Enquanto metade do planeta sonha em se aposentar, no Japão acontece o contrário: há idosos de 100 anos que só querem trabalhar
Em um país onde os idosos já superam de longe os jovens, esses casos oferecem algo a se pensar
Ao longo de 2025, o Japão vem revelando situações que denunciam a gravidade do envelhecimento de sua população. De fato, a necessidade de muitos idosos de continuar trabalhando após a aposentadoria transformou o "aluguel" de avós em um novo símbolo dos tempos. O mesmo ocorre com muitas profissões que correm o risco de desaparecer por falta de mão de obra jovem.
Mas também há outro lado: o de chegar aos 100 anos e comemorar isso com trabalho.
Foi o que contou o New York Times no fim de semana. O Japão, país com a população centenária mais numerosa do mundo, vive um verdadeiro paradoxo demográfico: enquanto sua taxa de natalidade despenca e a proporção de jovens diminui, uma geração de idosos extraordinariamente longeva desafia a aposentadoria.
Mais de 100 mil pessoas já ultrapassaram os cem anos e, entre elas, há um fio condutor que vai além da genética ou da dieta: o trabalho como razão de ser. Em um país onde o senso de dever e a disciplina permeiam a vida cotidiana, esses centenários não veem a velhice como um retiro, mas como a continuação natural de uma existência útil. Sua longevidade, dizem, nasce do equilíbrio entre corpo ativo, mente ocupada e um propósito que não se apaga.
O mecânico que não fecha
Um dos casos mais emblemáticos tem 103 anos. Seiichi Ishii continua consertando bicicletas no mesmo bairro de Tóquio onde começou como aprendiz ainda criança. Sua figura curvada sob um macacão azul comprido demais resume uma ética: a do artesão que não se mede pela ...
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