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Cannes: Crítica rejeita filme de Penélope Cruz
Filme traz a atriz espanhola como uma cozinheira baiana


"Woman on Top", estrelado por Penélope Cruz, atriz espanhola em ascensão em Hollywood, foi rejeitado pela crítica do Festival de Cannes. O filme norte-americano selecionado para a mostra paralela vende uma imagem folclórica do Brasil, colocando Penélope no papel de cozinheira baiana que viaja a San Francisco para esquecer o marido mulherengo. O marido em questão é vivido por Murilo Benício, o principal nome entre vários brasileiros no elenco.

A produção dirigida pela venezuelana Fina Torres abusa dos clichês, investindo na sensualidade da mulher brasileira, no machismo dos homens e no caráter apimentado da cozinha. Penélope descoberta em filmes espanhóis de Fernando Trueba e Pedro Almodóvar, é muito bonita pessoalmente, mas não convence no sex appeal. A passagem da atriz pelo tapete vermelho do Palácio dos Festivais, onde o filme foi projetado ontem à noite no Théâtre Claude Debussy, deixou claro que, com seus atributos físicos, Penélope está mais para "mignonne'' do que para mulherão - imagem que tenta passar no filme.

Ao chegar ao boulevard de la Croisette, Penélope comentou que tinha uma lembrança forte do local, onde desfilou no ano passado na companhia de Pedro Almodóvar e do elenco de "Tudo Sobre Minha Mãe". "Espero que Cannes me traga este ano tanta sorte como em 1999'', afirmou a atriz, que fez bem em não ter comparecido à exibição de "Woman on Top" para a imprensa - houve debandada de cerca de 50% dos espectadores ao longo da sessão.

O roteiro do filme, escrito por Vera Blasi, brasileira que vive há muitos anos fora do País, busca as piadas fáceis por meio dos estereótipos. Aposta na vagabundagem do brasileiro, a crença desmedida da população nos orixás e no guarda-roupa excessivamente colorido. Não há uma única cena em que Benício não esteja usando uma camisa estampada de flores.

Escalado para promover o filme no balneário francês, Benício disse não se sentir incomodado com a imagem que o filme vende do Brasil. "A produção é meio lúdica, mágica, surreal. O público não deve levar a sério'', contou o ator, que está em Cannes acompanhado da namorada, Carolina Ferraz. "Durante as entrevistas à imprensa estrangeira eu sempre tenho de explicar que o machismo do meu personagem é folclore'', comentou.

Toninho, personagem do ator, põe a mulher para trabalhar como escrava em seu restaurante e não admite que ela fique por cima na cama (daí o título). Isabela (Penélope) aceita tudo calada - até o dia em que pega o marido transando com outra. Ela então faz as malas, compra passagem para San Francisco, onde mora uma amiga (um travesti), e pede a Iemanjá que a ajude a esquecer Toninho, com direito a oferenda na praia e tudo mais.

Quando Isabela cozinha - sua habilidade culinária consegue colocá-la em programa de televisão nos EUA -, ela ainda carrega na pimenta vermelha. A especiaria, aliás, é o símbolo do filme. Como se esse ingrediente estivesse em todos os pratos da comida brasileira. (Agência Estado)

 

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