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Google aponta 'avanço histórico' de IA, mas especialistas questionam impacto real

Modelo Gemini 2.5 resolve problema considerado insolúvel em competição no Azerbaijão e reacende debate sobre inteligência artificial geral

17 set 2025 - 19h10
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A DeepMind, divisão de IA do Google, afirmou na quarta-feira, 17, ter alcançado um avanço "histórico" na inteligência artificial (IA). O modelo Gemini 2.5 da empresa foi o primeiro sistema de IA a conquistar uma medalha de ouro em uma competição internacional de programação, após resolver em menos de meia hora um problema que confundiu todos os participantes humanos.

O feito ocorreu durante a International Collegiate Programming Contest (ICPC), realizada no início do mês em Baku, no Azerbaijão, e colocou o Gemini 2.5 no segundo lugar geral entre 139 equipes de estudantes de elite de universidades da Rússia, China e Japão.

Modelo Gemini 2.5 resolve problema considerado insolúvel e conquista medalha de ouro em torneio mundial
Modelo Gemini 2.5 resolve problema considerado insolúvel e conquista medalha de ouro em torneio mundial
Foto: Alice Labate/Estadão / Estadão

O desafio proposto exigia distribuir um líquido por uma rede de dutos interconectados de forma a abastecer reservatórios no menor tempo possível. Segundo a organização, nenhuma equipe humana conseguiu apresentar uma solução correta.

Para a DeepMind, trata-se de um marco comparável a dois momentos históricos da inteligência artificial: em 1997, quando o supercomputador Deep Blue, da IBM, derrotou o então campeão mundial de xadrez Garry Kasparov, e em 2016, quando o programa AlphaGo, também da DeepMind, venceu o sul-coreano Lee Sedol em uma partida de Go, jogo considerado ainda mais complexo que o xadrez por exigir intuição e estratégia diante de um número quase infinito de possibilidades. Em comunicado, a companhia descreveu o feito como "um salto profundo na resolução abstrata de problemas".

Ao jornal The Guardian, Quoc Le, vice-presidente do Google DeepMind, reforçou a dimensão da conquista ao classificá-la como "um momento equivalente ao Deep Blue para o xadrez e ao AlphaGo para o Go". Para ele, a diferença está no impacto mais direto sobre aplicações práticas. "Esse avanço tem o potencial de transformar disciplinas como o design de medicamentos e de chips", afirmou.

O Gemini 2.5 é uma IA de uso geral, mas recebeu treinamento adicional em áreas de raciocínio matemático e programação. Segundo a empresa, sua performance equivale à de um dos 20 melhores programadores do mundo.

Ainda assim, o sistema falhou em duas das 12 tarefas da competição. Apesar disso, seu desempenho global garantiu o pódio, à frente de alguma das principais universidades em ciência da computação.

Apesar da celebração da DeepMind, especialistas questionaram a magnitude do feito. Stuart Russell, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, afirmou em entrevista ao The Guardian que as alegações de importância histórica parecem exageradas.

Ele destacou que sistemas de IA já vinham se saindo bem em tarefas de programação há algum tempo e que o avanço do Deep Blue no xadrez "não teve praticamente nenhum impacto no mundo real da IA aplicada".

Michael Wooldridge, professor da Universidade de Oxford, também expressou cautela. Embora tenha reconhecido o desempenho impressionante do modelo, ele questionou a quantidade de poder computacional necessário para alcançar tal resultado.

O Google não divulgou detalhes sobre a capacidade computacional exigida, mas confirmou que a versão leve do Gemini 2.5 Deep Think está disponível em seu serviço Google AI Ultra, com assinatura de US$ 250 por mês. Wooldridge ressaltou que, embora o feito seja empolgante, o alto custo computacional pode limitar o uso prático do modelo fora de ambientes especializados.

Estadão
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