas com o diretor durante as gravações por se envolver demais com a personagem. Ela não interpreta, vivencia. Catherine Deneuve, de A Bela da Tarde, de Buñuel, faz o papel da amiga protetora, que trabalha na fábrica com Selma. A atriz francesa cede o brilho da atuação à novata Björk com maestria. O filme só terá esta sessão no Festival por determinação dos exibidores, mas entra em cartaz em circuito nacional no dia 27 de outubro. (Agência Estado)

 

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