"O Viajante" encerra
trilogia de Paulo César Saraceni
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O Viajante é
baseado num romance inacabado de Lúcio Cardoso, organizado por Otávio
de Faria após a morte do autor. O roteiro e a direção são
de Paulo César Saraceni e a produção
encerra sua trilogia iniciada em 1962 com Porto das Caixas, seguida de
A Casa Assassinada, de 1971.
O filme conta o destino de
três seres humanos que, em vias de desespero, chegam aos limites da paixão. Rafael (Jairo Mattos), o viajante,
participa de uma festa da padroeira de uma
 Marília Pêra e Jairo Mattos: o ator também está em Mário, de Hermanno Pena |
pequena cidade do interior de Minas
Gerais. É ele quem desperta paixão em Don'Ana de Lara (Marília Pêra), a viúva rica e orgulhosa
de seus poderes e também em Sinhá (Leandra Leal), menina bela e inocente. Ambas
vão disputar seu amor, cada uma à sua forma.
Ana Lara é uma mulher de meia idade atraente, mas que guarda rancores do passado pela morte do marido, e pelo nascimento do filho com problemas mentais. Sua paixão pelo viajante é tão intensa que ela aposta tudo numa relação gerada em seu inconsciente, chegando a tomar atitudes insanas.
Sinhá já representa a docura e ingenuidade da juventude. Ela chega à cidade para morar com a tia, mas o marido desta apaixona-se pela garota, impedindo-a de investir na relação com o viajante, que a quer a qualquer preço.
A trama se intensifica com mortes e assassinatos, gerados pelo desespero de gerada pela paixão. A obra fecha o círculo
do que o próprio Saraceni chama de "Trilogia da Paixão".
 O cinesta Paulo César Saraceni |
A trilha sonora é um dos grandes pontos a favor do filme.
Tom Jobim, antes de morrer, deixou pronta uma de suas obras, composta especialmente para "O Viajante".
O filho, Paulo Jobim, foi quem encontrou nos guardados de Tom a partitura e a letra de "Maria é dia", que no filme recebeu tratamento orquestral do próprio Paulo Jobim e Sérgio Guilherme Saraceni.
Milton Nascimento e Daniel Jobim, neto de Tom, que também está ao piano, são os intérpretes da maioria das composições.
Ao lado de Milton, outro expoente da música brasileira participa do filme que Paulo Cezar Saraceni sonhava em realizar há quase 20 anos: Fernando Brant, autor da letra para um tema composto pelo maestro Túlio Mourão.
O mineiro Túlio Mourão é quem assina a trilha sonora do filme, com base em sua pesquisa de cantos religiosos e de festejos populares do interior de Minas, com a colaboração do Coro e Orquestra da FIEMG, na cantoria de congadas e folias.
Ary Barroso, nascido em Ubá (MG), cidade em que foi rodado o filme, foi um dos homenageados.(Luciana Rocha)
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